A. J. de O. Monteiro
No
último dia 16 de março, uma das personalidades mais fascinantes que já tive
oportunidade de conhecer, completou 80 anos e presenteou os amigos com seu
livro “De Corpo Inteiro”, do qual acompanhei boa parte da gestação, até o
parto, laborioso, é verdade, quase a “fórceps”, mas que trouxe à luz um rebento
da melhor qualidade literária e com um conteúdo que vai da crítica política à
narração de “causos” bem humorados com incrível naturalidade.
O
nosso Brogue da Tia Corina, em razão
de obras na redação (KKKK), esteve parado por quase dois meses, período no
qual, tenho certeza, ninguém notou sua ausência.
Mas
em remissão retomamos nossas atividades transcrevendo a Apresentação do livro do nosso velho amigo Manoel Emílio na qual, de
pronto, nos diz da beleza de toda a obra.
“Querida família,
queridos amigos:
O
que vocês vão ler são narrações de um velho viajor, do que viu, do que ouviu,
do que participou, e, do que sentiu em sua longa viagem, da qual já se encontra
prestes a descansar...
São
lembranças que esvoaçam em minha memória, permanentes, umas, fugidias, outras,
e que procuro catá-las, para torna-las vívidas nestas simplórias estórias.
Belas
lembranças, que me deixam comovido; alegres lembranças, que me transformam em
pura saudade! Nítidas, tão nítidas que me levam a pensar que estou vivendo,
novamente, o meu viajar...
Lembranças
amargas, ah!, existem as amargas! Elas chegam de mansinho, como que
envergonhadas, pedindo para entrar, querendo participar dos contos do viajor...
Entrem, entrem, não se envergonhem, vocês, que tanto me ajudaram, que tanto me
ensinaram a entender que o mundo e a vida são maravilhosos, com todos os
defeitos e as qualidades que, bicho-homem, possuímos... Que fizeram ver o
quanto precisava mudar (ainda preciso...), pra continuar viajando, entendendo e
compreendendo os acontecidos, comigo e ao meu redor, sem me deixar parado,
perdido, nas mágoas, nas desilusões, os desencontros, nos sonhos e nas
esperanças, abundantes na minha e na de todos nós!
Traquinas
lembranças que agora chegam aos borbotões, desordenadas no tempo e no espaço,
em flagrante desrespeito ao narrador, por sua idade, e à sua memória,
constantemente, surpreendida por suas aparições sem aviso prévio... Que luta,
que trabalho, para apanhá-las, como apanham borboletas, e guarda-las nessas
páginas de minha estória!
Família
mui amada, velhos amigos:
Vocês
insistiram comigo que deixasse um registro de minhas memórias. Não cheguei a
tanto. Porém, o canto da sereia me pegou e terminei por me apresentar, a vocês,
de corpo inteiro.
Por
isso, não fiquei apenas, com minhas lembranças. Atrevi-me a avançar mais u
pouquinho, falando de minha postura frente a um mundo real, a uma vida real...
E, aí, mais um atrevimento, procurei temperar, com uma pitada de humor, estes relatos,
tão importantes para um velho andante, que quer permanecer no coração de vocês,
contando “causos” vividos, ouvidos ou imaginados, de quem nada mais tem o que
fazer...
Convido,
a vocês todos, a quem tanto amo, para tomarem uma birita comigo e participarem
de minha alegria por ter parido este rebento nos meus 80 anos!
Viva
a vida!”
NR.
O “Brogue” já publicou alguns
artigos e “causos” do autor, antes que ele se decidisse editorar o livro, só
alguns. E como a edição do livro foi limitada e destinada à amigos e
familiares, com a permissão do mesmo a partir de agora postaremos outros para
assim propiciar a um número maior de pessoas acesso a essa boa literatura.