Poncion Rodrigues
Nos
padrões contemporâneos que definem quem seja idoso, estaria eu correndo célere
em direção à cadeira de balanço, à rede na soneca vespertina e às distrações
domésticas das famigeradas novelas que tantos dizem “vale a pena ver de novo”.
Como
se não bastasse ser chamado de tio por homens de 25 anos de idade, amigos de
infância dos seus filhos, o pré-idoso se sujeita à suprema humilhação do toque
retal imposto pela crudelíssima condição masculina.
Se despede deprimido dos pecados gastronômicos
(como a selvagem feijoada apimentada dos sábados) e das deliciosas expedições etílicas
em companhia dos amigos de botequim, aliás cada vez mais jovens, já que sua
geração vem sendo sistematicamente convocada por uma certa dama vestida de
preto e portadora de gigantesca foice.
OPA, NADA DISSO!!!
O tempo,
senhor da razão (como copiava o tal presidente cassado, então dileto esposo de
dentuça socialite rural), haverá de vos informar que nossa caminhada ao longo
da vida nos transforma em interessantes instrutores para os aprendizes do
existir.
Que
vivam os “cinquentões”, paradigmas da inteligência humana, portadores do charme
grisalho de que já viu quase tudo e do insinuante olhar de que sabe decifrar
anseios contidos e administrar mentes e corações.
É isso aí bicho!
PS: O carnaval
está chegando. Imploro aos meus colegas cinquentões que, pelo amor de Deus, não
saiam por aí arrastando os chinelos no passo miúdo das marchinhas, com os dedos
indicadores apontados para o céu e a barriguinha de cerveja mal contida naquela
ridícula camiseta de time futebol. Tenhamos estilo garotos!
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