quarta-feira, 1 de maio de 2013

CAXI O QUÊ?





A. J. de O. Monteiro

O estado da Bahia é prodigo em dar à luz gente diferenciada nos vários campos das manifestações intelectuais: artes plásticas, literatura (prosa e poesia), música, teatro, enfim, em todas vertentes intelectuais. Nas artes plásticas pontifica Iberê Camargo, na literatura Jorge Amado alcançou à condição de ícone internacional, na boa música, então, a boa terra presenteou o Brasil com compositores e cantores do nível de Caetano, Gil, Raul Seixas, Betânia e Gal, para citar uns poucos, entre tantos.
                A questão é que, na mesma proporção que produz qualidade, a terra de Castro Alves também produz gente bizarra e bizarrices de toda ordem,  como a tal “axé music” que agrediu a MPB com pérolas do nível das abomináveis “segura o tchan”, “na boquinha da garrafa” e “água mineral.” A cada carnaval um (às vezes mais de um) ritmo novo, acompanhado de uma coreografia que se situa entre a bizarrice e a pornografia é lançado e inunda o Brasil através dos meios de comunicação. Todos ganham com produto barato, ruim e passageiro. Menos a boa arte que cada dia mais é afastada do povo.
                E ganham muito dinheiro com isso!
                Agora, aproveitando os próximos eventos futebolísticos (que termo!), a figura mais bizarra entre as tantas que a boa terra já produziu e que nos carnavais se fantasia de figuras imprecisas misturando características de várias culturas (africana, hindu e ameríndia) numa verdadeira mixórdia com turbantes, ou cocares, colares, saiotes de penas e outros adereços espalhafatosos, lança, com todas as pompas e circunstâncias a CAXIROLA: Instrumento de fazer barulho, com o qual pretende ocupar o espaço das terríveis “vuvuzelas” sul-africanas que tanto nos incomodava, mesmo aqui, do outro lado do mundo.
                Se o instrumento é bizarro, o nome – caxirola – é tanto ou mais ridículo que aquele escolhido para o nosso simpático tatu-bola, eleito símbolo da copa, que, até mesmo por estar ameaçado e extinção, merecia mais respeito. O nome FULECO, dizem ser uma aglutinação de futebol + ecologia. Será então CAXIROLA a aglutinação de caxixi + rola? (ainda se usa o circunflexo?).
                No jogo de reinauguração do estádio Fonte Nova entre os times Bahia e Vitória, a torcida do tricolor baiano, irritada com a derrota no clássico, fez chover caxirolas no gramado, gesto que provocou irada reação do jornalista Thadeu Revólver. O rapaz chamou os torcedores de mal educados e, pasmem, disse que o instrumento deveria ser tratado como orgulho nacional!, pasmem! Tal reação me fez pensar: qual o interesse que o jornalista ou a empresa que o paga têm no tal instrumento? O certo é que a emissora do “plim-plim” já exibiu a tal caxirola em seus noticiários e programas de variedades, por diversas vezes.
                Tudo bem que o cara queira ganhar dinheiro vendendo sua invenção à torcida entorpecida pelo ufanismo que o futebol desperta, tudo bem! Tudo bem que uma emissora de televisão ou quaisquer outro meio de comunicação queiram entrar no baile e lucrar com isso, tudo bem, também! O que não fica nada bem é a Presidente da República, acompanhada do bizarro “inventor”, aparecer na televisão chacoalhando a bizarra “invenção” e chacoalhando também a dignidade do cargo que ocupa, deixando estupefata parte da sociedade que ainda tem algum senso do ridículo.
                E viva o povo brasileiro, os seus inventores e suas invencionices

Nenhum comentário: