Poncion Rodrigues
Na
Bíblia podemos ler que logo após a entrega das tábuas com os 10 mandamentos,
entre eles o enérgico “não matarás”,
o Senhor ordena que se passe nos fios das espadas cerca de 3.500 pessoas, pelo
crime de adoração ao bezerro de ouro, praticado enquanto o patriarca Moisés se
encontrava no alto do Monte Sinai. Recebia as orientações divinas (esse
episódio é analisado com olhar crítico em interessante livro não publicado do
meu amigo Enéas Barros).
Quando,
há cerca de 70 anos, a loucura nazista apontava o povo judeu como culpado por
todas as desgraças humanas, o mundo assistiu com indiferença ao triunfo do mal,
que matou cerca de 6 milhões de judeus na Europa ocupada. O holocausto, desprezível
e condenável em sua brutalidade acontecia sob aplausos do povo alemão, tido
como dos mais civilizados do mundo.
Hoje,
imitando Hitler, os governantes Israelenses ressuscitam o velho espírito
guerreiro entendendo de promover o holocausto da população da faixa de gaza.
Aquela região é habitada por densa população de miseráveis e representa um
gueto, espécie de campo de concentração isolado da ajuda humanitária e da
piedade do mundo. O projeto, mais amplo, visa promover a limpeza étnica contra
o povo palestino. Inspiração divina? Nan-nanin-nanã! Estratégia política para
reverter a expectativa de uma derrota eleitoral...
Já
não importa às autoridades de Israel quantas crianças e adultos inocentes são
dilacerados pela precisão tecnológica dos emissários da morte. É para eles
irrelevante que os alvos sejam creches, escolas ou hospitais.
O
importante é que se reforce o conceito religioso do povo israelita potente,
cruel e invencível, sob o comando do seu Deus e protetor. Aquele mesmo Deus que
testou os limites humanos de Abraão, ordenando-lhe o sacrifício do próprio
filho em ritual sanguinário, sendo a imolação suspensa no último momento, por
interferência do próprio Deus que, apesar de saber, pela sua onisciência, da fidelidade
inquestionável de Abraão, não resistiu aos apelos prazerosos do bom e velho
humor negro.
Nos
nossos dias, quando o domínio do mal se apresenta explícito ao nosso redor,
nunca é demais lembrar que Jesus Cristo foi torturado, crucificado morto e
expulso da história religiosa judaica pelo crime imperdoável de pregar a
difusão do amor abundante entre as criaturas humanas, o perdão e a humildade.
Aquela pregação representava uma ducha de água fria no fervor guerreiro
impregnado da religiosidade feroz que norteava a população da Judéia. Viviam
então sob o domínio Romano. Teria acontecido um “golpe de Estado” no céu? A
política do ódio e da guerra fora vencida pelo amor representado no Nazareno?
(o original).
Bem
aventurados os que têm fomes e sede de justiça! Deles será o reino. Mas será
necessário que sofram todos os suplícios para merecerem o adjetivo de santos?
Amém.
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