Daniel Cariello**
— Vai, João, vai ali, perto das
árvores.
— Mais pro lado, fica no meio.
— Recua um pouco, isso.
— Tá bom aí, João, pode ficar.
— Para, menino, ou vai cair na
água.
— Olha pra cá, João, pra mim.
— Dá um sorriso. Não, um de
verdade.
— Isso, João, tá lindo!
— Agora vai ali, João, na frente
das vitórias-régias.
— Vem, João, anda.
— Para aí.
— Mais pro lado, sai do sol.
— E você nem trouxe o boné dele,
né? Vem, João, sai do sol, fica na sombra.
— Calma, a luz tá ótima. E você
esqueceu tanto quanto eu. João, dá um sorriso. Isso. Mais um. Pronto, pode ir
pra sombra.
— João, vai lá com seu pai, perto
daquela árvore.
— Vem, João.
— Sorriam!
— Foi? Vai logo, meus joelhos
doem.
— Mais uma. Sorriam de novo. Ficou
boa.
— João, olha aqui no lago, tem
tartaruga.
— Juntem aí os dois. Vou pegar a
tartaruga também... Essa ficou incrível. Já foi pro Insta.
— Deixa eu ver. Aqui, João, ficou
boa, né? A tartaruga saiu grandona.
—Agora uma com todos juntos.
— No sol?
— Na sombra! Vem, João, abraça
aqui sua mãe. Ei, você também, nós três juntos.
— Ô, moço! Você aí, escrevendo no
caderno.
— Eu?
— Você poderia tirar uma foto
nossa?
— Claro. Onde?
— Ali, com as palmeiras de fundo.
— Mas ali tem uma placa.
— Placa?
— Ali, proibido pisar na grama.
— Verdade, nem tinha visto.
— Pois é.
— Peraí… Pronto, arranquei. Ia
mesmo ficar feia no enquadramento. Pode bater agora?
**Leia também as crônicas de Paris, escrita pelo mesmo autor, no livro Chéri à Paris www.cheriaparis.com.br
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