Um nada santo Papa! |
A. J. de O. Monteiro
Depois que morreram D. Helder Câmara, o físico César Lattes, Irmã Dulce e o escritor Jorge Amado, a imprensa brasileira desistiu de cogitar um prêmio Nobel para nosso país, pois após os acima citados, nenhum patrício com chances de disputar tal laurel apareceu.
Mas
a nossa briosa e patriota mídia não desiste de elevar um brasileiro a um posto
de relevância internacional. No momento atual com a anunciada renúncia de Bento
XVI, temos observado a postura farsista dos maiores veículos de comunicação
passando para a o povo, principalmente para os católicos, que existem cinco
cardeais brasileiros entre os “papáveis”. Isso é sofisma, porquanto todos os
cardeais com menos de 80 anos são elegíveis. O que eles não dizem – mas nós
sabemos – é que a igreja brasileira não tem representatividade política no
Vaticano. Senão vejamos: O Brasil – dizem – tem o maior número de católicos
dentre todos os países, mas, com apenas cinco cardeais, está bem distante da
representatividade de países com bem menos católicos – Itália (28); EUA (11);
Alemanha (6) e Europa como um todo (63). É de se observar que em toda história
do catolicismo, apenas dois não italianos foram escolhidos Papa, mesmo assim, europeus.
Mas,
assim mesmo, façamos um exercício de imaginação elegendo um papa brasileiro.
Creio que a coisa seria mais ou menos assim: Tão Logo a fumaça branca saísse da
chaminé do Vaticano e o Cardeal Francisco da Silva assomasse à sacada do
palácio ouviríamos a musiquinha tan-tan-tan tan-tan-tan e o ufanista brado do
locutor de todos os grandes eventos: FRRRRRRRANISCO DA SILVA É É É É É É É DO
BRASIL!!!! O cardeal camerlengo anuncia o nome adotado pelo novo pontífice:
FRANCISCO BENTO I (Francisco em homenagem ao seu patrono – São Francisco e
Bento em homenagem ao seu antecessor Bento XVI). Confesso que achei uma
temeridade a escolha de tal nome pois irreverente como é o brasileiro, logo,
logo começarão a chamá-lo de Xico Bento I.
Imaginemos
também a primeira audiência do nosso papa, na Praça de São Pedro, para a bênção
“Urbe et Orbi”. Uma apoteose! A famosa Praça colorida com bandeiras de todos os
times de futebol e escolas de samba do Brasil, dois trios elétricos com duas
baianas pernudas berrando e pinoteando. Banquinhas vendendo fitas do Senhor do
Bonfim, outras com CDs piratas com os hits homenageando o pontífice,
churrasquinho de gato e, pasmem, uma ala de baianas de escola de samba
acompanhada da ensurdecedora bateria. Enfim, o momento mais esperado Xico,
digo, Francisco Bento I surge no balcão e ai ecoa em uníssono: A-HÁ, U-HU, O
VATICANO É NOSSO!
Por
fim, como bom brasileiro, gostaria de contribuir para o sucesso do papado de
Xico, digo, Francisco Bento I, sugerindo-lhe o nome do ítalo-brasileiro
Salvatore Cacciola para presidente do IOR – Instituto de Obras Religiosas o
Banco do Vaticano.
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