terça-feira, 25 de agosto de 2015

I N T I C A R A M - M E C O M V A R A C U R T A... I




Manoel Emilio Burlamaqui de Oliveira

De vez em quando, meu amigo, e cronista de respeito, o A. J. de O. Monteiro joga uma casca de banana em meu caminho e fica esperando o tombo... Macaco velho, não meto a mão em cumbuca, um dia, ele cansa! Aí, vamos ver quem rí por último...
Na semana que passou, ele se excedeu: pois não é que me mandou dois motes, dignos dos bons cantadores de viola, pedindo-me que os analisasse, mesmo sabendo que nem voz eu tenho, muito menos português eu sei, para incumbir-me de tal tarefa? Era só o que faltava, querer fechar minha boca, acostumada a falar de tudo, de todos, até da vida alheia!
Parabéns, amigo Monteiro, de novo jogastes tuas cascas de banana (ainda tens muitas?), dignas de serem apanhadas por violeiros de estirpe, que não têm medo de se meterem em briga de cachorros grandes... Mas, que motes foram esses, escolhidos a dedo, como para me intimidarem, retirados da realidade maluca desse Brasil enlouquecido? Ei-los: "Crise é uma palavra mágica" e "As nuvens passam, as estrelas mantêm seu brilho"
Sou macaco velho, não macaco caduco ou macaco doido, não vou cair nessa de análise, tô fora, nem que fosse psiquiatra! Entretanto, não corro do pau. Bulinou comigo? tem troco!
Pois, vamos lá, ao primeiro mote: Crise - palavra mágica. Vôte! procurei, no meu bestunto, as palavras mágicas que conheço e, por enquanto, só encontrei três tiradas universais, que todo mundo conhece, "abracadabra", "abre-te sésamo" e "socorro!" . As duas primeiras, lembram-me a época de criança, tornam-me criança , uma, assistindo mágicos, no circo, retirando coelhos, lenços, toalhas, de suas cartolas, deixando-me de boca aberta, ao grito de abracadabra, palavra misteriosa, mágica, sem dúvida, cuja origem, soube depois, se perde no tempo dos magos, dos feiticeiros, dos ilusionistas, que transformavam gente e qualquer apetrecho, em bichos mansos ou selvagens... A outra, eita saudade!, do Alí Babá, dos contos das mil e uma noites, roubando os tesouros dos 40 ladrões, abrindo uma rocha (porta do esconderijo deles) gritando o famoso abre-te sésamo, numa época em que tudo era possível... Sabes, cronista, que, ainda hoje, sonho viajando em tapetes mágicos, achando tesouros enterrados, sem querer acordar para a vida real, tão insossa, comparada à criada por geniais contistas, que, ninguém me tira da cabeça, eram crianças, também!
Aquela última, gritada, sempre, em desespero, só é ouvida e atendida por corações abertos e cheios de amor, que, graças ao bom Deus, ainda existem... Os egoístas, os egocêntricos, os antidualistas, os que usam seus tempos para amealharem riquezas e poderes, fecharam seus corações e suas mentes, só escutam o que lhes convém. E, aí, grito eu, pobre bicho-homem, socorro, meu Deus!
O homem é o mago da palavra. Mas sua magia só funciona nos que souberem ouvi-lo. Por isso, velho amigo, afirmo, sem medo de errar: Crise não é, nunca foi, e nunca será, uma palavra mágica!
Agora, que peguei o pião na unha, não vou largá-lo de graça.
Afinal, o que considero crise? Como ela surge, o que a provoca, a quem ela atinge?

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