terça-feira, 21 de janeiro de 2014

EU, O EX-CANDIDATO – PARTE FINAL (OU NÃO...?).




A. J. de O. Monteiro
                Desgostoso com a política partidária que se pratica em Cajuína, e, por consequência, no Estado do Cajui (não é jogo para amador), após cumprir meu mandato de prefeito da Capital, retirei-me da cena para dedicar-me ao ócio com cerveja e a falar mal dos políticos, sempre seguindo os ensinamentos de meu guru, o hoje octogenário, Mago Manu.
                A política partidária, pude perceber nesse tempo, é a arte do sofisma e das reticências, com a qual não me identifiquei e sem estas habilidades “intelectuais”, nem tente a carreira: Você está fadado ao fracasso e  vai virar motivo de galhofa no meio.
                Em cajuína é assim, e no Estado do Cajui a arte atingiu o limite da perfeição. Tanto que, encenada há centenas de anos, com o mesmo “script”, com os mesmos atores, da mesma escola se revezando nos papéis, a peça nunca sai de cartaz.
                O interessante é que, mesmo sendo uma peça (também no sentido de engodo), há tantos e tantos anos encenada, os atores são cautelosos e ensaiam cuidadosamente como se fosse uma estreia. Não querem dar chance ao azar. Naquele meio prevalece a máxima: “Bobeatum sum, empalatum est”. Às vezes ocorrem cisões entre os subgrupos do elenco da “Escola Cajuiense de Política Partidária”, como agora. Essas cisões são, geralmente, provocadas pela extremada vaidade inerente aos do ramo, ou porque o butim é parco.
                Uma única vez (pelo menos que me lembre), um ator de escola diferente assumiu o papel de protagonista. Tentou mudar o “script”, mas não conseguiu pois, carente de coadjuvantes (em número e experiência), teve que recrutá-los na escola tradicional e estes lhe impuseram o “script” consagrado, com o argumento de que “não se muda roteiro que está ganhando. Dizem que os coadjuvantes têm um lema: “hay que ‘envelhercerse’ pero sin perder la ‘tetinha’ jamás”. O jovem ator aquiesceu e decorou rápido as suas falas e posturas, alcançou sucesso nacional, impôs um ator substituto para o papel principal, o qual quer agora retomar, mas o seu substituto valendo-se da teoria do destino manifesto, não quer deixar.
                O que me incomoda é que a plateia parece ter se acostumado a essa “ópera bufa”, que seria cômica se não fosse trágica (desculpem os chavões).

Um comentário:

Anônimo disse...

Dá um desconto pro jovem ator, Monteiro! Uma parte do seu "script", segundo se diz, foi ditada por Deus. Ocorre que, em Brasília, outro ator (não tão jovem) tinha outro script que lhe foi dado a conhecer após uma divina mudança de opinião, o que - certamente - é possível, dada a divina onipotência!
A política partidária tem várias maldições. A meu ver o fisiologismo é uma das maiores!