José Luiz Santiago
O
incêndio do Gran Circus Norte-Americano em Niterói no dia 17 de dezembro de
1961 deixou mais de 400 mortos, a maioria crianças. O empresário do setor de
cargas José Daltrino, com 44 anos, não suportou ver tanto sofrimento e foi para
o local, consolar as pessoas. Ali começava a belíssima história do Profeta
Gentileza, um homem praticamente rico que abandonou tudo para pregar, de um
jeito bem carioca, e se dedicar ao semelhante. Seguramente
muitos do Rio se lembram daquela figura singular de cabelos longos, barbas
brancas, vestindo uma bata alvíssima com apliques cheios de mensagens, com um
estandarte na mão com muitos dizeres em vermelho, que a partir dos inícios de
1970 até a sua morte em 1996 percorria toda a cidade, viajava nas barcas
Rio-Niterói, entrava nos trens e ônibus para fazer a sua pregação e oferecer
flores aos passantes.
A
partir de 1980 encheu as 55 pilastras do viaduto do Caju, perto da rodoviária,
com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa
ao mal-estar de nossa civilização, denunciando as ameaças à natureza, pregando
o "AMORRR" (ele tinha um modo peculiar de escrever) e a gentileza
como salvação do mundo.
Tempos
depois, suas palavras foram cobertas de tinta cinza por ordem da prefeitura.
Hoje, recuperados por meio de um projeto da Universidade Federal Fluminense, os
textos do Profeta Gentileza são considerados patrimônio artístico-cultural no
Rio de Janeiro. Aos que o chamavam de louco, respondia: - "Sou maluco para
te amar e louco para te salvar".
Que
a gente possa, nesta semana, espalhar um pouco da gentileza do Profeta e tornar
o Rio mais humano. Vale tudo: um elogio, um sorriso, um cumprimento, uma
atitude! Podemos não mudar o mundo, mas tornar a vida do semelhante mais leve
já será um grande feito! Boa semana para todos!
NOTA: Copiado do perfil do autor no "facebook"
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