terça-feira, 29 de julho de 2014

E O VENTO LEVOU...


Poncion Rodrigues*

            Vai começar novamente. A alegre revoada de novos candidatos e dos postulantes à reeleição, que há quatro anos prometiam a mudança do nosso dilapidado Brasil, volta a cobrir o céu de colorida esperança, ao som de jingles exaltantes das qualidades cívicas do deputado fulano ou do neocandidato sicrano. Sob a regência dos papas da publicidade nacional, brinda-se um novo comportamento de antigas e recidivantes raposas, que ao longo de múltiplos mandatos parlamentares jamais participaram de qualquer esforço no sentido de resgatar o país para seu povo, empenhados que estavam em postar-se ajoelhados à espera das determinações planaltinas. A passividade de suas presenças no “gloriosíssimo” congresso nacional, faz dessa, turma uma plateia absolutamente desinteressada pelo espetáculo sórdido do progressivo desmonte do estado brasileiro.
            O tripé, educação, saúde e segurança pública será, mais uma vez, o estandarte portado por aqueles muito “bem intencionados” senhores, como tem sido ao longo das décadas que o criador me tem permitido viver. A propósito, apesar do golpe de mestre denominado “programa mais médicos”, durante vistorias dos conselhos regionais de medicina no território brasileiro, de janeiro a maio deste ano, foi constatado que dentre os 365 postos de saúde visitados, 225 não possuem negatoscópio (para quem não sabe são aquelas caixinhas iluminadas onde se avalia radiografias), 89 não tinham aparelhos para medir pressão arterial e 72 estavam sem estetoscópios para adultos. Levantamentos com base em números oficiais apontam as coincidências entre as altas de investimentos em saúde e os períodos eleitorais que, de acordo com números do próprio governo, sobe em média 48%. Após a disputa ocorre a queda. Que bonitinho!
            Sobre o que aconteceu com os abundantes arsenais de promessas em eleições passadas, até nós eleitores, que somos portadores de infantil ingenuidade, sabemos: O vento levou...
            Nova “festa” de civismo se avizinha. E o cidadão brasileiro, de posse de sua arma que é o título de eleitor, atirará retumbantemente contra si próprio, como tem feito, desde sempre. Democraticamente, é claro.

*Poncion Rodrigues é médico

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