Daniel Cariello*
Encontraram mais um exoplaneta
parecido com a Terra, que orbita uma estrela parecida com o Sol. Isso me
lembrou de uma descoberta semelhante de 3 anos atrás, que me inspirou no texto
abaixo. Boas opções para sairmos desse confinamento terrestre?
Acharam
sete novas Terras em um pequeno sistema solar vizinho, dois dias antes do
carnaval, fatalidade cronológica das mais graves porque o brilho das purpurinas
acabou ofuscando o da estrela anã que aquece os planetas recém-descobertos.
A
notícia passou meio que batida (de coco) para alguns, mas me pegou em cheio,
tanto que saí para observar a noite já montada, com todas suas constelações,
galáxias, nebulosas, todo o infinito, e fiquei pensando onde no céu estarão
esses mundos tão parecidos, ao que tudo indica, com o nosso?
Será
que algum deles tem lago, peixes, montanhas, árvores, céu, nuvens, cachorros,
pipoca, cinema, roda gigante, camas sujas, louça acumulada, batom, feijão,
música, será que tem música?, música e pessoas para preencherem o cenário, será
que tem?
Talvez
em um outro haja muita neve, incontáveis tonalidades de branco que atapetam
montanhas cujos cumes se confundem com o recorte do céu quando coberto, dando a
impressão de serem uma coisa só, e se derramam em paisagens abandonadas, no
meio das quais talvez possamos identificar as luzes amareladas de um pequeno
vilarejo onde vivem todos os habitantes do planeta, talvez o vilarejo exista.
Para
alcançar esses corpos celestes, é preciso navegar o cosmos por trinta e nove
anos ininterruptos, à velocidade da luz, pelo grande vazio do universo, em uma
nave a qual ainda não somos capazes de construir, só de sonhar, de maneira que
é melhor tomar o atalho dos buracos de minhoca da imaginação e fazer a
travessia de forma instantânea.
Na
minha cabeça, os astrofísicos dos sete mundos estão anunciando neste momento,
em uma entrevista coletiva e com transmissão para a Via Láctea, a descoberta de
um planeta habitável em um sistema solar próximo ao deles, na periferia da
galáxia, enquanto um espectador se pergunta se nesse simpático globo há grama,
pizza, violão, formiga, livro, prédio, bola, contas a pagar, boteco, poesia,
será que existe poesia naquele pálido ponto azul?, ele se pergunta.
Um comentário:
É muita terra para comentar... mas, devagar se vai ao longe!
Abração!
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