terça-feira, 28 de agosto de 2012

DEUS DA GUERRA, ANJOS DA MORTE






Poncion Rodrigues
              
                
                  Aprendemos no antigo testamento que o Deus de Israel é poderoso, vingativo, cruel e impiedoso com os inimigos do “povo escolhido”.
                Na Bíblia podemos ler que logo após a entrega das tábuas com os 10 mandamentos, entre eles o enérgico “não matarás”, o Senhor ordena que se passe nos fios das espadas cerca de 3.500 pessoas, pelo crime de adoração ao bezerro de ouro, praticado enquanto o patriarca Moisés se encontrava no alto do Monte Sinai. Recebia as orientações divinas (esse episódio é analisado com olhar crítico em interessante livro não publicado do meu amigo Enéas Barros).
                Quando, há cerca de 70 anos, a loucura nazista apontava o povo judeu como culpado por todas as desgraças humanas, o mundo assistiu com indiferença ao triunfo do mal, que matou cerca de 6 milhões de judeus na Europa ocupada. O holocausto, desprezível e condenável em sua brutalidade acontecia sob aplausos do povo alemão, tido como dos mais civilizados do mundo.
                Hoje, imitando Hitler, os governantes Israelenses ressuscitam o velho espírito guerreiro entendendo de promover o holocausto da população da faixa de gaza. Aquela região é habitada por densa população de miseráveis e representa um gueto, espécie de campo de concentração isolado da ajuda humanitária e da piedade do mundo. O projeto, mais amplo, visa promover a limpeza étnica contra o povo palestino. Inspiração divina? Nan-nanin-nanã! Estratégia política para reverter a expectativa de uma derrota eleitoral...
                Já não importa às autoridades de Israel quantas crianças e adultos inocentes são dilacerados pela precisão tecnológica dos emissários da morte. É para eles irrelevante que os alvos sejam creches, escolas ou hospitais.
                O importante é que se reforce o conceito religioso do povo israelita potente, cruel e invencível, sob o comando do seu Deus e protetor. Aquele mesmo Deus que testou os limites humanos de Abraão, ordenando-lhe o sacrifício do próprio filho em ritual sanguinário, sendo a imolação suspensa no último momento, por interferência do próprio Deus que, apesar de saber, pela sua onisciência, da fidelidade inquestionável de Abraão, não resistiu aos apelos prazerosos do bom e velho humor negro.
                Nos nossos dias, quando o domínio do mal se apresenta explícito ao nosso redor, nunca é demais lembrar que Jesus Cristo foi torturado, crucificado morto e expulso da história religiosa judaica pelo crime imperdoável de pregar a difusão do amor abundante entre as criaturas humanas, o perdão e a humildade. Aquela pregação representava uma ducha de água fria no fervor guerreiro impregnado da religiosidade feroz que norteava a população da Judéia. Viviam então sob o domínio Romano. Teria acontecido um “golpe de Estado” no céu? A política do ódio e da guerra fora vencida pelo amor representado no Nazareno? (o original).
                Bem aventurados os que têm fomes e sede de justiça! Deles será o reino. Mas será necessário que sofram todos os suplícios para merecerem o adjetivo de santos?
                Amém.

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