Manoel Emílio Burlamarqui de Oliveira
Sempre me pareceu quase impossível
planejar o desenvolvimento. Relativamente fácil é planejar a economia, a saúde,
a educação, etc, desde que sejam conhecidos objetivos, metas e recursos disponíveis.
Mas, esse planejamento setorial pouco tem a ver com o desenvolvimento, pelo
menos, como eu penso.
Tenho o desenvolvimento como um
espaço compreendido entre o nascimento e a morte de qualquer coisa, seja uma de
uma ideia, de um projeto, ou de um ser, animado ou não. Penso o desenvolvimento
como sobrevivência do homem na terra, como continuidade de sua existência em um
universo do qual faz parte.
E, pensá-lo assim, torna-se-me muito
doloroso, pois aquilo em que foi transformado, meio de dominação e não
preservação, é, apenas, uma arma para a manutenção do poder em mãos de poucos.
O poder nunca se preocupou com o
Homem, com pensar o mundo. Deixou essa tarefa para os “filósofos”,
estigmatizados e afastados dos simples mortais, como teóricos, utópicos,
criaturas inteligentes mas, muito chatas... No entanto, sempre utilizou seus
ensinamentos, para deturpá-los e distorcê-los em causa própria. Pelo que
parece, todos eles foram considerados subversivos, até Aristóteles, depois de
ajudar Alexandre a dominar o mundo.
Mas alguma cousa está mudando... Com
o salto no mundo da comunicação, a Aldeia Global materializou-se. Compreende,
hoje, que o projetado em qualquer parte do mundo, atinge o mundo todo. O
desenvolvimento não se faz em ilhas, não elege regiões, não privilegia povos.
Não há, mais, o que esconder, O REI ESTÁ NU! A Aldeia Global dá início ao seu
clamor por solidariedade e fraternidade, participação, até subversão (dos
seguidores do Buda, de Jesus, do Mahatma, de Mandela...), quer a humanização do
poder.
Continuarão, sem dúvida, os planos
setoriais, a se multiplicarem insuportavelmente, seguindo os seus fracassos,
uma vez que não visam, ou não veem o amanhã, no seu imediatismo
descompromissado. O poder, ao pensar só o poder, atrasa o desenvolvimento, se
não o destrói. O choque entre poder e desenvolvimento é o dilema atual: O
Apocalipse está aproximando-se, ou a humanidade continuará sobrevivendo?
Fez-se a luz no final do túnel!
Descubro o papel dos planejadores do desenvolvimento, dos planejadores da
conservação da vida:planejar a organização dos que clamam por um poder
humanizado, para que transformem o Poder-dominação, em Poder-libertação!
Talvez, o que escrevi acima
sejam bobagens de um “caducante”. Se as publico, é que foi o meio, escolhido
por mim, para expressar a minha admiração e o meu respeito por um querido e
velho amigo, que me propiciou o distinguir o sério do caricato. Pensador e
Mestre, ousou pensar o Mundo para chegar ao Piauí. E, ousou propor à Academia
Piauiense de Letras, que se tornasse palco de discussões de ideias novas. O meu
abraço, caríssimo professor Raimundo Nonato Monteiro de Santana, pioneiro do
planejamento no meu Piauí.