terça-feira, 1 de outubro de 2013

EMBARGOS... EMBARGOS...


Poncion Rodrigues
Foi assim, o nobre ministro Celso de Melo, honrando as sólidas tradições brasileiras, manifestou-se com seu voto pela ajuda cristã aos nossos amados bandoleiros do mensalão, ameaçados de prisão pela insensatez de alguns dos seus pares, como se fossem criaturas comuns. Parecia estar em curso uma crudelíssima conspiração contra uma das mais intrínsecas características da vida nacional: O brasileiríssimo direito de roubar o dinheiro público. Neste delicado momento, caso Deus e o outro supremo não tomem rigorosas e didáticas providencias, essa tal onda de legalidade haverá de tentar impedir que sua excelência, a cleptomania, canalize como sempre o fez, uma reles porcentagem da nossa carga tributária para as contas e bolsos dos que sempre fizeram por merecê-la.
Mil vezes maldita é a intolerância audaciosa, que acaba de ser freada em sua sanha punitiva, pela monolítica barreira dos intocáveis senhores da justiça. É por isso que eu me ufano do meu país. Quem afinal, não se orgulharia do STJ? Após oito anos em busca do perfeccionismo de um julgamento limpo, revestido da grandeza que caracteriza a verdadeira humildade, impediu a prisão de nossos heróis já apenados. Consideraram, pois, que errar é inerente à criatura humana, enquanto a possibilidade do perdão pertence à condição divina. E foi bafejada pela inspiração divina que uma singela figura jurídica, com pornográfico nome de “embargos infringentes” foi evocada por pura preocupação em promover a verdadeira justiça. O senhor Deus lhes recompensará.
Quanto aos intolerantes, descomprometidos com a decência e com o perdão dos pecados alheios, os horrores do inferno serão seus prêmios.
Viva, pois, para sempre, o sagrado direito de roubar! 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom! Parabéns.