sexta-feira, 28 de setembro de 2012

COMPASSO DE ESPERA


Isaias Coelho Marques

Meu amor,
não demore tanto
- nem tão pouco –
ao ponto da espera transformar-se
Em triste olor.

Passados os dias
e as horas brancas e vazias,
não espere que esse perfume
dure eternidades.

Não faça pouco caso,
nem chegue depois.
Saiba ouvir a voz do momento exato.

Não demore tanto
- nem tão pouco.

Aprendido isso,
terá, para sempre,
meu humilde encanto.

ANARQUISTA, EU?



Poncion Rodrigues

Eu que não sou de pensar, resolvi pensar agora.
Por que cada eleitor não joga seu título fora?
Imaginem em cada rosto, a alegria estampada, se na hora do imposto nenhum de nós pagar nada...
E a canalhice coitada, instalada no planalto, vai ficar sem combustível para promover seus assaltos!
É de partir corações olhar para os desvalidos...
...órfãos injustiçados dos saudosos mensalões...
Quem meu Deus, há de cuidar dos nossos pobres ladrões?
Mas se a justiça exige que nós temos que votar, pela justiça velo eu, tu também velas!Vamos votar nas putas e não mais nos filhos delas! Pois não honraram suas mães, essa cambada de felas!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A IMBECILIDADE HUMANA




Manoel Emílio Burlamarque de Oliveira


      Quero confessar, aqui, que, em todos os professores que tive, em todos os contistas de fábulas que conheço, em todas as aventuras maravilhosas com que sonhei, em toda a Mitologia Grega que me encantou, em toda a matemática, a história, em toda a geografia que aprendi, do Brasil e do mundo, e no grande amor que tenho por meu Brasil, a presença de Monteiro Lobato sempre é uma constante, como fonte principal de minha formação moral, ética, e de cidadão, desde minha infância/juventude, escritor genial que, sempre, foi meu candidato ao Premio Nobel de Literatura.     
     Agora, sua obra está sendo julgada, no STF, acusado, ele, de racista! E por quê? Por haver tido a ousadia, de incluir, no meio de princesas, piratas, aventureiros, bem como de personagens do nosso folklore, junta a Dona Benta, ao Pedrinho, à Narizinho, à Emília, ao Visconde de Sabugosa, e a outras admiráveis criações suas, uma negra, livre, bondosa, cozinheira de quitutes que me enchiam a boca d’água, digna, cujo amor ao próximo transbordava em seu coração, onde não cabiam maldades, nem maledicências, adorada pelos "sobrinhos" do mundo inteiro - a Tia Nastácia. Ah! quem dera que meus netos queridos, todos eles, tivessem a ventura que tive, de ler as obras de Lobato!       
    Ah!, quem dera, que os detratores de Lobato, imbecis travestidos de defensores da liberdade, e da igualdade, dos que lutam contra o preconceito racial, fossem, todos, pra puta que pariu!


sábado, 22 de setembro de 2012

NEGÓCIO FECHADO



Isaias Coelho Marques

Ah, essa frieza
Dos homens de negócio!

Meu Deus!
Eles nem desconfiam
Que a grande cartada é
Nunca ter fechado nada.

MATADORES



Poncion Rodrigues

                Nós todos matávamos sempre e matávamos muito. No processo infame do aprendizado começamos a matar nos limites dos nossos quintais. Ampliamos a atuação do hobby vil para as ruas vizinhas. Mais tarde, lá estávamos nós nos deleitando na selvageria assassina, pela cidade e seu entorno além de sítios e fazendas de nossos pais e dos amigos destes.  Era gostoso assistir ao martírio das vítimas baleadas, nos estertores hemorrágicos que precediam o mistério da morte; a magia dos olhinhos suplicantes na fustigante interrogação do por que. Era gostoso ser matador; gerava prestígio e autoestima.
                Pessoalmente matei centenas, talvez muitas dezenas de centenas. Matava quase que qualquer vida que se movesse na terra ou voasse no céu, que não fosse gente ou avião. Carambolos, tijubinas, camaleões tiuís. Coitados! Pobres rolinhas, pipiras, juritis, bem-te-vis, os bobíssimos anuns e até beija-flores. Esses últimos tinham ainda os corações arrancados e engolidos, ainda pulsando. Os anjos da morte andavam à solta. Tratava-se do famigerado Poncion Neto e seus cruéis companheiros, equipados com baladeiras, espingardas de pressão e os muito mortíferos rifles de calibre 22, com munição de venda livre e abundante nas lojas do ramo.
                Envergonhado, confesso que já adulto e com rudimentos da consciência ecológica começando a fustigar-me alma, crivei de balas um casal de camaleões que se alimentavam pacificamente de folhas e frutos silvestres. Em madrugada de sono difícil o sentimento de culpa me fez sofrer com raiva e pena de mim mesmo, protagonista da barbárie contra aqueles inocentes. Hoje quero pedir perdão a Deus, quero pedir perdão às minhas vítimas e quero, o mais difícil, pedir perdão Amim.
                O que pensarão de si próprios aqueles que se comprazem em matar gente? Em que tipo de êxtase flutua a lama de mister Bush, o genocida do Iraque, ou de Osama Bin Laden o raivoso psicopata do Al-Kaeda? Sabe Deus. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

CAÇADA A LOBATO



A. J. de O. Monteiro

                Corre no Supremo Tribunal Federal, ação promovida por movimentos de afirmação da raça negra que objetiva retirar da cesta de livros paradidáticos oferecida pelo MEC às escolas públicas o livro de autoria de Monteiro Lobato “AS CAÇADAS DE PEDRINHO”, alegando-se a presença de elementos racistas naquela obra. A questão virou mote entre intelectuais de todas as vertentes que vêm publicando artigos e ensaios em jornais, revistas e em sites da web. Li alguns deles (3 ou 4). Todos bem embasados sob óticas diversas: da História e à Antropologia, da Sociologia à Ciência Política. Desses que li, todos afirmam ver conotações racistas na obra e citam a expressão “macaca de carvão” usado pelo autor em uma passagem da narrativa para referir-se ao personagem “Tia Nastácia” – Uma senhora negra, cozinheira e faz-tudo do sítio ou seja, um estereótipo da negra brasileira. Não há, portanto, como não se enxergar racismo na expressão.
                Li uma boa parte da coleção de Lobato onde narra as aventuras da turma do “Sítio do Pica Pau Amarelo”, ainda muito novo, entre a infância e a adolescência e já não me lembrava dessa ou de quaisquer outras colocações do mesmo teor. Corri à estante onde temos a coleção completa das aventuras da boneca Emília e sua exótica turma imaginada por Lobato. Pincei o volume 3 – “AS CAÇADAS DE PEDRINHO/HANS STADEN” e comecei a ler, ou melhor, reler. É verdade, lá encontrei a expressão citada por todos os analistas e várias outras que, se ditas ou escritas hoje em referência a uma pessoa da raça negra fatalmente levará o autor a ter problemas com a lei e causar indignação na sociedade. Vez por outra a imprensa noticia fatos dessa natureza. Transcrevo, a seguir, algumas dessas frases e expressões:

terça-feira, 18 de setembro de 2012

"PATIENTIA QUAE SERA TAMEM"



Manoel Andante


Caríssimos amigos, e amigas, do Facebook:
            Havia jurado que só voltaria ao Face após as eleições. Entretanto, vez por outra, ouvindo a propaganda eleitoral (quando me pegavam desprevenido...) e as entrevistas e debates dos excelentíssimos candidatos (idem), dei-me conta do quanto ignorava de minha querida Teresina que passei a ser um indefectível telespectador de tais programas; a surpresa foi tão...grande que, para compensar minha antiga arrelia por aqueles discursadores, apressei-me a aconselhar a vosminceis que não se abstenham de frequentar essa verdadeira escolinha do comportamento humano, do conhecimento histórico, do roteiro turístico, de minha terra natal! Senão, vejamos o que já aprendi, até agora:         
           Tudo o que falta à nossa cidade para sermos felizes – educação, saúde, segurança, esporte, refrigérios, transporte coletivo, ruas, avenidas, pontes, viadutos, praças, calçadas, calçadões, estacionamento,etc., etc., coisas que, tenho a certeza, que nunca passaram em nossas cabeças...                                   
              Quem e quais foram os irresponsáveis (autoridades dos 3 poderes, eleitas, nomeadas ou inatas, partidos políticos), que nada, ou pouco, fizeram pelo povo, alem de nos enganar( vcs. também, não sabiam disso...) mas, em compensação, empregaram toda a família, (menos os animais domésticos), amigos, e cabos eleitorais;         
             Quem mais traiu uns aos outros, quem mais destraiu, quem tem vergonha de mostrar quem os apoia, e por que o fazem...          Quem fala com Deus, Quem pensa que é Deus, quem não acredita em Deus (credo, tem de um tudo!).
               E, o melhor,é que, mesmo assim, não temos problemas, pois as soluções eles já as conhecem todas – possíveis, impossíveis, reais, imaginárias, que, mesmo parecendo absurdas e inacreditáveis, serão executadas em 4 anos!
Será que eles se acham?...
“Patientia quae sera tamem”

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

IMPOTÊNCIA? GONZAGÃO TEM A SOLUÇÃO



Prof. Wilson Seraine, por Moisés Rêgo

Por Wilson Seraine


                 Um dos males históricos que afligem o homem é, sem dúvida alguma, a impotência sexual. Naquela hora em que o cabra tem que mostrar que é macho e aí o dito cujo entra de férias, a situação se torna, no mínimo, constrangedora, desagradável, vergonhosa, chata; em fim, sentimentos que sempre estão associados com a famosa frase: isto nunca aconteceu comigo.
Quando a idade chega, aí é que o problema potencializa. Mas o nosso velho mestre Lua nos dá uma receita para o problema. A música OVO DE CODORNA, de 1971, é um bom exemplo da atualidade das letras das músicas cantadas por Gonzagão.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ENGORDA E ABATE



 A. J. de O. Monteiro


            Lembram do Papainha? Aquele do “voto secreto”? Claro que sim, o personagem mais animado e galhofeiro que o bar da Miúda já conheceu. Pois bem, um outro “causo” contado por ele nas nossas reuniões sabatinas, envolve, também, a figura de “seu” Doca.
            Contava ele (Papainha), que “seu” Doca era tido e havido como o maior conhecedor de gado bovino da região das Inhumas, sendo dotado de um olhar clínico capaz de classificar os animais sem ajuda de qualquer técnica veterinária. Segundo nosso contador de “causos”, “seu” Doca, quando as crias de um determinado ano atingiam a idade de novilhotes (uma espécie de adolescência dos bovinos), ordenava aos vaqueiros reuni-las no curral, montava seu cavalo e passeava entre eles, olhando, analisando sem nada falar. Depois de algum tempo, sentenciava:  “Separa aqueles dois ali para a reprodução. Os demais pode capar para engorda e abate”. Nunca falhava.
            Muito tempo depois, “seu” doca, já falecido, era assunto de uma dessas reuniões familiares que ocorriam nos terreiros das casas, à luz do luar. Cada um lembrava uma passagem de “seu” Doca e, obviamente, essa da classificação do novilhotes entrou na pauta e o Papainha não perdeu o mote, saindo-se com esta: - “A sorte de vocês, queridos irmãos, é que papai não usava essa habilidade para classificar os filhos, pois senão  teria sido eu escolhido para dar prosseguimento à linhagem dos “de Deus Nogueira” e vocês teriam ido para a engorda, só para a engorda... Sorte de vocês...”. Todos protestaram mas ele, irreverente, soltou sua inconfundível gargalhada acompanhada de seu gesto característico batendo a palma de uma das mãos contra a outra fechada – top, top, top.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A ROSA DAS DESILUSÕES



Isaias Coelho Marques

Depois das escaramuças da paixão,
quão deserto e sôfrego
ficou o pobre coração.

Desenganos, escárnios e voragens
de glutão insaciável.

Desvairado,
lançou-se à morte.

O que restou
foi esta triste flor,
aberta em carne e sangue.

SINAIS




Poncion Rodrigues

                São abundantes os sinais disseminados por todo o planeta. Provas científicas evidenciam que está em curso o fim da nossa civilização, corroborando as profecias presentes em todas as religiões, quaisquer que sejam as divindades que as norteiem. Ao mesmo tempo, a cosmologia, a geologia, as ciências sociais, e não somente os discursos místicos, nos informam com eloquente e perturbadora lógica da proximidade do nosso ocaso.
                No calendário dos Maias, povo pré-colombiano estudioso do tempo, estão sinalizadas muitas das importantes ocorrências que iriam acontecer e que de fato aconteceram após do seu povo, trucidado pelos conquistadores espanhóis.
                Com antecedências e acertos superiores aos de nossos equipados meteorologistas de hoje, deixaram inúmeros registros de previsões astronômicas. Ali consta ainda que tudo terminará em data certa: 21 de dezembro de 2012.
                Convém reforçar que o chamado calendário Maia não é um documento de orientação religiosa e sim um mapa que já conquistou credibilidade em razão de seus acertos anteriores

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DEMOCRACIA. O QUE É ISSO MEUS CAMARADAS?




A. J. de O. Monteiro


            O conceito de democracia, como sabemos, foi formulado na Grécia antiga, mais precisamente em Atenas, onde o “povo” se reunia em praças para deliberar sobre ações de governo em prol do “povo” e do estado como um todo. É possível então inferir que democracia é o governo do povo, ou seja, é o regime político onde o povo discute suas demandas, delibera e o governo executa conforme o mandamus popular, certo? Não! Pois o direito votar, naquela sociedade, era dado apenas aos cidadãos atenienses (filhos e netos de atenienses), excluindo-se as mulheres, os mestiços e os escravos. Como se vê, o berço da democracia embalou uma mentira.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

SEPARAÇÃO



Isaias Coelho Marques

Longe de mim,
no outro lado da cidade,
curva-me a angústia de não tê-la.

Ruas
solidões
avenidas sem fim

Sinto
sinto tanto perdê-la
para sempre 
para nunca mais

CRIANÇAS (Do canto de ninar à inocência perdida)



Poncion Rodrigues

                Nos tempos de antigamente elas brincavam. Até de “roda”, pasmem! Naqueles tempos as crianças chegavam ao disparate de ter infância. Brincavam e rodavam nas calçadas que eram delas. Suas avós contavam histórias de fadas, princesas e cavaleiros heroicos, diante de uma plateia infantil atenta e pura.
                No nosso tempo as calçadas são perigosas. As crianças nem sabem o que é o “jogo da amarelinha”, pois os encantos da infância são proibidos. As cantigas de roda foram abolidas ao longo da instalação dos tempos modernos. O mundo raivoso que nos cerca já não permite que se pense em brincadeiras. A amargura existencial ocupa o tempo vazio dos meninos e das meninas, que irão robustecer as estatísticas terríveis de suicídios na adolescência dos filhos perdidos de ninguém.
                Agora, mais do que em qualquer época, a criatura humana maltrata as suas crianças. Elas são vilipendiadas, estupradas, vendidas, espancadas e mortas pela ação dos adultos. O perigo vem das almas cruéis de pessoas frequentemente próximas ao mundo da vítima inocente, muitas vezes partícipes do seu universo doméstico.
                No Brasil, o estupro de crianças foi, até bem pouco tempo, tratado como “atentado violento ao pudor”. Ocorreram mudanças mas, ainda assim, se o agressor for menor de idade, será apenado, mesmo com homicídio associado, com punição que se constitui em severos aconselhamentos e pena de detenção de no máximo três anos em confortáveis estabelecimentos, onde a lei não permite que seja tratado de forma ríspida e contará com a atenção e o carinho de psicólogos e educadores, em encontros sistemáticos que não poderão coincidir com seus horários de lazer. Indivíduos como o tal “Champinha”, estuprador e assassino de um casal de adolescente, cumpre desumana pena de detenção prevista para três anos em hospedaria que lhe tem dado confortos que nunca sonhou em habitat rural de fome e de doenças próprias da sua imundice corporal.
                As nossas crianças enfim, além de terem roubadas suas infâncias, por imposição dos novos tempos, tem assistido aos seus algozes serem assistidos com carinho por leis que, inexplicavelmente, não serão alteradas por homens e mulheres, os quais têm o poder constitucional de promover as necessárias mudanças mas parecem habitar outro planeta. Choremos por tudo isso