A. J. de O. Monteiro
Poema das
Curvas (Oscar Niemayer)
"Não é o ângulo reto
que me atrai,
nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein."
nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein."
Nestes últimos trinta
dias acompanhei pelo noticiário a evolução do estado de saúde de Oscar Niemayer
com a certeza do irreversível e com a esperança dos sonhos que ele nos ensinou
a sonhar. Em vão. No meio da noite passada, já sonolento, mas ainda com os
fones de ouvido conectados ao rádio senti os sonhos se desfazerem pela voz
embargada do locutor, sentenciando: “Morre no Rio, o arquiteto Oscar Niemeyer”.
Demorei a dormir novamente tomado por uma retrospectiva pessoal que me fez
passear em Brasília, onde vivi por 22 anos, revendo seus monumentos, criados
pela genialidade do grande arquiteto.
Deixei Teresina por
força das circunstâncias do momento. Segui para Brasília tomado pelo medo do
desconhecido e pela imagem negativa que se tentava passar da nova capital,
principalmente a arrogante e ressentida imprensa carioca que tentava a todo
custo mitificar Brasília como uma cidade desumana, sem alma, sem futuro e sem
esquinas. Quem hoje pode desfrutar das famosas esquinas do Rio, em Paz?
Desembarquei na
Rodoviária do Plano Piloto no dia 30 de maio de 1973 e, assustado, olhei para
os todos os quadrantes e vi horizontes; horizontes que ele, Oscar Niemeyer e
Lúcio Costa deixaram livres como se dissessem ao Brasil: vai, teu futuro está
logo ali, vai ao encontro dele!.
Hoje, de volta a
Teresina, vivo o futuro que conquistei em Brasília – modesto, em virtude de
minhas próprias limitações, mas que não sei se alcançaria aqui, por força das
circunstâncias.
Por fim, encerrando
esta minha homenagem ao verdadeiro gênio da raça que a partir de um sonho de Juscelino
Kubstschek e ao lado de Lúcio Costa, Bernardo Sayão, Darcy Ribeiro e milhares
de candangos, principalmente nordestinos, traçou não só uma cidade, mas um
futuro para o Brasil e para os brasileiros, digo: Obrigado Oscar, teus
tormentos não foram em vão.
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