A. J. de O. Monteiro
Hoje
conclui a leitura do livro “VAIDADE, POEIRA E VENTO”, de autoria do piauiense Cláudio
Said. O livro foi a mim presenteado pelo amigo Manoel Emílio (isso já é sintoma
de que a obra tem qualidade).
Certo
dia, Manoel liga pra mim e me convida para ir a sua casa tomar uma cachaça
mineira. Logo que sentei, ele me estende um livro, dizendo: "Monteiro, leia a
última página desse livro". O que fiz com estranhamento, é claro. O que o meu
amigo quis foi mostrar a coincidência entre o final do livro e o final de uma “estória”
que publiquei aqui no Brogue da Tia
Corina, sob o título “Tanto Amor... Tanto Mar...”. Não vou mencionar tal
coincidência, para não bancar o “estraga prazer”.
O
livro me encantou. O autor, com fluidez e domínio do tema, faz uma mixagem
entre a realidade que pesquisou e a sua imaginação, romanceando a rica história
de vida de Lampião, o “rei do cangaço”, entrelaçada com a história de Zé
Limeira, o “poeta do absurdo” e, em menor presença, Pe. Cícero e políticos contemporâneos
interagindo entre eles e os personagens ficcionais. Quem quiser descobrir o que
é real, e o que é ficção, o autor indica as fontes de sua pesquisa.
A habilidade narrativa do escritor nos transporta pelo nordeste do início do
século passado, através das cidades e matas que serviram de cenários para as pelejas
de balas entre Lampião e as volantes policiais e as pelejas de palavras entre
Zé Limeira e outros cantadores famosos. Nessas toadas nos apresenta aos homens
e mulheres do sertão daquela época, com seus hábitos e costumes; com seus
pudores e despudores; com suas virtudes e seus pecados. Tudo isso ele nos oferece
através das reminiscências de um velho pároco que, fechando o balanço da vida, faz
uma velada mas pertinente crítica aos grandes atores da época: a igreja, o
governo, a política do coronelismo e à sociedade em si mesma, ao mesmo tempo
puritana e devassa.
Gostei
e recomendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário