quinta-feira, 10 de abril de 2014

E TOME “BANANA”... OU, NAQUELES IDOS, ERA ASSIM (*)


Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
        
     Este “assucedido”, verídico, aconteceu em tempos antigos num município do interior, antigo, com personagens antigas que eram alcunhadas de “Coronéis”, “Majores” e “Capitães”, com, datas e nomes não revelados, pois não carece procurar inimizades sem vê de que...
         Vamos aos fatos: Diariamente, os figurões mais respeitados e mais antigos da cidade, reuniam-se em roda na frente da casa do Cel. Mais idoso, para melhor diversão dos que nada tinham que fazer, isto é, falar mal da vida alheia... Não escapava ninguém, porque os faladores           eram os idosos daquele município, conheciam Deus e o mundo e não perdoavam os ausentes... E, por falar em ausentes, assim que um deles se retirava da roda, o pau comia – “vê, quando menino, vivia roubando fruta no quintal lá de casa!” ; saía outro – “esse se amigou com uma ‘gobilinha’ famosa, que fazia inveja aos colegas, mas a danada da jumenta só levantava o rabo pra ele...”; as risada e gargalhadas eram ouvidas de longe... E quando aquela matrona se escafedia devagarinho? “Eita ‘veinha’ sapeca, quando nova vivia detrás das portas, com a gente, lembra, fulano?”; Pior era com a outra comadre de batizado, “quando o compadre morreu, quase o caixão não coube, adivinhem por quê?” E, assim, iam todos pra casa, ficando, sempre, por último, um irmão mais novo do coronel, que dizia “saio por último, que então, ninguém fala de mim...”
         Taí, um engano da peste! Um dia, ia ele embora, quando tropeçou numa pedra e deu uma virada de  frente da casa; o que viu? O irmão lhe mandando umas bananas, como quem diz, “caboco mentiroso”... Arreliou-se e perguntou ao mais velho, “o que é isso compadre, nem eu escapo?” A resposta, na bucha, “nada não, compadre, foi o diabo duma muriçoca que chupou aqui, na junta do cotovelo”.
         E, nunca mais, se falaram... Tempo antigo era assim!
    (*) Do livro De Corpo Inteiro

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