terça-feira, 20 de agosto de 2013

PARA UM INSENSATO



Rui Azevedo

Ontem, a zanga tomou conta de mim.
Inconsequente, blasfemei contra mim mesmo,
E arrefecendo minha inquieta alma,
Disse para mim:
Eu não seria tanto, não fosse o quanto me amo.
Eu não me amaria tanto, não fosse o tanto que sou.
Passada a zanga e com a alma quieta,
Olhei-me no espelho feito Narciso e,
Empoderado pela flacidez inocente do olhar,
Disse para mim mesmo:
És tão somente o homem que gostarias de ser
E não te confundes.
Acalma-te!
Muitos gostariam de estar em teu lugar.
Poucos se olham no espelho e encontram
O que julgava perdido.
Muitos se fecham numa redoma
E se perdem girando em círculos,
Sem encontrar a porta de saída.

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