A. J. de O. Monteiro
Resolvidos todos
os trâmites legais junto à Justiça Eleitoral, o Mago Manu passou a dedicar-se à
campanha. Elaborou o roteiro, a metodologia de arrecadação de fundos, listando
todos os potenciais doadores, identificou lideranças comunitárias para
promover encontros e reuniões e elaborou um cronograma de caminhadas pelo centro de
Cajuína e nos seus principais bairros, além de visitas aos mercados públicos e
feiras livres da Cidade. O corpo a corpo, o olho no olho e mão na mão eram
nossas melhores opções de abordagem de eleitores devido à escassez de recursos.
Para todas essas atividades contávamos com os
dois veículos cedidos por Erosdito Pau d’Arco e com 200 litros de gasolina por
semana ofertados por Jaconias Bardo.
Na primeira
reunião com o “staff” de campanha, o Mago apresentou então, o tesoureiro da
campanha, o Sr. Pedro Branco, apontador de jogo de bicho, mas com larga
experiência em arrecadação de fundos de campanha, o qual foi logo se impondo:
“Precisamos, de pronto, organizar as contas com a criação dos caixas 1 e 2”.
Senti um frio na barriga. Esse sujeito vai me meter em camisa de onze varas,
pensei. Mas não vou questionar o Mago.
Dando
sequência à reunião o Mago fez uma explanação detalhada da cronologia e dos
roteiros, distribuindo tarefas para cada um dos colaboradores e detalhando a postura
pública do candidato, ou seja, eu. Tentei dar algumas opiniões e alterar
algumas atividades em favor de minhas obrigações pessoais e familiares, mas o
Mago reagiu com um soco na mesa e a pergunta: “Quer ganhar a eleição, ou não?”