A. J. de O. Monteiro
O estado da
Bahia é prodigo em dar à luz gente diferenciada nos vários campos das
manifestações intelectuais: artes plásticas, literatura (prosa e poesia),
música, teatro, enfim, em todas vertentes intelectuais. Nas artes plásticas
pontifica Iberê Camargo, na literatura Jorge Amado alcançou à condição de ícone
internacional, na boa música, então, a boa terra presenteou o Brasil com
compositores e cantores do nível de Caetano, Gil, Raul Seixas, Betânia e Gal,
para citar uns poucos, entre tantos.
A
questão é que, na mesma proporção que produz qualidade, a terra de Castro Alves
também produz gente bizarra e bizarrices de toda ordem, como a tal “axé music” que agrediu a MPB com
pérolas do nível das abomináveis “segura o tchan”, “na boquinha da garrafa” e
“água mineral.” A cada carnaval um (às vezes mais de um) ritmo novo,
acompanhado de uma coreografia que se situa entre a bizarrice e a pornografia é
lançado e inunda o Brasil através dos meios de comunicação. Todos ganham com
produto barato, ruim e passageiro. Menos a boa arte que cada dia mais é
afastada do povo.
E
ganham muito dinheiro com isso!
Agora,
aproveitando os próximos eventos futebolísticos (que termo!), a figura mais
bizarra entre as tantas que a boa terra já produziu e que nos carnavais se
fantasia de figuras imprecisas misturando características de várias culturas
(africana, hindu e ameríndia) numa verdadeira mixórdia com turbantes, ou cocares,
colares, saiotes de penas e outros adereços espalhafatosos, lança, com todas as
pompas e circunstâncias a CAXIROLA: Instrumento de fazer barulho, com o qual
pretende ocupar o espaço das terríveis “vuvuzelas” sul-africanas que tanto nos
incomodava, mesmo aqui, do outro lado do mundo.
Se
o instrumento é bizarro, o nome – caxirola – é tanto ou mais ridículo que
aquele escolhido para o nosso simpático tatu-bola, eleito símbolo da copa, que,
até mesmo por estar ameaçado e extinção, merecia mais respeito. O nome FULECO,
dizem ser uma aglutinação de futebol + ecologia. Será então CAXIROLA a
aglutinação de caxixi + rola? (ainda se usa o circunflexo?).
No
jogo de reinauguração do estádio Fonte Nova entre os times Bahia e Vitória, a
torcida do tricolor baiano, irritada com a derrota no clássico, fez chover
caxirolas no gramado, gesto que provocou irada reação do jornalista Thadeu
Revólver. O rapaz chamou os torcedores de mal educados e, pasmem, disse que o
instrumento deveria ser tratado como orgulho nacional!, pasmem! Tal reação me
fez pensar: qual o interesse que o jornalista ou a empresa que o paga têm no
tal instrumento? O certo é que a emissora do “plim-plim” já exibiu a tal
caxirola em seus noticiários e programas de variedades, por diversas vezes.
Tudo
bem que o cara queira ganhar dinheiro vendendo sua invenção à torcida
entorpecida pelo ufanismo que o futebol desperta, tudo bem! Tudo bem que uma
emissora de televisão ou quaisquer outro meio de comunicação queiram entrar no
baile e lucrar com isso, tudo bem, também! O que não fica nada bem é a
Presidente da República, acompanhada do bizarro “inventor”, aparecer na
televisão chacoalhando a bizarra “invenção” e chacoalhando também a dignidade
do cargo que ocupa, deixando estupefata parte da sociedade que ainda tem algum
senso do ridículo.
E
viva o povo brasileiro, os seus inventores e suas invencionices
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