terça-feira, 19 de novembro de 2013

CARTA A CLÁUDIO BARROS OU, O "CAUSO" DA INTITULADA.


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira

                Meu caro Cláudio Barros, permita-me lhe contar uma história, ouvida, no Maranhão, na época em que advogava por aquelas bandas:
                Um jovem padre, recém-chegado à sua paróquia, recebeu em seu confessionário, uma jovem, aparentando possuir mais de 20anos, que queria confessar os seus pecados.
                - “casada ou solteira? Perguntou-lhe o padre.
                - Solteira.
                - Virgem?   
                - Não senhor.
                - Amigada?
                - Não senhor.
                - Meretriz?
                - Não senhor.
                - Sendeira?
                O padreco coçou a cabeça, pensou, pensou, e desistiu.
                - Afinal, minha filha, você é o que mesmo?
                - Sou uma tal de intitulada, seu padre!”
                Veja, ilustre jornalista aonde fui parar. Confessando-me de esquerda para vosmincê, numa época que julgava serem de esquerda os que fossem contra todos os tipos de capitalismo, que fossem contra o liberalismo, ainda que mascarado de “neo”, que lutassem pela justiça social, que fossem contra a corrupção e os corruptos, que tivessem a ética como a norteadora de suas posturas, que não traíssem seus ideais, etc., etc. Ledo engano! Vejo, hoje, o quanto fui ingênuo ao me auto classificar de esquerdista, enquanto os comunistas, socialistas, petistas e outros que tais seguem o seu sempre guru, Maquiavel...! Isso é ser esquerdista? Credo! Desculpa, jovem escriba, não sou, e nunca fui nada disso.
                Renego o epíteto com que fui agraciado, pois não quero ser um “intitulado”, como  a jovem pecadora. Por favor, o “velho” pode ficar, mas substitua o “esquerdista”, doravante por “utópico”, “sonhador”,... até “anarquista” eu aceito, mas acabe com aquele apelido que, atualmente, é uma simples gíria.
                Muito obrigado pela nota da bebemoração no Bar da Miúda e pelo acolhimento que der a esta missiva.
                Um abraço, Manoel Emílio – “ex-esquerdista”.

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