Manoel Emílio Burlamaqui de
Oliveira
Quem me contou foi o próprio
Malasartes...
“Estava
eu, como de sempre, à beira da estrada, fazendo minha famosa sopa de pedras,
quando vi aquela pessoa bem apulumada se aproximar e pensei, comigo mesmo, mais
um, pra eu ganhar mais uns vinténs”... e fui botando água na panela...
Moço,
quando o cabra chegou mais perto, oiei pros sapatos dele e vi foi uns pés de
cabra, cruz, credo! E num tive dúvida, é o Capeta!... Mas desviei, logo, o
oiar, pra ele não desconfiar, e joguei na panela uma mão cheia de alho, com um
pouco de jasmim, pra despistar o cheiro e convidei o danado pra se abancar no
chão, que não tinha tamborete, e provar um pouco da sopa, cheirosa toda,
pagando só uns 500 réis, pelo prato...
Pois
aquele Cão ainda regateou do preço? Mas sou duro na queda, quando se trata de
dinheiro, e embolsei os 500..
O
anjo mau, parece que não tinha comido nada no Inferno, porque, depois de pagar
a sopa, jogou a bicha de goela abaixo, de uma vez só e, aí, ainda deu pra ouvir
um grito: “Malasartes, filho da égua, dá jeito pra não ir lá pra casa quando
morreres, pois essa, vais me pagar num fogaréu feito, especialmente, pra ti,
safado!”
Vai
esperando, Cão dos infernos, que eu tenho uma madrinha forte, e, de ti, tou
escapo!
“E,
nunca mais, vi aquele traste...”!
Prometi
contar esse causo no “Brogue da Tia Corina”, mas, por via das dúvidas,
postarei, também na minha Linha do Tempo, do Facebook.
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