segunda-feira, 1 de outubro de 2012

AO MESTRE, COM CARINHO




 Manoel Emílio Burlamarqui de Oliveira
            
          Sempre me pareceu quase impossível planejar o desenvolvimento. Relativamente fácil é planejar a economia, a saúde, a educação, etc, desde que sejam conhecidos objetivos, metas e recursos disponíveis. Mas, esse planejamento setorial pouco tem a ver com o desenvolvimento, pelo menos, como eu penso.
            Tenho o desenvolvimento como um espaço compreendido entre o nascimento e a morte de qualquer coisa, seja uma de uma ideia, de um projeto, ou de um ser, animado ou não. Penso o desenvolvimento como sobrevivência do homem na terra, como continuidade de sua existência em um universo do qual faz parte.
            E, pensá-lo assim, torna-se-me muito doloroso, pois aquilo em que foi transformado, meio de dominação e não preservação, é, apenas, uma arma para a manutenção do poder em mãos de poucos.
            O poder nunca se preocupou com o Homem, com pensar o mundo. Deixou essa tarefa para os “filósofos”, estigmatizados e afastados dos simples mortais, como teóricos, utópicos, criaturas inteligentes mas, muito chatas... No entanto, sempre utilizou seus ensinamentos, para deturpá-los e distorcê-los em causa própria. Pelo que parece, todos eles foram considerados subversivos, até Aristóteles, depois de ajudar Alexandre a dominar o mundo.
            Mas alguma cousa está mudando... Com o salto no mundo da comunicação, a Aldeia Global materializou-se. Compreende, hoje, que o projetado em qualquer parte do mundo, atinge o mundo todo. O desenvolvimento não se faz em ilhas, não elege regiões, não privilegia povos. Não há, mais, o que esconder, O REI ESTÁ NU! A Aldeia Global dá início ao seu clamor por solidariedade e fraternidade, participação, até subversão (dos seguidores do Buda, de Jesus, do Mahatma, de Mandela...), quer a humanização do poder.
            Continuarão, sem dúvida, os planos setoriais, a se multiplicarem insuportavelmente, seguindo os seus fracassos, uma vez que não visam, ou não veem o amanhã, no seu imediatismo descompromissado. O poder, ao pensar só o poder, atrasa o desenvolvimento, se não o destrói. O choque entre poder e desenvolvimento é o dilema atual: O Apocalipse está aproximando-se, ou a humanidade continuará sobrevivendo?
            Fez-se a luz no final do túnel! Descubro o papel dos planejadores do desenvolvimento, dos planejadores da conservação da vida:planejar a organização dos que clamam por um poder humanizado, para que transformem o Poder-dominação, em Poder-libertação!
                Talvez, o que escrevi acima sejam bobagens de um “caducante”. Se as publico, é que foi o meio, escolhido por mim, para expressar a minha admiração e o meu respeito por um querido e velho amigo, que me propiciou o distinguir o sério do caricato. Pensador e Mestre, ousou pensar o Mundo para chegar ao Piauí. E, ousou propor à Academia Piauiense de Letras, que se tornasse palco de discussões de ideias novas. O meu abraço, caríssimo professor Raimundo Nonato Monteiro de Santana, pioneiro do planejamento no meu Piauí.

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