Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira.
"O desenvolvimento é um dos
desafios do mundo atual”
Frases
como esta têm sido lidas e ouvidas, com maior insistência, a partir da década
de 40. E uma literatura abundante surge sobre desenvolvimento,
subdesenvolvimento, planejamento, projetos, etc., que se propõe a solucionar o problema
da pobreza de 2/3 da população da Terra. Formam-se as mais diversas correntes
teóricas, que debatem entre si conceitos e ideologias, políticas e estratégias
de ação. Metas básicas e prioridades. Elaboram-se planos, programas e projetos,
e, todos afirmam, como não poderia deixar de ser, "o homem é o objetivo de
todo e qualquer planejamento"!
Em
matéria de resultados, surgem obras de toda a natureza, em todos os campos e
setores da atividade dos governos. Entretanto, o fosso entre pobres e ricos
parece aprofundar-se, em termos relativos...
É
verdade que se verificam mudanças, à medida que são realizados investimentos.
Mas..., a quem atingem tais mudanças? A quem beneficiam ou prejudicam? Pode-se,
apenas, conjeturar, uma vez que o "status quo" continua...
Na
realidade, esses benefícios, quase nunca, implicam no crescimento econômico de
uma nação, nem atingem o paralelo alcançadopela cultura humana. Além disso, o
crescimento econômico não se traduz, também, em crescimento social, a níveis
individuais. Não sengam as dificuldades existentes, em nações jovens e pobres,
para o alcance de um desenvolvimento econômico e social compatível com a
necessidade do bem estar de suas populações. Mas, pode-se desejar, e, de fato
deseja-se, que os mais pobres fiquem menos pobres e que gozem da distribuição
da riqueza nacional, através de serviços públicos eficientes, principalmente,
nas áreas de habitação, educação , saúde, saneamento, transportes, segurança,
lazer, proteção do meio-ambiente, imprescindíveis a uma sobrevivência decente
do ser humano.
Levantam-se,
agora, três indagações que merecem respostas convencíveis: a) que nível de bem
estar seria tido como mínimo necessário a essa "sobrevivência
decente"? b) quem indica, ou determina tal nível? c) como , quando, seria
atingido?
Procurarei
respondê-las no próximo capítulo.
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