quarta-feira, 1 de maio de 2013

TESO DURO



Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
            
                  Monteiro Lobato e J. M. Barrie, como gênios da lâmpada, imaginaram e criaram paraísos para nós, crianças e jovens, que tiveram a ventura (e a aventura) de compartilhar com as personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo e da Terra do Nunca, onde o amor, a bondade, a curiosidade, o saber, sempre foram acompanhantes de D. Benta, Tia Nastácia, Pedrinho, Narizinho, Emília, Visconde, Quindim, Burro Falante, Rabicó, e de Peter Pan, Wendy e seus irmãos, fada Sininho, os Meninos Perdidos e, até o capitão Gancho, com seus piratas e o indefectível crocodilo! Lembro-me da luta de Gancho com Peter Pan, quando aquele pergunta a Peter, antes de ser derrotado, quem era ele e obtém a resposta: “eu sou a juventude!”.
                Pois bem, eu, também, tive meu sítio do pica-pau amarelo, a minha terra do nunca, onde a juventude morava, o Sítio do Teso Duro!
                Sou todo saudade, ao evocar minha avó Preta e meu avô Manoel Carlos, minha Tia Santa (Lormina) e meu tio Vaz (Joaquim Vaz da Costa), meus primos e primas, Dandosinha (Maria), Beta (Albertina), Primo, Rui, Clotilde, Lormina, que já não estão mais conosco, e, mais, o Cloves e o João Pessoa, que residem, hoje, em Belo Horizonte e Recife, e, ainda Tio Humberto e seus filhos, a prima Emiliana, com seus filhos Regina e Edmundo, a Dedé, que morava com meus avós, até seu casamento com o primo Celestino, que também já nos deixaram... O Carrão (xará de meu pai Carlos) e seu filho Newton, também nossos primos... E mais quantas personagens, que precisaria de outro livro e de uma memória menos fraca para nomeá-las...
Pessoas que só pensavam em fazer o bem, em ajudar os outros, que viviam a vida alegremente, levando essa alegria de viver ao que lhes rodeavam... Ah! anos 40... Brincadeiras de roda (fogo apagou, anel, histórias e cantigas, e tantas outras que fogem á lembrança) em que crianças menores, filhos da Dandozinha se misturavam conosco, que virávamos crianças, também...
Jogos de baralho, à luz de lamparinas, com meus avós e o Edmundo, meu par preferido do jogo de bisca, também conhecido como sueca. Discussões, brigas, gozações, jogássemos errado ou certo, que terminavam em gostosas risadas. E, depois, rede, onde dormia, sonhando sonhos os mais gostosos, que até ficava com raiva quando acordava...
E dizem que o passado não volta... Nem é preciso, pois se encontra, vivo, em mim!
(do livro De Corpo Inteiro)

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