Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Para mim,
crise é a falta de algo fundamental para a vida das pessoas, das comunidades,
das nações, da humanidade. E, sendo assim, há crises para todos os gostos e
para todos nós... Duvidam? pois prestem atenção, que vou iniciar com uma que me
incomoda bastante, desde que me aposentei: a crise dos bolsos, também conhecida
como crise dos aposentados do INSS, ou, pior, crise dos vagabundos (alcunha com
que fui agraciado por ilustre sociólogo brasileiro!). Desde que ela foi
instalada na minha única receita, que sinto falta da costumeira cervejinha,
(dia sim, dia não), e da marvada da cachaça, (receita médica contra a
diabetes), esta, dia não, dia sim, pra não me confundir e passar da conta... Se
não fosse o socorro dos filhos, e dos amigos, que sabem o quanto me amargura
viver em crise, já estava curtindo uma de caduco...!
Outra crise,
que tem deixado milhares de homens, mulheres, e jovens, com insônia, procurando
médicos, cujas receitas não são aceitas, é a que faz sofrer a nação vascaína! A
crise da perdição (Não confundam com aquela outra perdição...). E a receita tão
simples: Mudem pro Flamengo! (Intica comigo, Monteiro!).
Há outras, mais graves, como a
crise dos circos, sem gente para assisti-los, pela falta de palhaços! Pois não
correram, todos, pro Congresso Nacional? O último foi o Tiririca, já com missão
determinada pelo presidente: ser professor, reconhecido, que foi, como o melhor
deles!
Não quero
alongar-me, é uma pesquisa cansativa, mas gostaria de acrescentar duas mais,
pelo interesse que têm despertado em muita gente, amiga do alheio, sem maiores
explicações: A crise dos bancos, que não sabem mais aonde botar tanto lucro ganho
(?) da clientela, e a crise da justiça, que se obrigou a criar uma tal de
delação premiada, por não ter onde botar tanto bandido, condenados, ou não!
Como veem, e
como eu disse, há crises pra todos os gostos. Infelizmente, tem mais uma,
terrível, contrariando todos os homens de boa vontade, todos os homens justos,
todos os homens pacíficos, contrariando, absurdamente, o próprio Criador: a
crise da humanidade, a desumanidade, que nos acompanha desde a Pré-história,
passando pela Idade Antiga, pela Idade Média, pela Idade Moderna, e chegando
nesta Idade Contemporânea!
Invasões,
conquistas, pilhagens, escravizações, servidões, extermínios, genocídios,
levando a morte, a doença, a miséria, a fome, o racismo, o preconceito, o ódio,
e quantos outros resultados queiram apor, infâmias, frutos da cobiça e da
loucura, dos que não conheceram outro caminho para o crescimento senão o
caminho da apropriação, da dominação Perfeitos inspiradores, ou seguidores de
Maquiavel, estudioso, escritor, filósofo e político do Renascimento, que ousou
justificar, com a política de resultados, o fortalecimento do Estado, com o
emprego da força ou de quaisquer outros meios, para a obtenção dos objetivos
pretendidos. Sua obra maior - O Príncipe, deu-lhe o título de pai do
pragmatismo, característica principal da filosofia capitalista, em que ética e
moral são valores negativos e condenáveis...