Manoel Emilio Burlamaqui de Oliveira
De vez em
quando, meu amigo, e cronista de respeito, o A. J. de O. Monteiro joga uma
casca de banana em meu caminho e fica esperando o tombo... Macaco velho, não
meto a mão em cumbuca, um dia, ele cansa! Aí, vamos ver quem rí por último...
Na semana que
passou, ele se excedeu: pois não é que me mandou dois motes, dignos dos bons
cantadores de viola, pedindo-me que os analisasse, mesmo sabendo que nem voz eu
tenho, muito menos português eu sei, para incumbir-me de tal tarefa? Era só o
que faltava, querer fechar minha boca, acostumada a falar de tudo, de todos,
até da vida alheia!
Parabéns,
amigo Monteiro, de novo jogastes tuas cascas de banana (ainda tens muitas?),
dignas de serem apanhadas por violeiros de estirpe, que não têm medo de se
meterem em briga de cachorros grandes... Mas, que motes foram esses, escolhidos
a dedo, como para me intimidarem, retirados da realidade maluca desse Brasil
enlouquecido? Ei-los: "Crise é uma palavra mágica" e "As nuvens
passam, as estrelas mantêm seu brilho"
Sou macaco
velho, não macaco caduco ou macaco doido, não vou cair nessa de análise, tô
fora, nem que fosse psiquiatra! Entretanto, não corro do pau. Bulinou comigo?
tem troco!
Pois, vamos
lá, ao primeiro mote: Crise - palavra mágica. Vôte! procurei, no meu bestunto,
as palavras mágicas que conheço e, por enquanto, só encontrei três tiradas
universais, que todo mundo conhece, "abracadabra", "abre-te
sésamo" e "socorro!" . As duas primeiras, lembram-me a época de
criança, tornam-me criança , uma, assistindo mágicos, no circo, retirando
coelhos, lenços, toalhas, de suas cartolas, deixando-me de boca aberta, ao
grito de abracadabra, palavra misteriosa, mágica, sem dúvida, cuja origem,
soube depois, se perde no tempo dos magos, dos feiticeiros, dos ilusionistas,
que transformavam gente e qualquer apetrecho, em bichos mansos ou selvagens...
A outra, eita saudade!, do Alí Babá, dos contos das mil e uma noites, roubando
os tesouros dos 40 ladrões, abrindo uma rocha (porta do esconderijo deles)
gritando o famoso abre-te sésamo, numa época em que tudo era possível... Sabes,
cronista, que, ainda hoje, sonho viajando em tapetes mágicos, achando tesouros
enterrados, sem querer acordar para a vida real, tão insossa, comparada à
criada por geniais contistas, que, ninguém me tira da cabeça, eram crianças,
também!
Aquela última,
gritada, sempre, em desespero, só é ouvida e atendida por corações abertos e
cheios de amor, que, graças ao bom Deus, ainda existem... Os egoístas, os
egocêntricos, os antidualistas, os que usam seus tempos para amealharem
riquezas e poderes, fecharam seus corações e suas mentes, só escutam o que lhes
convém. E, aí, grito eu, pobre bicho-homem, socorro, meu Deus!
O homem é o
mago da palavra. Mas sua magia só funciona nos que souberem ouvi-lo. Por isso,
velho amigo, afirmo, sem medo de errar: Crise não é, nunca foi, e nunca será, uma
palavra mágica!
Agora, que
peguei o pião na unha, não vou largá-lo de graça.
Afinal, o que
considero crise? Como ela surge, o que a provoca, a quem ela atinge?
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