quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OSCAR RIBEIRO DE ALMEIDA NIEMAYER SOARES FILHO




A. J. de O. Monteiro

Poema das Curvas (Oscar Niemayer)

"Não é o ângulo reto que me atrai,
nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein."
            
              Nestes últimos trinta dias acompanhei pelo noticiário a evolução do estado de saúde de Oscar Niemayer com a certeza do irreversível e com a esperança dos sonhos que ele nos ensinou a sonhar. Em vão. No meio da noite passada, já sonolento, mas ainda com os fones de ouvido conectados ao rádio senti os sonhos se desfazerem pela voz embargada do locutor, sentenciando: “Morre no Rio, o arquiteto Oscar Niemeyer”. Demorei a dormir novamente tomado por uma retrospectiva pessoal que me fez passear em Brasília, onde vivi por 22 anos, revendo seus monumentos, criados pela genialidade do grande arquiteto.
            Deixei Teresina por força das circunstâncias do momento. Segui para Brasília tomado pelo medo do desconhecido e pela imagem negativa que se tentava passar da nova capital, principalmente a arrogante e ressentida imprensa carioca que tentava a todo custo mitificar Brasília como uma cidade desumana, sem alma, sem futuro e sem esquinas. Quem hoje pode desfrutar das famosas esquinas do Rio, em Paz?
            Desembarquei na Rodoviária do Plano Piloto no dia 30 de maio de 1973 e, assustado, olhei para os todos os quadrantes e vi horizontes; horizontes que ele, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa deixaram livres como se dissessem ao Brasil: vai, teu futuro está logo ali, vai ao encontro dele!.
            Hoje, de volta a Teresina, vivo o futuro que conquistei em Brasília – modesto, em virtude de minhas próprias limitações, mas que não sei se alcançaria aqui, por força das circunstâncias.
            Por fim, encerrando esta minha homenagem ao verdadeiro gênio da raça que a partir de um sonho de Juscelino Kubstschek e ao lado de Lúcio Costa, Bernardo Sayão, Darcy Ribeiro e milhares de candangos, principalmente nordestinos, traçou não só uma cidade, mas um futuro para o Brasil e para os brasileiros, digo: Obrigado Oscar, teus tormentos não foram em vão.

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