quarta-feira, 30 de outubro de 2013

“SE ESSA RUA, SE ESSA RUA FOSSE MINHA...”



Ricardo Cruz
                Agora no almoço conversava com colega psicólogo carioca e falávamos do espaço da rua e suas possibilidades. Lembrávamos como a rua nos ajudou no nosso brincar, esconde-esconde, pião, bola de gude, “soltando pipa”, a velha baladeira, barquinho de papel quando vinha a chuva (no Piauí demora, mas chega), jogando bola na rua que deixava suas marcas nos joelhos e ajudava a construir a nossa história. Quantas amizades não se construíram no decorrer de nossa caminhada? surgida nesse espaço de transformação onde permitia um encontro livre dos muros e grades das casas e prédios. Permitindo que o nosso imaginário fosse ampliado pelas trocas de olhares, sorrisos, duvidas vividas, vindas do nosso crescimento.
                Essa mesma rua que foi abandonada por muitos, aterrorizadas por outros, porém para muitos jovens ainda existe um desejo de resistir compreendendo a rua como espaço de sonhos, de troca, de uma nova sociedade humana e igualitária. Essa mesma rua que a mídia ajuda a destruir, associando a miséria e ao caos colocando-a como local de perigo tendo em vista que as nossas relações, o individualismo, as desigualdades o nosso modo de viver é que tem trazido tanto sofrimento.
                Que sociedade estamos sonhando, lutando e construindo onde os nossos jovens tem se distanciado dos espaços de encontro, espero que possamos resistir para podermos permitir dias melhores para a MASSA (no qual fazemos parte). UM SONHO DE SONHADOR MALUCO QUE SOU....
                É nesse sentido que caminho com o Querido Mujica ao dizer: “Pertenço a uma geração que busca outro mundo, fui afastado, derrotado, pulverizados, porém sigo sonhando que vale apena LUTAR (nas RUAS) para que a gente possa viver um pouco melhor e com um maior sentido de IGUALDADE”.
                Continuarei caminhando NA RUA esse espaço de possibilidades “...Porque Se essa Rua, Se essa Rua fosse minha...”
RUA DA GLÓRIA
Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                Lembrar da minha Rua da Glória, já calçada nos anos 30, cheia de amendoeiras, com frutos, ora amarelos, ora vermelhos, todos de fazer a gente ficar de boca cheia d’água, lembrar de Rua da Estrela, ainda na areia, e das travessas que as ligavam, só areia, e capim, e de todas as brincadeiras e peraltices de que falou teu filho, e, mais, dos "cavalos", feitos dos talos de buriti que cercavam os quintais... tempos "idos e vividos", "que não voltam mais", mas que resistem em permanecer dentro de mim!
                Ah, se aquela rua fosse minha! eu esfolaria qualquer gestor que tivesse o desplante de transformá-la num simples caminho de usuários do comércio, em nome de uma urbanização irracional, em que a humanização foi pras cucuias... Obrigado a ti, amigo, e a teu filho, por me fazerem chorar, de saudade do que foi, e de pena do que é...
               Aguenta, coração!

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