Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Monteiro Lobato e J. M. Barrie, como gênios da lâmpada, imaginaram e criaram paraísos para nós, crianças e jovens, que tiveram a ventura (e a aventura) de compartilhar com as personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo e da Terra do Nunca, onde o amor, a bondade, a curiosidade, o saber, sempre foram acompanhantes de D. Benta, Tia Nastácia, Pedrinho, Narizinho, Emília, Visconde, Quindim, Burro Falante, Rabicó, e de Peter Pan, Wendy e seus irmãos, fada Sininho, os Meninos Perdidos e, até o capitão Gancho, com seus piratas e o indefectível crocodilo! Lembro-me da luta de Gancho com Peter Pan, quando aquele pergunta a Peter, antes de ser derrotado, quem era ele e obtém a resposta: “eu sou a juventude!”.
Pois
bem, eu, também, tive meu sítio do pica-pau amarelo, a minha terra do nunca,
onde a juventude morava, o Sítio do Teso Duro!
Sou
todo saudade, ao evocar minha avó Preta e meu avô Manoel Carlos, minha Tia
Santa (Lormina) e meu tio Vaz (Joaquim Vaz da Costa), meus primos e primas,
Dandosinha (Maria), Beta (Albertina), Primo, Rui, Clotilde, Lormina, que já não
estão mais conosco, e, mais, o Cloves e o João Pessoa, que residem, hoje, em
Belo Horizonte e Recife, e, ainda Tio Humberto e seus filhos, a prima Emiliana,
com seus filhos Regina e Edmundo, a Dedé, que morava com meus avós, até seu
casamento com o primo Celestino, que também já nos deixaram... O Carrão (xará
de meu pai Carlos) e seu filho Newton, também nossos primos... E mais quantas
personagens, que precisaria de outro livro e de uma memória menos fraca para
nomeá-las...
Pessoas que só
pensavam em fazer o bem, em ajudar os outros, que viviam a vida alegremente,
levando essa alegria de viver ao que lhes rodeavam... Ah! anos 40...
Brincadeiras de roda (fogo apagou, anel, histórias e cantigas, e tantas outras
que fogem á lembrança) em que crianças menores, filhos da Dandozinha se
misturavam conosco, que virávamos crianças, também...
Jogos de baralho,
à luz de lamparinas, com meus avós e o Edmundo, meu par preferido do jogo de
bisca, também conhecido como sueca. Discussões, brigas, gozações, jogássemos
errado ou certo, que terminavam em gostosas risadas. E, depois, rede, onde
dormia, sonhando sonhos os mais gostosos, que até ficava com raiva quando
acordava...
E dizem que o
passado não volta... Nem é preciso, pois se encontra, vivo, em mim!
(do livro De Corpo Inteiro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário