Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Conceitualmente,
Moral “é um conjunto de regras, normas, que orientam, regulam, o comportamento
do homem na sociedade”. Já, a Ética, “é a forma, individual, de como age,
reage, face a esses regulamentos morais.” (Ponho as aspas, por serem conceitos
milenares, encontrando-os, com palavras semelhantes, nos escritos dos filósofos
de todos os tempos...) Enquanto a moral, e/ou, seus princípios, acompanham o
surgimento da sociedade e tem caráter obrigatório (Durkheim), a Ética é
relativa ao caráter das pessoas. O Pragmatismo, cujo valor principal, é a
obtenção dos resultados que o indivíduo ou as instituições almejam, desdenha da
Ética e da Moral, seguindo o seu filósofo, político, e criador, Maquiavel,
quando afirma que ´”a política é a arte do possível”. Quem leu seu livro “O
Príncipe”, pode ter escandalizando-se, não, apenas, com seu princípio
filosófico “os fins justificam os meios”, mas, sobretudo com seus conselhos ao
Príncipe para aprender a não ser bom, por que, para se dar bem, mentir,
trapacear, não ter palavra, roubar, deveriam ser encarados como necessários ao
sucesso ( Parecido com “o negócio é levar vantagem”, não?). O povo brasileiro
nunca teve acesso a um conhecimento que lhe permitisse analisar e criticar
nossas instituições, os atos e as ações de “nossos” representantes, os
julgamentos de nossos juízes, a legalidade dos protestos e das reivindicações
dos excluídos, a ilegitimidade de leis imorais, caducas, contraditórias,
injustas, que, ainda hoje, se aplicam no nosso quotidiano. O povo brasileiro
acostumou-se e aceitou a “lei de Gerson”, o “dando é que se recebe”(uma injúria
a um homem santo!), às promessas não cumpridas, `as falcatruas, aos roubos de
toda a natureza, a privatarias e mensalões, aos escandalosos abraços e acordos
com quem, antes, eram considerados malfeitores públicos, pois, foi-nos incutido
que tudo isso, e muito mais, é uma exigência da tal “governabilidade” e é uma
característica desse malfadado “estado democrático de direito" Os
letrados, os intelectuais, os doutores, os jabotis que colocamos em cima da
árvore, leram, gostaram , assimilaram, e puseram em prática, o maquiavelismo. É
preciso citar nomes? Não o creio. Eles ainda estão trepados, ou querendo ser
colocados, lá, de novo. Acredito na mudança. Não tão rápida, como desejamos,
nem tão lenta, como esperam nossos políticos. Novos agentes entraram em campo,
pondo a tal mídia de orelhas em pé. A “liberdade de imprensa” deles está indo
pro beleléu, com suas falsidades, sua subserviência, paga, naturalmente, seu
comprometimento e sua conivência com o poder. Esperemos as novas campanhas
políticas, as novas eleições, para sentirmos o que prenunciarão.
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