Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Meu
caro Cláudio Barros, permita-me lhe contar uma história, ouvida, no Maranhão,
na época em que advogava por aquelas bandas:
Um
jovem padre, recém-chegado à sua paróquia, recebeu em seu confessionário, uma
jovem, aparentando possuir mais de 20anos, que queria confessar os seus
pecados.
-
“casada ou solteira? Perguntou-lhe o padre.
-
Solteira.
-
Virgem?
-
Não senhor.
-
Amigada?
-
Não senhor.
-
Meretriz?
-
Não senhor.
-
Sendeira?
O
padreco coçou a cabeça, pensou, pensou, e desistiu.
-
Afinal, minha filha, você é o que mesmo?
-
Sou uma tal de intitulada, seu padre!”
Veja,
ilustre jornalista aonde fui parar. Confessando-me de esquerda para vosmincê,
numa época que julgava serem de esquerda os que fossem contra todos os tipos de
capitalismo, que fossem contra o liberalismo, ainda que mascarado de “neo”, que
lutassem pela justiça social, que fossem contra a corrupção e os corruptos, que
tivessem a ética como a norteadora de suas posturas, que não traíssem seus
ideais, etc., etc. Ledo engano! Vejo, hoje, o quanto fui ingênuo ao me auto
classificar de esquerdista, enquanto os comunistas, socialistas, petistas e
outros que tais seguem o seu sempre guru, Maquiavel...! Isso é ser esquerdista?
Credo! Desculpa, jovem escriba, não sou, e nunca fui nada disso.
Renego
o epíteto com que fui agraciado, pois não quero ser um “intitulado”, como a jovem pecadora. Por favor, o “velho” pode
ficar, mas substitua o “esquerdista”, doravante por “utópico”, “sonhador”,... até
“anarquista” eu aceito, mas acabe com aquele apelido que, atualmente, é uma
simples gíria.
Muito
obrigado pela nota da bebemoração no Bar da Miúda e pelo acolhimento que der a
esta missiva.
Um
abraço, Manoel Emílio – “ex-esquerdista”.
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