Daniel Cariello**
Nasci
e cresci em Brasília e, aos 30 e poucos anos, fui morar em Paris. No período em
que habitei na capital francesa, escrevi crônicas semanais sobre “um brasileiro
na terra do fromage”, depois compiladas no livro Chéri à Paris. Nesses textos,
era comum haver comparações entre a vida do lado de lá e a do lado de cá (mesmo
que, à época, o lado de cá pra mim ficava lá, e do de lá, ficava cá, se é que
vocês me entendem).
. Vivendo agora no Rio de
Janeiro, percebo a cada dia mais semelhanças entre as duas cidades e seus
habitantes, mesmo que não tenham nada a ver (se é que vocês me entendem). Listo
algumas abaixo:
. Os cariocas ficam semi-pelados
de novembro a abril, mesma época em que os parisienses se disfarçam de ursos
polares.
. Em Paris, quando a temperatura
chega a 5ºC, eles dizem que não está tão frio. No Rio, com 30ºC nos
termômetros, os cariocas juram que não está quente.
. A Berthillon, principal
sorveteria de Paris, fecha as portas no verão. E as praias do Rio de Janeiro
continuam cheias no inverno.
. O Rio tem feijoada, um tantão
de carne com feijão preto. Paris tem cassoulet, um tantão de carne com feijão
branco. Apesar da diferença de cores, em termos de flatulência a devastação é
igual.
. Em Paris existe a praça Rio de
Janeiro. No Rio de Janeiro tem a praça Paris.
. O Rio tem uma estátua da
liberdade. Paris também. E eu tomo a liberdade de dizer que acho as duas
igualmente horríveis.
. Em Paris, os cachorros estão em
todos os lugares. No Rio, as cachorras estão nos bailes funk.