quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O BLOCO DOS GRISALHOS



Poncion Rodrigues
                Nos padrões contemporâneos que definem quem seja idoso, estaria eu correndo célere em direção à cadeira de balanço, à rede na soneca vespertina e às distrações domésticas das famigeradas novelas que tantos dizem “vale a pena ver de novo”.
                Como se não bastasse ser chamado de tio por homens de 25 anos de idade, amigos de infância dos seus filhos, o pré-idoso se sujeita à suprema humilhação do toque retal imposto pela crudelíssima condição masculina.
                 Se despede deprimido dos pecados gastronômicos (como a selvagem feijoada apimentada dos sábados) e das deliciosas expedições etílicas em companhia dos amigos de botequim, aliás cada vez mais jovens, já que sua geração vem sendo sistematicamente convocada por uma certa dama vestida de preto e portadora de gigantesca foice.
                      OPA, NADA DISSO!!!
                O tempo, senhor da razão (como copiava o tal presidente cassado, então dileto esposo de dentuça socialite rural), haverá de vos informar que nossa caminhada ao longo da vida nos transforma em interessantes instrutores para os aprendizes do existir.
                Que vivam os “cinquentões”, paradigmas da inteligência humana, portadores do charme grisalho de que já viu quase tudo e do insinuante olhar de que sabe decifrar anseios contidos e administrar mentes e corações.
                  É isso aí bicho!
                 PS: O carnaval está chegando. Imploro aos meus colegas cinquentões que, pelo amor de Deus, não saiam por aí arrastando os chinelos no passo miúdo das marchinhas, com os dedos indicadores apontados para o céu e a barriguinha de cerveja mal contida naquela ridícula camiseta de time futebol. Tenhamos estilo garotos!

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