Ricardo Cruz
Agora
no almoço conversava com colega psicólogo carioca e falávamos do espaço da rua
e suas possibilidades. Lembrávamos como a rua nos ajudou no nosso brincar,
esconde-esconde, pião, bola de gude, “soltando pipa”, a velha baladeira,
barquinho de papel quando vinha a chuva (no Piauí demora, mas chega), jogando
bola na rua que deixava suas marcas nos joelhos e ajudava a construir a nossa
história. Quantas amizades não se construíram no decorrer de nossa caminhada?
surgida nesse espaço de transformação onde permitia um encontro livre dos muros
e grades das casas e prédios. Permitindo que o nosso imaginário fosse ampliado
pelas trocas de olhares, sorrisos, duvidas vividas, vindas do nosso
crescimento.
Essa
mesma rua que foi abandonada por muitos, aterrorizadas por outros, porém para
muitos jovens ainda existe um desejo de resistir compreendendo a rua como
espaço de sonhos, de troca, de uma nova sociedade humana e igualitária. Essa
mesma rua que a mídia ajuda a destruir, associando a miséria e ao caos
colocando-a como local de perigo tendo em vista que as nossas relações, o
individualismo, as desigualdades o nosso modo de viver é que tem trazido tanto
sofrimento.
Que
sociedade estamos sonhando, lutando e construindo onde os nossos jovens tem se
distanciado dos espaços de encontro, espero que possamos resistir para podermos
permitir dias melhores para a MASSA (no qual fazemos parte). UM SONHO DE
SONHADOR MALUCO QUE SOU....
É
nesse sentido que caminho com o Querido Mujica ao dizer: “Pertenço a uma
geração que busca outro mundo, fui afastado, derrotado, pulverizados, porém
sigo sonhando que vale apena LUTAR (nas RUAS) para que a gente possa viver um
pouco melhor e com um maior sentido de IGUALDADE”.
Continuarei
caminhando NA RUA esse espaço de possibilidades “...Porque Se essa Rua, Se essa
Rua fosse minha...”
RUA DA GLÓRIA
Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Lembrar
da minha Rua da Glória, já calçada nos anos 30, cheia de amendoeiras, com
frutos, ora amarelos, ora vermelhos, todos de fazer a gente ficar de boca cheia
d’água, lembrar de Rua da Estrela, ainda na areia, e das travessas que as
ligavam, só areia, e capim, e de todas as brincadeiras e peraltices de que
falou teu filho, e, mais, dos "cavalos", feitos dos talos de buriti
que cercavam os quintais... tempos "idos e vividos", "que não
voltam mais", mas que resistem em permanecer dentro de mim!
Ah,
se aquela rua fosse minha! eu esfolaria qualquer gestor que tivesse o desplante
de transformá-la num simples caminho de usuários do comércio, em nome de uma
urbanização irracional, em que a humanização foi pras cucuias... Obrigado a ti,
amigo, e a teu filho, por me fazerem chorar, de saudade do que foi, e de pena
do que é...
Aguenta, coração!