quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

BOA NOITE, “SEO” BARBOSA!



A. J. de O. Monteiro
               
                    Aos primeiros acordes d’O GUARANY, começávamos sair de casa rumo à esquina mal iluminada por uma lâmpada incandescente pendurada em um poste do IAEE (distribuidora, à época, da oscilante energia da Capital). A esquina é formada pela confluência da Av. Campos Sales com a R. 24 de Janeiro. Ali, todas as noites a nossa turma de esquina se reunia para conversar, brincar e, às vezes, brigar. Brigas de moleques amigos que não traziam consequência que se vê hoje, nas brigas de gangues.
                Na R. 24 de Janeiro, duas ou três casas, a contar da esquina, morava “Seo” Barbosa. Viúvo, velhinho (tinha eu a impressão que ele havia nascido daquele jeito). Era uma casa simples, com uma porta e uma janela (naquele estilo "capelinha"), com as paredes em tijolo aparente, não por um recurso arquitetônico mas, sim, por falta de recursos econômicos para o reboco e a pintura. “Seo” Barbosa vivia da pequena aposentadoria de um instituto qualquer e do minguado salário de sua filha – professora e também viúva – que com ele morava juntamente com o filho único, que atendia pelo apelido de “suçuarana” (não me perguntem porque).
                Naquele mesmo horário, a Professora saia para seu 3º turno de aulas no grupo escolar municipal, a um quarteirão dali, na Av. Campos Sales. Despedia-se do pai, sentado à porta da casa, e, ao passar por nós, na esquina, fazia, sempre,  a mesma recomendação ao “suçuarana”: - “Você e seus amigos, prestem atenção no papai; não se afastem...”. E nós ficávamos ali em nossas confabulações de reformadores do mundo... Quando batia a sede, ou alguma necessidade premia, corríamos à casinha, cuja porta ficava sempre aberta, passávamos pelo corredor com quatro portas que davam acesso à sala de visitas, aos quartos, à cozinha – onde ficava a bilheira com os potes d’água e alguns copos de alumínio, esmeradamente areados e, em seguida, o banheiro. Não havia comunicação interna entre os cômodos. Toda movimentação era feita pelo corredor.
                Numa dessas noites, atraídos por algum fato novo do qual não recordo, afastamos-nos da esquina e demoramos um pouco a retornar. Ao voltarmos, ouvimos a Professora falando alto com “Seo” Barbosa. Estava quase aos prantos: - “O que houve, papai, levaram tudo; o rádio, roupas, “trens” da cozinha, mantimentos... Quem entrou aqui? O Sr. não viu nada...? O velhinho, calmamente, respondeu: - "Ah, minha filha, entrou um rapaz muito simpático e educado... Bem diferente desses amigos de seu filho que entram e saem daqui sem nem mesmo olharem pra mim... Esse rapaz me deu boa noite ao entrar e ao sair despediu-se educadamente. Desejei-lhe boa viagem e ele se foi". – “Boa viagem por quê”? -“Ora”- respondeu ele: - “O coitado ia viajar... Carregava uma enorme mala e duas sacolas grandes. Recomendei-lhe pedir ajuda aos meninos, mas ele educadamente agradeceu e subiu a rua...”

FILHOS DE LADRÕES NÃO SÃO LADRÕES! OU, "CAUSOS DE ANTANHO”.

Manoel Andante
                Ontem, tive a alegria de encontrar um amigo que, há algum tempo, não o via. E matei minha curiosidade ao perguntar-lhe qual de nós era o mais idoso... Por que tal vontade de saber nossa idade? Explicar-lhes-ei: início dos anos 30 houve uma troca de favores entre nossos pais, penso que única no mundo que conheço, para que realizassem o sonho de casarem com o amor de suas vidas. Nossas mães pertenciam a círculos sociais da elite teresinense, àquela época, de difícil acesso por quem não fossem, deles, originários, caso dos dois sonhadores. Os sonhos pareciam, como que, in...atingíveis... Mas, meu pai deu um jeito, "roubando'" minha mãe, e com ela se casando, mesmo à revelia de sua família, com o auxilio de quem?, do pai do meu amigo!
                O imenso favor foi pago na mesma moeda: não durou muito tempo, e o seu amigo, possivelmente, encorajado com tamanha ousadia, repetiu o feito, com a sua pretendida, com a ajuda do primeiro "roubador", ambos já experientes no assunto... E, viveram felizes para sempre!
                Hoje, ao contar essa história, estou com 80 anos e meu amigo, como mandava a lei de antigamente, com 77!
                Nossos pais, no Céu, compartilham conosco as orações, diárias, do Pai Nosso e da Ave Maria.

Comentário do autor: “Tambem tenho meus momentos de pieguice...”.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O CAUSO DA ONÇA SORTUDA.




Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                
              Viveu, em Floriano, linda e próspera cidade do Piauí, um velho “coronel”, um de seus habitantes mais ricos e possuidor de milhares de hectares de terra, que, como um “Tio Patinhas”, não gostava de gastar, nem consigo próprio, quanto mais com os outros...
                Um belo dia (esse chavão nos pertence, contadores de causos), aparece em sua residência, onde o piso era de tijolos, e nem geladeira existia, um de seus vaqueiros (tinha tanto gado, criado solto, que não havia quem contasse), com um pedido inusitado: - “Coronel, tem uma onça, andando por minhas bandas, que, de vez em quando, come uma rês, e eu queria matar aquela bicha, que tá mexendo com seu gado”. O homem velho levantou-se de sua rede, foi ao seu quarto (enorme) e voltou, com uma caixinha, cheia de espoletas (pra “lazarinas”, que naquele tempo, já eram guardadas como antiguidades, lembram-se?), e, entregando-a para o vaqueiro, de gibão surrado (casaco de couro, usado pelo vaqueiro nordestino para andar no mato, envelhecido pelo uso) instruiu-lhe: - “vá, meu fio, e faça o serviço com a maldita, e traga o couro.”
                “Mas coroné, eu quero que vosmincê me dê é uma arma, eu nem possuo espingarda”. Espantado, retrucou o Coronel, que só de dinheiro a juros, emprestado na Praça, tinha mais de dez mil contos. -“Cabôco, tu vem aqui me pedir que gaste dinheiro?” “Tu num te enxerga não?” E, pensando, com a mão no queixo, filosofou: -“Me devolve as espoletas, deixa essa onça pra lá, que ela fica véia...”
                E, assim foi feito. Coronel e onça morreram de velhos, acho que a onça depois do coronel. Ele, de avareza, ela, por essa mesma avareza... Vôte!

(Do livro "De Corpo Inteiro")

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

NÃO DESAPAREÇAS.



Isaias Coelho Marques

Faz uma candura.
Peguei-te no contrapé.
Ainda não eras assim tão dura.
Para ti, não havia mais maré,
Estavas no rés do chão.
Vê como és, tão impura?

Por favor, nunca esqueças:
Estavas no rés do chão,
e essa foi tua única mão.

Por favor, não me esqueças
E, mesmo se assim for,
Não desapareças. 

domingo, 8 de dezembro de 2013

HISTÓRIA CONVENIENTE.


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                Sei não... Mas me parece que estão querendo uma revanche contra o Golpe de 64, com a tal "Comissão da Verdade", iniciando, às vésperas de 2014 (ano eleitoral) umas espécies de "caça às bruxas", até por quem já foi bruxa, tempos atrás. Falam em historiar, de verdade, o que aconteceu no nefando período da ditadura militar. menosprezando, salvo melhor juízo, a nossa história, de 1500 a 1964, e autores como Hélio Silva, Thomas Skidimore, Elio Gaspari, como livros tipo "Brasil Nunca Mais", "Brasil, um século de Transformações" que já fazem parte de nossa história. `. Entretanto, a História do Brasil, desde a visita dos Pedros (Álvares Cabral e Vaz de Caminha), que começa com a "descoberta" e, até hoje, é distorcida, ao bel-prazer de nossos Ministérios da Educação, e ninguém diz nada...
                A última novidade: o líder do PT vai "descassar" o mestre Celso Barros, que se orgulha de sua cassação por não ter baixado o pescoço para os militares e líderes civis golpistas da época. E, uma que eu não sabia, assegurada por um ilustre jurista em recente programa de tv (Cintia Lages): A direita brasileira nunca venceu uma eleição majoritária no país!
                E, eu, ignorantemente, pensava o contrário! Vôte!!!

Observação do “Tia Corina”: É possível que mais adiante tenhamos uma “Comissão da Verdade II”, com o subtítulo: “Meia volta, volver!!!”.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pérolas da Tia Corina

“Quando Galileu Galilei afirmou que a Terra girava, os bêbados já sabiam.”
(de um e-mail que recebi) 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PORTO SEGURO



Isaias Coelho Marques

Quem me espera,
não nessa,
em outra esfera,
com olhos radiantes
sorriso confiante.

Quem ainda me espera?
Naquela amizade
de criança
no amor incondicional
adolescente.

Eu, invadido pela
dúvida eterna,
longe da mocidade.
Quem, quem espera
o sozinho na eternidade? 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ESPIONAGENS, DIREITOS AUTORAIS E OUTRAS MAZELAS.


A. J. de O. Monteiro
                O “Brogue da Tia Corina”, foi estruturado no modelo mais simples oferecido pelo “blogspot”, por isso, para deixar o “Brogue” mais atraente, utilizava ilustrações obtidas no “google” e que tivessem alguma relação com os textos postados (artigos, crônicas, “causos” poesias, etc.). Imaginava que as fotos e imagens fossem de domínio público, pois não havia qualquer alerta a respeito de direitos autorais. Mesmo assim, por recomendação, de quem conhece melhor os meandros da “Web”, postava tais ilustrações com o “URL” para registrar suas origens e/ou autorias. Estava tranquilo quanto a isso, mas, para minha surpresa, recebi, do “blogspot” um “e-mail”, do qual transcrevo alguns trechos:
O Blogger foi notificado, de acordo com os termos da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital (DMCA), de que determinado conteúdo em seu blog supostamente infringe os direitos autorais de terceiros. Como resultado, redefinimos a postagem para o status de \"rascunho\". Se não fizéssemos isso, estaríamos sujeitos a uma ação judicial de violação de direitos autorais, independentemente de seus méritos. (.......)A DMCA é uma lei de direitos autorais dos Estados Unidos que fornece diretrizes sobre a responsabilidade dos prestadores de serviços on-line em caso de violação de direitos autorais.(.......) Violações recorrentes de nossos Termos de Serviço podem resultar em ações corretivas contra sua conta do Blogger, incluindo a exclusão de seu blog e/ou o encerramento de sua conta. As notificações da DMCA relativas ao conteúdo de seu blog também podem resultar em ações contra contas do Google AdSense associadas. Caso tenha dúvidas jurídicas sobre a notificação, consulte um advogado. Atenciosamente, Equipe do Blogger URLs afetados: http://broguedatiacorina.blogspot.com/2012/09/impotencia-gonzagao-tem-solucao.html
                O conteúdo a que se refere a notificação é um arranjo de cactus que lembra um “phallus erectus”, inclusive com testículos (aqueles pequenos cactos em forma de bola. Dá para imaginar, não dá?). A imagem, como já disse, obtida no “google”, serviu para ilustrar um artigo do Prof. Wilson Seraine com o título de “IMPOTÊNCIA? GONZAGÃO TEM A SOLUÇÃO”(muito apropriado, portanto).
                Em razão disso e considerando as últimas ações do “grande irmão do Norte” no Iraque, e no Afeganistão), sem contar as ameaças à Síria, ao Irã e as escutas feitas contra Chefes de Estados aliados, como Brasil, México, França e Alemanha (a Inglaterra hoje não é aliada, é colônia) e, ainda, a violência perpetrada contra o brasileiro detido ilegalmente na capital colonial (Londres), resolvi, por precaução, remover todas as ilustrações do “Brogue” obtidas no “google”.
                Por fim, e sem nenhum ressentimento, recomendo aos zelosos (ou às zelosas) agentes da tal DMCA evitar, por descuido, é claro, sentarem-se no arranjo que serviu de modelo para a ilustração em causa.
                Em tempo: Aqui, no Nordeste do Brasil, o nome da planta é mandacaru e dá uma boa rima! Ou não dá...?

terça-feira, 19 de novembro de 2013

REFLEXÕES DE ANTESSALA


Isaias Coelho Marques

O amor sabe esperar.
A morte também e uma espera.

A sorte é questão de paciência.
Sabemos todos aguardar
a grande paixão.

Agora,
esperar o dentista
é puro desespero.

CARTA A CLÁUDIO BARROS OU, O "CAUSO" DA INTITULADA.


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira

                Meu caro Cláudio Barros, permita-me lhe contar uma história, ouvida, no Maranhão, na época em que advogava por aquelas bandas:
                Um jovem padre, recém-chegado à sua paróquia, recebeu em seu confessionário, uma jovem, aparentando possuir mais de 20anos, que queria confessar os seus pecados.
                - “casada ou solteira? Perguntou-lhe o padre.
                - Solteira.
                - Virgem?   
                - Não senhor.
                - Amigada?
                - Não senhor.
                - Meretriz?
                - Não senhor.
                - Sendeira?
                O padreco coçou a cabeça, pensou, pensou, e desistiu.
                - Afinal, minha filha, você é o que mesmo?
                - Sou uma tal de intitulada, seu padre!”
                Veja, ilustre jornalista aonde fui parar. Confessando-me de esquerda para vosmincê, numa época que julgava serem de esquerda os que fossem contra todos os tipos de capitalismo, que fossem contra o liberalismo, ainda que mascarado de “neo”, que lutassem pela justiça social, que fossem contra a corrupção e os corruptos, que tivessem a ética como a norteadora de suas posturas, que não traíssem seus ideais, etc., etc. Ledo engano! Vejo, hoje, o quanto fui ingênuo ao me auto classificar de esquerdista, enquanto os comunistas, socialistas, petistas e outros que tais seguem o seu sempre guru, Maquiavel...! Isso é ser esquerdista? Credo! Desculpa, jovem escriba, não sou, e nunca fui nada disso.
                Renego o epíteto com que fui agraciado, pois não quero ser um “intitulado”, como  a jovem pecadora. Por favor, o “velho” pode ficar, mas substitua o “esquerdista”, doravante por “utópico”, “sonhador”,... até “anarquista” eu aceito, mas acabe com aquele apelido que, atualmente, é uma simples gíria.
                Muito obrigado pela nota da bebemoração no Bar da Miúda e pelo acolhimento que der a esta missiva.
                Um abraço, Manoel Emílio – “ex-esquerdista”.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

AQUI PRÁ VOCÊS, Ó!


A. J. de O. Monteiro
               
                  No último dia 16 de março, uma das personalidades mais fascinantes que já tive oportunidade de conhecer, completou 80 anos e presenteou os amigos com seu livro “De Corpo Inteiro”, do qual acompanhei boa parte da gestação, até o parto, laborioso, é verdade, quase a “fórceps”, mas que trouxe à luz um rebento da melhor qualidade literária e com um conteúdo que vai da crítica política à narração de “causos” bem humorados com incrível naturalidade.
                O nosso Brogue da Tia Corina, em razão de obras na redação (KKKK), esteve parado por quase dois meses, período no qual, tenho certeza, ninguém notou sua ausência.
                Mas em remissão retomamos nossas atividades transcrevendo a Apresentação do livro do nosso velho amigo Manoel Emílio na qual, de pronto, nos diz da beleza de toda a obra.
“Querida família, queridos amigos:
                O que vocês vão ler são narrações de um velho viajor, do que viu, do que ouviu, do que participou, e, do que sentiu em sua longa viagem, da qual já se encontra prestes a descansar...
                São lembranças que esvoaçam em minha memória, permanentes, umas, fugidias, outras, e que procuro catá-las, para torna-las vívidas nestas simplórias estórias.
                Belas lembranças, que me deixam comovido; alegres lembranças, que me transformam em pura saudade! Nítidas, tão nítidas que me levam a pensar que estou vivendo, novamente, o meu viajar...
                Lembranças amargas, ah!, existem as amargas! Elas chegam de mansinho, como que envergonhadas, pedindo para entrar, querendo participar dos contos do viajor... Entrem, entrem, não se envergonhem, vocês, que tanto me ajudaram, que tanto me ensinaram a entender que o mundo e a vida são maravilhosos, com todos os defeitos e as qualidades que, bicho-homem, possuímos... Que fizeram ver o quanto precisava mudar (ainda preciso...), pra continuar viajando, entendendo e compreendendo os acontecidos, comigo e ao meu redor, sem me deixar parado, perdido, nas mágoas, nas desilusões, os desencontros, nos sonhos e nas esperanças, abundantes na minha e na de todos nós!
                Traquinas lembranças que agora chegam aos borbotões, desordenadas no tempo e no espaço, em flagrante desrespeito ao narrador, por sua idade, e à sua memória, constantemente, surpreendida por suas aparições sem aviso prévio... Que luta, que trabalho, para apanhá-las, como apanham borboletas, e guarda-las nessas páginas de minha estória!
                Família mui amada, velhos amigos:
                Vocês insistiram comigo que deixasse um registro de minhas memórias. Não cheguei a tanto. Porém, o canto da sereia me pegou e terminei por me apresentar, a vocês, de corpo inteiro.
                Por isso, não fiquei apenas, com minhas lembranças. Atrevi-me a avançar mais u pouquinho, falando de minha postura frente a um mundo real, a uma vida real... E, aí, mais um atrevimento, procurei temperar, com uma pitada de humor, estes relatos, tão importantes para um velho andante, que quer permanecer no coração de vocês, contando “causos” vividos, ouvidos ou imaginados, de quem nada mais tem o que fazer...
                Convido, a vocês todos, a quem tanto amo, para tomarem uma birita comigo e participarem de minha alegria por ter parido este rebento nos meus 80 anos!
                Viva a vida!”
                NR. O “Brogue” já publicou alguns artigos e “causos” do autor, antes que ele se decidisse editorar o livro, só alguns. E como a edição do livro foi limitada e destinada à amigos e familiares, com a permissão do mesmo a partir de agora postaremos outros para assim propiciar a um número maior de pessoas acesso a essa boa literatura.

                

PERGUNTO-ME E ME RESPONDO, SALVO MELHOR JUIZO...




Manoel Emílio de Oliveira Burlamaqui
             
Passados os momentos de euforia (meus), fiquei reparando que muita gente andou dando palpites sobre os dias venturosos que marcaram a pátria amada... O que queriam, mesmo, os manifestantes? quem eram eles, só estudantes? e quem eram os tais baderneiros, o que queriam, seriam, apenas, vândalos? Respostas surgiram de todos os lados, cada palpiteiro puxando brasa pra sua sardinha. Até os indefectíveis analistas (?) de plantão meteram sua colher nas discussões! Alguns diziam que a ideia dos protestos partiu da "direita", para defenestrar o governo democrático da Presidenta... outros, que o povo manifestava-se livremente graças à democracia democrática implantada por Lula e assegurada por sua substituta. Teve gente falando de que os estudantes, que queriam baixar os preços dos transportes, foram utilizados (inocentes uteis) pela oposição ao governo do PT! e por aí vai...
                E quanto à baderna, denominada, posteriormente, por gregos e troianos, como vandalismo devastador do Leblon (vôte!) Era a "esquerda", ou era a "direita" que desejava acabar com as manifestações populares, incutindo medo aos manifestantes, de serem julgados irresponsáveis? Ou era gente safada que dava tudo por um quebra-quebrazim, de vez em quando? Que nada, diziam outros, eram os bandidos dos moradores da rua, cheiradores de coca e fumadores de crack (por que será que deram esse nome, crack?) que surgiam para depredar e roubar as lojas e nada tinham com as manifestações... Desde que o homem surgiu que se diz que "o pior cego é o que não quer ver" Credo! pra mim, que nunca quis ser dono da verdade, ficaram muito claras algumas coisinhas para as quais chamo a atenção de quem me lê: 1 - Parece-me que o descontentamento dos manifestantes ficou expresso, e representou, ali, o descontentamento do brasileiro, com o transporte urbano e interurbano. Justo ou injusto? Pra mim, justo! Com a educação pública sucateada e ao baixíssimo salário dos educadores. Justo ou injusto? Pra mim, justo, uma calamidade! Com a saúde publica praticamente, abandonada ou inexistente. Justo ou injusto? Pra mim, justíssimo! Com a inexistência da Segurança Publica. Justo ou injusto? Pra mim, não precisa nem responder... Mais que justo! Com o tratamento do Meio-ambiente, com o saneamento básico. Justo ou injusto? Pra mim, justo! Com a corrupção dos três Poderes, principalmente do Legislativo e do Executivo (a do Judiciário é pouco conhecida). Justo ou injusto? Pra mim, justo, justíssimo, totalmente justo! Enfim, as manifestações foram justas ou injustas? Pergunta fundamental, pois não?, pra mim já vieram tarde, muito tarde, mas, muito justas! 2 - A quem atingiram as manifestações? aos responsáveis pela situação da nação. Quem são eles? os representantes do povo, eleitos pelo povo. para atender, em seu nome, às exigências do bem-estar social, da justiça, da ética e da moral, da dignidade humana, e da sua sobrevivência e que nada fizeram, a não ser para si próprios... 3 -E os bagunceiros, os baderneiros, os vândalos, quem eram? o que queriam? não sei, nem quero saber. Achei suas ações mixurucas, que só serviram para amedrontar a Globo e o Sérgio Cabral. Uma bostícula, que não deu pra sujar as aguas do oceano! 4 - Alguém ainda vai dizer que o culpado de tudo é o povo, que escolheu seus representantes...Mentira deslavada, não houve escolha nenhuma, votamos, obrigados (senão perdíamos nossos direitos de cidadãos) em candidatos escolhidos pelos donos dos partidos políticos do Brasil! Preciso citar seus nomes? 5 - Dizem que vão fazer a reforma política, pra acabar com eles mesmos... e eu vou acreditar! Digam outro chiste, bando de félas...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

“SE ESSA RUA, SE ESSA RUA FOSSE MINHA...”



Ricardo Cruz
                Agora no almoço conversava com colega psicólogo carioca e falávamos do espaço da rua e suas possibilidades. Lembrávamos como a rua nos ajudou no nosso brincar, esconde-esconde, pião, bola de gude, “soltando pipa”, a velha baladeira, barquinho de papel quando vinha a chuva (no Piauí demora, mas chega), jogando bola na rua que deixava suas marcas nos joelhos e ajudava a construir a nossa história. Quantas amizades não se construíram no decorrer de nossa caminhada? surgida nesse espaço de transformação onde permitia um encontro livre dos muros e grades das casas e prédios. Permitindo que o nosso imaginário fosse ampliado pelas trocas de olhares, sorrisos, duvidas vividas, vindas do nosso crescimento.
                Essa mesma rua que foi abandonada por muitos, aterrorizadas por outros, porém para muitos jovens ainda existe um desejo de resistir compreendendo a rua como espaço de sonhos, de troca, de uma nova sociedade humana e igualitária. Essa mesma rua que a mídia ajuda a destruir, associando a miséria e ao caos colocando-a como local de perigo tendo em vista que as nossas relações, o individualismo, as desigualdades o nosso modo de viver é que tem trazido tanto sofrimento.
                Que sociedade estamos sonhando, lutando e construindo onde os nossos jovens tem se distanciado dos espaços de encontro, espero que possamos resistir para podermos permitir dias melhores para a MASSA (no qual fazemos parte). UM SONHO DE SONHADOR MALUCO QUE SOU....
                É nesse sentido que caminho com o Querido Mujica ao dizer: “Pertenço a uma geração que busca outro mundo, fui afastado, derrotado, pulverizados, porém sigo sonhando que vale apena LUTAR (nas RUAS) para que a gente possa viver um pouco melhor e com um maior sentido de IGUALDADE”.
                Continuarei caminhando NA RUA esse espaço de possibilidades “...Porque Se essa Rua, Se essa Rua fosse minha...”
RUA DA GLÓRIA
Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                Lembrar da minha Rua da Glória, já calçada nos anos 30, cheia de amendoeiras, com frutos, ora amarelos, ora vermelhos, todos de fazer a gente ficar de boca cheia d’água, lembrar de Rua da Estrela, ainda na areia, e das travessas que as ligavam, só areia, e capim, e de todas as brincadeiras e peraltices de que falou teu filho, e, mais, dos "cavalos", feitos dos talos de buriti que cercavam os quintais... tempos "idos e vividos", "que não voltam mais", mas que resistem em permanecer dentro de mim!
                Ah, se aquela rua fosse minha! eu esfolaria qualquer gestor que tivesse o desplante de transformá-la num simples caminho de usuários do comércio, em nome de uma urbanização irracional, em que a humanização foi pras cucuias... Obrigado a ti, amigo, e a teu filho, por me fazerem chorar, de saudade do que foi, e de pena do que é...
               Aguenta, coração!

GENTILEZA GERA GENTILEZA



José Luiz Santiago

                O incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói no dia 17 de dezembro de 1961 deixou mais de 400 mortos, a maioria crianças. O empresário do setor de cargas José Daltrino, com 44 anos, não suportou ver tanto sofrimento e foi para o local, consolar as pessoas. Ali começava a belíssima história do Profeta Gentileza, um homem praticamente rico que abandonou tudo para pregar, de um jeito bem carioca, e se dedicar ao semelhante.    Seguramente muitos do Rio se lembram daquela figura singular de cabelos longos, barbas brancas, vestindo uma bata alvíssima com apliques cheios de mensagens, com um estandarte na mão com muitos dizeres em vermelho, que a partir dos inícios de 1970 até a sua morte em 1996 percorria toda a cidade, viajava nas barcas Rio-Niterói, entrava nos trens e ônibus para fazer a sua pregação e oferecer flores aos passantes.
                A partir de 1980 encheu as 55 pilastras do viaduto do Caju, perto da rodoviária, com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar de nossa civilização, denunciando as ameaças à natureza, pregando o "AMORRR" (ele tinha um modo peculiar de escrever) e a gentileza como salvação do mundo.
                Tempos depois, suas palavras foram cobertas de tinta cinza por ordem da prefeitura. Hoje, recuperados por meio de um projeto da Universidade Federal Fluminense, os textos do Profeta Gentileza são considerados patrimônio artístico-cultural no Rio de Janeiro. Aos que o chamavam de louco, respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".
                Que a gente possa, nesta semana, espalhar um pouco da gentileza do Profeta e tornar o Rio mais humano. Vale tudo: um elogio, um sorriso, um cumprimento, uma atitude! Podemos não mudar o mundo, mas tornar a vida do semelhante mais leve já será um grande feito! Boa semana para todos!

NOTA: Copiado do perfil do autor no "facebook"

terça-feira, 29 de outubro de 2013

FELICIDADE VELOZ


Isaias Coelho Marques

Canto o mundo
vivo maravilhado
esses segundos.

Depois, depois
é tempo longo.
Morde-me monstro
misterioso.

Desencanto, pranto
para tão poucos
segundos maravilhosos.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AMOR INCONDICIONAL


Isaias Coelho Marques

Mesmo que essa noite
venha caindo sobre mim,
feito criança, mesmo assim,
trôpego, o coração vai ao açoite.

Não adianta desprezar-me dessa maneira infinita
pois, quando passas em frente ao botequim,
vendendo meus sonhos,
ai de mim, estás mais bonita!

Não adianta!
um amor desses não se rende,
enrola-se feito papel sobre si mesmo até o fim.
Um amor desses jamais se rende,
você entende?
nunca,
até o fim...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

“TEJE PRESO”*


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
             
                  1º de abril de 1964 veio com uma surpresa para o povo brasileiro: o golpe militar. Iniciaram-se as prisões em todo o País. No Piauí não foi diferente. Pessoas acusadas de serem comunistas e/ou subversivas foram levadas para as prisões em quartéis militares, maioria delas nem sabiam definir os termos “comunismo” e “subversão”. Não era o meu caso, evidente, que os conhecia muito bem, ainda que não fosse, por convicção própria, seguidor da ideologia marxista ou praticante de atos contra a ordem estabelecida, o Estado ou, mesmo, o Governo.
                Na primeira semana daquele mês, procurei duas pessoas, importantes, para mim, o Governador Petrônio Portella, para saber de sua posição face ao golpe e colocar-me à sua disposição, e o meu Bispo, Dom Avelar, a quem tinha uma devoção filial e a quem devia obediência, como católico militante.
                Petrônio, de cuja amizade pessoal sempre me honrei, mandou-me ir para casa, pois nada havia a ser feito, ele próprio estava com dois coronéis em seu gabinete. Não o prenderam graças à argumentação dos ex-governadores Pedro Freitas e General Gayoso, do irmão deste, também General reformado, e do Cel. Façanha, comandante da Guarnição do Exército, em Teresina, conforme informações posteriores.
                Já Dom Avelar, informou-me que procurou interceder a meu favor, em virtude dos boatos sobre minha próxima prisão, mas não alcançou qualquer êxito... (Também, pudera, ele, coitado, sempre fora marcado pelos “golpistas”). Pediu-me que ficasse com minha família e, se fosse preso, mandasse minha esposa, Magda, procura-lo, de imediato. Assim o fiz. Magda foi tratada por aquele Pastor inigualável, como verdadeira filha! Sua bênção, meu querido bispo!
                13 de abril. Estava terminando de me barbear, para tomar o café da manhã com minha família, quando adentra minha casa um Tenente do Exército, perguntando se eu era o Dr. Manoel Emílio. Resposta afirmativa, o rapaz, parecendo encabulado, disse, apenas, que o Ten. Cel., comandante do 25º BC, convidava-me a comparecer a seu gabinete. Permitiu que tomasse o café com minha mulher e filhos e que levasse uma Bíblia e um Missal, pois pensava que, por lá, houvesse uma capela...
                Fui de Jeep, com o tenente e um soldado armado, até a sede do 25º BC, e fiquei aguardando, na ante-sala do gabinete do comandante, o seu chamado. Muito tempo depois, entra um capitão e pergunta: “Quem é o senhor e o que faz aqui?” Respondi-lhe, e nova pergunta: “Não deram ordem de prisão?” – “Não senhor” – “Pois vou dar-lhe: Dr. Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira, o Sr. Está preso por ordem do Comandante do 25º BC, por atentar contra a Segurança Nacional” – “Muito obrigado, capitão.”
                Continua o diálogo: “Que livros são esses?” – “Bíblia e Missal.” – “O Sr. É teólogo?” – “Não, sou católico.” – “Pois bem, acompanhe-me, por favor, vou levá-lo para onde o Sr. vai ficar.” E o Capitão, de quem posteriormente, me tornaria amigo, colocou-me, preso, nas acomodações (quarto e banheiro) do Major subcomandante daquele batalhão.
                *Do livro “De Corpo Inteiro”

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SONETO DE FIDELIDADE




Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

GLOBAL


Isaias Coelho Marques

São vazios os olhos.
Imensas as possibilidades
na tela.
Vazios os contatos.
Estrelas de nós
mesmos
internet.
Vazio, vazio
o coração conectado.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

"NORDESTINAÇÃO"


Baião de Dois (foto do site do restaurante Nação Nordestina)

Marcos Vinícius Chagas Spinelli
                Quem chama nordestino de "DO NORTE", mostra mesmo é que não tem norte algum e que Geografia nunca foi o seu forte. Pois quem é realmente do Norte, tem mesmo é muita sorte, porque lá (no Norte) a natureza é exuberante, os rios caudalosos, de águas muito fortes, isso aqui (no Nordeste), seu menino, não tem!!!
                Como também, quem chama nordestino de "BAIANO", não está totalmente enganado, pois nem todo nordestino é baiano, mas, com certeza, todo baiano é nordestino, sim senhor!!
                O certo mesmo é que todo nordestino é um forte, como um dia, Euclides da Cunha, em sua obra maior, “Os Sertões”, observou: "O nordestino é, antes de tudo, um forte".
                Também é certo que com todas as agruras da vida e as adversidades climáticas, o nordestino ama o seu torrão e expressa esse amor na forma de canções dolentes (quem já não se emocionou ouvindo o Gonzagão cantar “Triste Partida”). Mal o “pau de arara” arranca no rumo do Sul, ele já está pensando na volta, juntamente com a “asa branca” ao ouvir o primeiro “ronco do trovão”.  O coração do nordestino não sai do Nordeste. Como um bom menino, seu pé de lá nunca arredou. Mas, nunca é muito tempo, pois como o grande "Lua" cantou: "quem deixa sua terra natal em outros campos não para, só deixo meu cariri no último pau de arara". Então só no último “pau de arara”, o nordestino se rende e isso, pra mim, é procedimento de um forte!!!
                Mas no nordeste também tem muita beleza, gente boa e muita festa. A mais famosa e a maior de todo Brasil é a que ocorre no mês de junho, a festa de São João. Nesta festa tem forró e baião, balão, pamonha, canjica, quentão, carne-de-sol, pé-de-moleque, mungunzá e baião, não a dança, mas o de dois.
                De barriga cheia a brincadeira fica muito mió, o rastapé vara a madrugada, o nordestino toma muita cachaça, cerveja e, pra rimar, com empada, come também sarapaté com cheiro verde e como ele é muito hospitaleiro, chama todo mundo pra cá, não importa como venha, seja de pé, de carro ou de veleiro, pra ver como é que é.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PASSIONAL


Isaias Coelho Marques

Sem teu amor
eu passo mal.

“RIR É O MELHOR REMÉDIO”


                

Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira

             Todos vocês estão lembrados dessa frase, que era usada, como título, de uma página da quase centenária revistinha “Seleções Readers Digest”. Pois é, depois de criticar nosso “estado democrático de direito”, fiquei a me perguntar: “e agora, Manoel?” (com mil perdões a nosso poeta maior...). Agora, me respondi, o negócio (alô Gerson) é quebrar todas as bolas de cristal, aminha e a de vocês, amigos do faceboook, e rir, pra não chorar, desse Brasil aprendiza de feiticeiro. E, para não rir sozinho, passo a lhes contar um sonho, resultante de minhas vãs preocupações com o andar de nossa carruagem.
                Após ingerir umas e outras, em roda de amigos desocupados e despreocupados com o andar dos anos, retornei ao meu ninho, em busca de uma cama amiga... Foi encontra-la e nela cair já de olhos fechados... De repente, vejo-me em Brasília, frente a duas enormes cuias (uma emborcada), fazendo parte de uma multidão enorme, que adentrava àquele niemayerano, sabe Deus, em busca de que! 
                Atravessamos muitas salas, com nomes esquisitos, tais como, “o negócio é levar vantagem”, onde se encontravam boxes chamados “compras e vendas”, subdividido em “a grosso” e “em retalhos”; “é dando que se recebe”, com outros boxes, sendo que um me chamou a atenção pois trouxe a minha lembrança a nossa Teresina, o de nome “troca-troca”; mais um, com o nome de “miudezas em geral”, e mais outro, o “leilões”... E fomos andando, até uma imensa sala, cujo nome, Maquiavel, homenageava o gênio político que condenou a ética, a moral, o pudor, ao ostracismo, por serem tais valores, inventados pelas religiões, principalmente, o cristianismo, impeditivos da “arte do possível”.
                Vi que tal sala era ondo o Congresso fazia suas sessões plenárias. E, coincidência (ou não) estava havendo uma... De relance, notei que umas três “bancadas” faziam uma zoada danada. Aproximando-me vi seus nomes: pragmatistas, hipocrisistas e idealistas (esta última, bem pichichitinha). Então, quando toda aquela massa humana estava dentro do plenário, deu-se a melodia.
                Cada homem, cada mulher, cada jovem, que, ali, adentou, puxou uma chibata e começou a usá-la nos senadores e deputados, ali reunidos, salvando-se uns poucos, protegidos por que conhecia suas posturas em defesa da sociedade. Eu mesmo aproveitei para resguardar da taca, o Romário e o meu amigo Cristóvam Buarque, e assisti outros, com o Pedro Simon e o Suplicy, sendo salvos por conterrâneos! Foi feito um corredor polonês, e o pau comeu. Gritos, gente que se mijava, choros, e pedidos de perdão... Foi quando, não sei explicar como (só em sonho) vi-me com uma grossa palmatória na mão, castigando uma bunda branquinha, e, surpresa, do homem do cura-gay!
                Credo, a coisa estava ficando pra lá de boa! Mas, como o que é bom dura pouco, chamaram os defensores da democracia de direita (oops) quis dizer “estado democrático de direito” e lá veem as forças de terra, mar e ar, para botarem fim naquela marmota... Foi quando acordei, pois não aguentaria mais uma prisão, ainda que, por motivos relevantes...
                Tô ficando é mais veio, num é mais besta... 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

JURO QUE ESTOU VIVO!


A. J. de O. Monteiro
                Em agosto do ano passado, determinada pessoa, que não tinha como comprovar renda para alugar um imóvel para moradia, pediu-me que o fizesse. É um risco, sei, mas não tive problemas. A favorecida pagou rigorosamente os alugueres, sem atrasar um dia sequer.
                Vencido o contrato em julho passado, a mesma resolveu mudar de moradia, mas, desta vez, conseguiu um contrato direto com a proprietária da nova casa, não precisando, portanto, de novo favor.
                Como inquilino de direito, tive que assumir os trâmites da devolução do imóvel: acompanhar vistoria de entrega, providenciar desligamento de água e energia elétrica junto às concessionárias, etc. Tudo feito com relativa facilidade, para minha surpresa.
                De posse das declarações de quitação, voltei à imobiliária que intermediou o contrato de locação, para a devolução das chaves. Aí sim, começaram meus problemas. Esperei um pouco, na sala de atendimento, até ser chamado por uma sorridente funcionária, a quem entreguei os documentos. Ela os examinou, reexaminou, pesquisou algum tempo no computador, balançou a cabeça de um lado para o outro, olhou para mim e disse: - “Desculpe-me senhor, mas está faltando a certidão de óbito do locatário.” Sem entender, reagi: - “Como!? Certidão de óbito!? A senhorita não estaria querendo dizer certidão de nascimento..., certidão de casamento...?” Assumindo um ar professoral, ensinou, pausadamente: -“ Não, senhor, quando a pessoa morre, todos os documentos civis são substituídos pela certidão de óbito, é a lei.”
                 – “Claro, claro, sei disso, mas a senhorita está querendo a certidão de óbito de quem?” Já demonstrando irritação, respondeu: - “Do inquilino; de quem mais haveria de ser? Ora bolas!” Em ato contínuo virou o monitor do computador para mim e lá estava, na tela, o meu cadastro completo, sem rasuras. Lá estava toda minha identificação: filiação, RG, CIC, local de trabalho, endereço, etc. Mas, para minha estupefação, após meu nome, entre parênteses e em letras garrafais, a sentença: FALECIDO. Com a voz trêmula, a visão embaçada e a língua seca, quase num sussurro, atrevi-me perguntar: - Senhorita, o falecido é mesmo esse aí?” Novamente, demonstrado nervosismo, quase berrando, falou: - É claro! Quem mais haveria de ser...?” No mesmo tom de voz, respondi: - “Qualquer um, menos esse aí!” Gritando, ela retrucou: - “O senhor é louco? Se no cadastro está dizendo que ele está morto é porque está. “Vá providenciar a certidão de óbito e depois volte aqui para concluirmos os trâmites...” Respondi, então: - “Não posso.”

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

BILHETE



Isaias Coelho Marques
Palavra
ancestralmente
enrugada

depois
de bem
maquiada
e arrumada
foi a que
mais suspiros
arrancou
no bilhete
do poeta
à namorada

terça-feira, 1 de outubro de 2013

MORAL, ÉTICA E PRAGMATISMO


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira

                Conceitualmente, Moral “é um conjunto de regras, normas, que orientam, regulam, o comportamento do homem na sociedade”. Já, a Ética, “é a forma, individual, de como age, reage, face a esses regulamentos morais.” (Ponho as aspas, por serem conceitos milenares, encontrando-os, com palavras semelhantes, nos escritos dos filósofos de todos os tempos...) Enquanto a moral, e/ou, seus princípios, acompanham o surgimento da sociedade e tem caráter obrigatório (Durkheim), a Ética é relativa ao caráter das pessoas. O Pragmatismo, cujo valor principal, é a obtenção dos resultados que o indivíduo ou as instituições almejam, desdenha da Ética e da Moral, seguindo o seu filósofo, político, e criador, Maquiavel, quando afirma que ´”a política é a arte do possível”. Quem leu seu livro “O Príncipe”, pode ter escandalizando-se, não, apenas, com seu princípio filosófico “os fins justificam os meios”, mas, sobretudo com seus conselhos ao Príncipe para aprender a não ser bom, por que, para se dar bem, mentir, trapacear, não ter palavra, roubar, deveriam ser encarados como necessários ao sucesso ( Parecido com “o negócio é levar vantagem”, não?). O povo brasileiro nunca teve acesso a um conhecimento que lhe permitisse analisar e criticar nossas instituições, os atos e as ações de “nossos” representantes, os julgamentos de nossos juízes, a legalidade dos protestos e das reivindicações dos excluídos, a ilegitimidade de leis imorais, caducas, contraditórias, injustas, que, ainda hoje, se aplicam no nosso quotidiano. O povo brasileiro acostumou-se e aceitou a “lei de Gerson”, o “dando é que se recebe”(uma injúria a um homem santo!), às promessas não cumpridas, `as falcatruas, aos roubos de toda a natureza, a privatarias e mensalões, aos escandalosos abraços e acordos com quem, antes, eram considerados malfeitores públicos, pois, foi-nos incutido que tudo isso, e muito mais, é uma exigência da tal “governabilidade” e é uma característica desse malfadado “estado democrático de direito" Os letrados, os intelectuais, os doutores, os jabotis que colocamos em cima da árvore, leram, gostaram , assimilaram, e puseram em prática, o maquiavelismo. É preciso citar nomes? Não o creio. Eles ainda estão trepados, ou querendo ser colocados, lá, de novo. Acredito na mudança. Não tão rápida, como desejamos, nem tão lenta, como esperam nossos políticos. Novos agentes entraram em campo, pondo a tal mídia de orelhas em pé. A “liberdade de imprensa” deles está indo pro beleléu, com suas falsidades, sua subserviência, paga, naturalmente, seu comprometimento e sua conivência com o poder. Esperemos as novas campanhas políticas, as novas eleições, para sentirmos o que prenunciarão. 

EMBARGOS... EMBARGOS...


Poncion Rodrigues
Foi assim, o nobre ministro Celso de Melo, honrando as sólidas tradições brasileiras, manifestou-se com seu voto pela ajuda cristã aos nossos amados bandoleiros do mensalão, ameaçados de prisão pela insensatez de alguns dos seus pares, como se fossem criaturas comuns. Parecia estar em curso uma crudelíssima conspiração contra uma das mais intrínsecas características da vida nacional: O brasileiríssimo direito de roubar o dinheiro público. Neste delicado momento, caso Deus e o outro supremo não tomem rigorosas e didáticas providencias, essa tal onda de legalidade haverá de tentar impedir que sua excelência, a cleptomania, canalize como sempre o fez, uma reles porcentagem da nossa carga tributária para as contas e bolsos dos que sempre fizeram por merecê-la.
Mil vezes maldita é a intolerância audaciosa, que acaba de ser freada em sua sanha punitiva, pela monolítica barreira dos intocáveis senhores da justiça. É por isso que eu me ufano do meu país. Quem afinal, não se orgulharia do STJ? Após oito anos em busca do perfeccionismo de um julgamento limpo, revestido da grandeza que caracteriza a verdadeira humildade, impediu a prisão de nossos heróis já apenados. Consideraram, pois, que errar é inerente à criatura humana, enquanto a possibilidade do perdão pertence à condição divina. E foi bafejada pela inspiração divina que uma singela figura jurídica, com pornográfico nome de “embargos infringentes” foi evocada por pura preocupação em promover a verdadeira justiça. O senhor Deus lhes recompensará.
Quanto aos intolerantes, descomprometidos com a decência e com o perdão dos pecados alheios, os horrores do inferno serão seus prêmios.
Viva, pois, para sempre, o sagrado direito de roubar! 

GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA.


               
            

              Nas buscas, em meus alfarrábios, de suporte para minhas diatribes contra esse “estado democrático de direito” brasileiro, e nossa incipiente democracia, encontrei o magnífico texto, inserido nesse “status”, que seria a continuidade de meu artigo anterior, pois, além de encher minhas medidas, não me permitiu elaborar um texto meu, sob pena de estar plagiando a autora, educadora Amélia Hamze. O conselho final da autora, segui-lo-á quem quiser...
Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira

 GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA
                Governabilidade diz respeito às condições de legalidade de um determinado governo para atentar às transformações necessárias, enquanto que governança está relacionada à capacidade de colocar as condições da governabilidade em ação. Governabilidade e governança dizem respeito à democracia e cidadania, não a projeto de poder. No entanto, deploravelmente o Brasil apresenta um vício de raiz, que emperra as significações. O termo governança, originado do inglês g o v e r n a n c e, no sentido de regulação social com vistas à governabilidade, vincula-se à probabilidade normativa de “bom governo”, no sentido da participação, eficácia, inovação, confiabilidade, como condições para evitar métodos de pirataria nos governos: tais como o clientelismo, favorecimentos imorais, corrupção, etc. Seria então, controlar as políticas do governo, sem ser incriminado de ingerência no plano político e social, transformar o ato governamental em ação pública, o ambiente governamental em espaço público, para articulação das ações do governo, questionando a governança através da demarcação do alcance da governabilidade, imperando aí o consenso controlado.
                A capacidade de governabilidade resulta da afinidade de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade, enquanto que governança é a capacidade abrangente financeira e administrativa de uma organização de praticar políticas. Sem governabilidade é impossível governança. Então governança é o conjunto de normas, persuasão e procedimentos que são adequados à vida coletiva de determinada sociedade. É fundamental destacar que a governança congrega o povo a uma sociedade cada vez mais livre e participativa. A transparência da estrutura de poder estatal respeito a sociedade são a única segurança de paz social. Há necessidade de se mobilizar toda a sociedade para esse extraordinário esforço de superar as dificuldades desse cenário político, reduzindo a fragilidade gerada pelo momento, transformando a situação do Brasil, para que o povo brasileiro se torne sujeito e não apenas objeto de sua própria história.
                O novo panorama político que desejamos para o Brasil terá como principal desafio reconstruir com rapidez e energia as organizações de solidariedade e de participação, dilaceradas pelos excessos do economismo e de uma corrupção dissoluta, que já não obedecem a objetivos sociais. No meu ponto de vista os partidos devem ser responsáveis pela governabilidade, pois somente assim existirá maior propriedade na governança. Aconselho aos políticos interessados na reconstrução política do nosso país a leitura do livro de Stephen R. Covey “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”.

Autora: Amelia Hamze (Educadora)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

DEMOCRACIA PRAGMÁTICA.



Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
            
                    Há 2.520 anos, a Democracia, como sistema de poder, foi instituída em Atenas, como opção ao regime tirânico, existente no mundo conhecido daquela época. Todos nós sabemos que democracia quer dizer governo do povo. Mas, também se sabe, que, para ser do povo, sua primeira característica é a participação popular nas decisões do poder governante, algo que vem sendo alvo de crítica desde Atenas até hoje... Em Atenas, além de existir a escravatura, incompatível com outra característica da democracia – a liberdade, os que tinham direito a voto no seu regime de participação direta, eram uma minoria, excludente de determinadas classes (inclusive das mulheres), que dava direito às críticas acerbas dos sofistas; atualmente, após esses dois e meio milênios, com a evolução para a participação popular representativa, nos poderes executivo e legislativo, através do voto secreto, as críticas não mudaram, pois os representantes, mesmo sendo votados por todos os eleitores (quando o voto é obrigatório), são escolhidos por uma minoria, filiada aos partidos políticos existentes... Ainda assim, a democracia tem progredido, ao serem reconhecidos seus méritos, passadas centenas de décadas, pela Inglaterra (Revolução inglesa), Independência dos EE.UU. e Revolução Francesa, e nas lutas pela liberdade, mormente na África do Sul e América Latina... Ora, vê-se, então, que não existe uma democracia pronta e acabada, ela, como fruto do pensamento humano, o acompanha na procura de tornar os sistemas de poder, cada vez mais representativos do povo, a serviço do povo, respeitando os princípios da liberdade e igualdade nas suas leis e no cumprimento dessas leis. Vejamos, agora, como se comporta a democracia em nosso Brasil, quanto à representatividade popular, no Poderes, Executivo e Legislativo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

TEU SILÊNCIO


Isaias Coelho Marques

Teu silêncio me diz
dos segredos que nunca contaste

Haverá uma grande loucura?
Um grande êxtase?
Um amor perdido?

Teu silêncio paira
sobre nossos corpos.
Abre minha garganta
o teu silêncio,
para que eu te diga
asneiras, grossuras apelos.

Teu silêncio fala de mortos,
de sonhos de terror.

Teu silêncio é minha aflição.

Teu silêncio, por fim
e por vingança minha,
vem morrer na ponta
de meus dedos

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

“JURISTAS DO FACEBOOK”


Manoel Andante
                Essa discussão, surgida, repentinamente, com o julgamento do chamado mensalão, deu-me a vontade de repetir, na minha querida Faculdade de Direito da Universidade do Ceará, o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais, para reaprender a Teoria Geral do Estado, e, assim, poder entender o que os "juristas" do Facebook pretendem dizer com palavras, como "Democracia", "Estado Democrático de Direito", "Governo democrático" e outras mais, cujos sentidos, para mim, parecem sem sentido, a não ser que seus conceitos tenham mudado, convenientemente, para o gáudio de quem as empregam... Aliás, haverá diferença entre "Estado democrático de direito"... e "Estado democrático de fato"? ou entre democracia de direito e democracia de fato? Haverá leis injustas, ultrapassadas, e, por isso mesmo, caducas, ou seguiremos a máxima milenar "dura lex sed lex"? Porque, se o direito evolui, é para ser mais justo, nunca para proteger os bandidos, os malfeitores, e, fundamentalmente, os que desrespeitam os seus principais objetos: o homem e a sociedade
                Aguardo esclarecimentos urgentes, que me poupem de repetir os meus estudos, terminados em 1955... Obrigado!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Pérolas da Tia Corina

           


               Na época em que o Lula, Deputado constituinte, defendia submeter-se o texto constitucional a um "referendum" popular, um jovem repórter perguntou: “E que reverendo popular é esse, Deputado?”.
              No dia seguinte, em seu comentário no JN, Alexandre Garcia respondeu: "Reverendo popular, caro repórter, é o Padre Cícero”.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O “CAUSO” DO “BATIZADO” DO VELHO CAMINHÃO




Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
             
                  Esse aconteceu no Teso Duro. Tio Vaz (Des. Joaquim Vaz da Costa) resolveu utilizar o barro de uma área, cercada, no Poty Velho, aonde colocava seu gado leiteiro para se alimentar de capim canarana, ali, abundante, para instalar uma pequena olaria, no verão, quando as lagoas daquela região secavam, dando oportunidade de trabalho de trabalho para os moradores locais, com a produção de tijolos, “assados” no local. Vendia o produto para compradores da cidade, levado em um carro velho, adquirido para tal afazer...
                Tia Santa, sua esposa, de uma religiosidade reconhecida por todos os que a conheciam, achou por bem convidar o Pe. José Luís (o título de Monsenhor veio posteriormente, vigário da Igreja de são Benedito e da capela do Memorare, próxima ao sítio, para “benzer” aquela velharia, inclusive com uma comemoração, regada a suco de frutas, com doces e salgadinhos, quitutes cujo sabor era elogiado por quantos tiveram a ventura de prová-los... Aceito o convite de pronto, na data marcada chega o saudoso padre, com sacristão e paramentos, pra efetuar o ato religioso da bênção do caminhão transportador de tijolos.
                Tia Santa, sentindo falta do esposo, caminhou pelo pequeno trajeto que levava as pessoas, do portão, à beira da estrada, até o casarão da família, gritando por Tio Vaz: “Quincas (apelido de Joaquim), está na hora do “batismo”, Pe. José Luís está esperando, só falta você!” Sempre me pareceu ser, meu tio, um perfeito agnóstico, nascido para praticar o bem e amar o próximo, mas, que não titubeava em obedecer à esposa amada, principalmente pra atender à sua prática religiosa.
                E lá vem ele, vestindo seu paletó de andar na cidade, procurando ficar ao lado de sua mulher, quando, ao ver seu velho veículo todo engalanado para a cerimônia, exclama: “Pe. José Luís, eu digo, não seria melhor, em vez de batismo, dar, a esse velho se acabando, a extrema unção?”. O padre teve que esperar o acesso de risos e gargalhadas dos espectadores e convidados, inclusive, dele próprio, para abençoar o velho caminhão. E, parece que valeu, pois nunca tive notícias de qualquer desastre ocorrido com ele... 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

VAIDADE, POEIRA E VENTO.



A. J. de O. Monteiro
              Hoje conclui a leitura do livro “VAIDADE, POEIRA E VENTO”, de autoria do piauiense Cláudio Said. O livro foi a mim presenteado pelo amigo Manoel Emílio (isso já é sintoma de que a obra tem qualidade).
                Certo dia, Manoel liga pra mim e me convida para ir a sua casa tomar uma cachaça mineira. Logo que sentei, ele me estende um livro, dizendo: "Monteiro, leia a última página desse livro". O que fiz com estranhamento, é claro. O que o meu amigo quis foi mostrar a coincidência entre o final do livro e o final de uma “estória” que publiquei aqui no Brogue da Tia Corina, sob o título “Tanto Amor... Tanto Mar...”. Não vou mencionar tal coincidência, para não bancar o “estraga prazer”.
                O livro me encantou. O autor, com fluidez e domínio do tema, faz uma mixagem entre a realidade que pesquisou e a sua imaginação, romanceando a rica história de vida de Lampião, o “rei do cangaço”, entrelaçada com a história de Zé Limeira, o “poeta do absurdo” e, em menor presença, Pe. Cícero e políticos contemporâneos interagindo entre eles e os personagens ficcionais. Quem quiser descobrir o que é real, e o que é ficção, o autor indica as fontes de sua pesquisa.
             A habilidade narrativa do escritor nos transporta pelo nordeste do início do século passado, através das cidades e matas que serviram de cenários para as pelejas de balas entre Lampião e as volantes policiais e as pelejas de palavras entre Zé Limeira e outros cantadores famosos. Nessas toadas nos apresenta aos homens e mulheres do sertão daquela época, com seus hábitos e costumes; com seus pudores e despudores; com suas virtudes e seus pecados. Tudo isso ele nos oferece através das reminiscências de um velho pároco que, fechando o balanço da vida, faz uma velada mas pertinente crítica aos grandes atores da época: a igreja, o governo, a política do coronelismo e à sociedade em si mesma, ao mesmo tempo puritana e devassa.
             Gostei e recomendo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

ALMA GÊMEA




Isaias Coelho marques

Não tenhas medo
do medo de existir.
Encontraremos em alguns;
em outros tantos, não.
Voamos baixo,
Entre latitudes alheias,
à nossa vontade.

Guiamo-nos à toa,
donos de verdades inconfessas.

A ti, alma gêmea,
que não vejo nem pressinto,
não cabe espanto.
Existirão sempre certezas miúdas,
capazes de alturas abissais.

domingo, 8 de setembro de 2013

BOTÃO DO PÂNICO


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                Há uns dois ou três dias que assisto reportagens sobre mais uma medida de proteção às mulheres, ameaçadas, perseguidas, violentadas, por MARIDOS, COMPANHEIROS, e outros que tais, necessitadas de providências urgentes que evitem, flagrem, impeçam, a violência a que estão submetidas, absurdamente, por machões, que se julgam superiores e donos de pessoas (ou coisas?) que, segundo sua imbecilidade, nasceram para lhes servir, na cama, na cozinha, na mesa, na lavanderia, enquanto estiverem vivos!
                É o tal botão do pânico, que deverá ser usado pelas vítimas, sempre que ameaçadas, e que alertará à Segurança que algo está acontecendo, permitindo a presença da polícia, em poucos instantes, no local informado pelo próprio aparelho protetor. Parabéns ao País por essa medida cautelar, mais que justa, fazendo com que a Lei Maria da Penha se torne melhor executada em nossa Capital e Estado.
                Entretanto, indago-me, e aos que me leem e aos taxistas, que tal estender esse botão salvador às agências bancárias, às casas comerciais, aos postos de gasolina, e outros estabelecimentos, da preferência dos assaltantes e assassinos, que agem, diariamente por essa Teresina afora? E aos taxistas, que não sabem mais o que fazer para viverem em paz? E às empregadas domésticas, que perdem seus celulares, seus vales-transportes (só ao redor de minha residência foram assaltadas umas cinco, inclusive a que trabalha conosco) E a nós caminhantes da madrugada, por necessidade da nossa circulação sanguínea? E, por fim, a cada família, possuidora, ou não, de carro, que reza para não ser a próxima vítima dessa violência que nos invade, a nossa privacidade, a nossa paz e nos torna uma comunidade sobressaltada?
                Vamos pedir implorar, exigir, que o privilégio, dado às infelizes mal-amadas, nos seja, também, concedido, para que, pelo menos, um pouco do sentimento de segurança nos penetre!

Comentários do “faceboock”
Marilia Cunha Triste...
Ana Emília Lago Pires Meu caro afinal todos estamos correndo risco. muita violência. Mas penso q só teremos um pouco de paz qdo diminuir-se a desigualdade... A paz só existe onde há justiça
Manoel Andante verdade Ana, o que escrevi foi uma gozação a esse sistema jurídico, policial e politiqueiro que assola nosso Brasil: discursos, entrevistas, promessas, dirigidos aos inconscientes e inocentes úteis, com má ou boa fé, mas, plenamente, inconsequentes!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Pérolas da Tia Corina
Rei Ricardo 3º tinha lombriga, dizem pesquisadores.
                Pesquisadores britânicos das universidades de Leicester e Cambridge publicam hoje na revista médica "Lancet" que os restos mortais do rei têm ovos de lombriga (Ascaris lumbricoides) na região sacral, onde os intestinos já estiveram.(Folha de São Paulo/Ciência)