Poncion Rodrigues
Foi assim, o nobre ministro Celso de
Melo, honrando as sólidas tradições brasileiras, manifestou-se com seu voto
pela ajuda cristã aos nossos amados bandoleiros do mensalão, ameaçados de
prisão pela insensatez de alguns dos seus pares, como se fossem criaturas
comuns. Parecia estar em curso uma crudelíssima conspiração contra uma das mais
intrínsecas características da vida nacional: O brasileiríssimo direito de
roubar o dinheiro público. Neste delicado momento, caso Deus e o outro supremo não tomem rigorosas e
didáticas providencias, essa tal onda de legalidade haverá de tentar impedir
que sua excelência, a cleptomania, canalize como sempre o fez, uma reles
porcentagem da nossa carga tributária para as contas e bolsos dos que sempre
fizeram por merecê-la.
Mil vezes maldita é a intolerância
audaciosa, que acaba de ser freada em sua sanha punitiva, pela monolítica
barreira dos intocáveis senhores da justiça. É por isso que eu me ufano do meu
país. Quem afinal, não se orgulharia do STJ? Após oito anos em busca do
perfeccionismo de um julgamento limpo, revestido da grandeza que caracteriza a
verdadeira humildade, impediu a prisão de nossos heróis já apenados.
Consideraram, pois, que errar é inerente à criatura humana, enquanto a
possibilidade do perdão pertence à condição divina. E foi bafejada pela
inspiração divina que uma singela figura jurídica, com pornográfico nome de
“embargos infringentes” foi evocada por pura preocupação em promover a
verdadeira justiça. O senhor Deus lhes recompensará.
Quanto aos intolerantes,
descomprometidos com a decência e com o perdão dos pecados alheios, os horrores
do inferno serão seus prêmios.
Viva, pois, para sempre, o sagrado
direito de roubar!
Um comentário:
Muito bom! Parabéns.
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