Poncion Rodrigues*
Vai começar novamente. A
alegre revoada de novos candidatos e dos postulantes à reeleição, que há quatro
anos prometiam a mudança do nosso dilapidado Brasil, volta a cobrir o céu de
colorida esperança, ao som de jingles exaltantes das qualidades cívicas do
deputado fulano ou do neocandidato sicrano. Sob a regência dos papas da
publicidade nacional, brinda-se um novo comportamento de antigas e recidivantes
raposas, que ao longo de múltiplos mandatos parlamentares jamais participaram
de qualquer esforço no sentido de resgatar o país para seu povo, empenhados que
estavam em postar-se ajoelhados à espera das determinações planaltinas. A passividade
de suas presenças no “gloriosíssimo” congresso nacional, faz dessa, turma uma
plateia absolutamente desinteressada pelo espetáculo sórdido do progressivo
desmonte do estado brasileiro.
O tripé, educação,
saúde e segurança pública será, mais uma vez, o estandarte portado por aqueles
muito “bem intencionados” senhores, como tem sido ao longo das décadas que o
criador me tem permitido viver. A propósito, apesar do golpe de mestre
denominado “programa mais médicos”, durante vistorias dos conselhos regionais
de medicina no território brasileiro, de janeiro a maio deste ano, foi
constatado que dentre os 365 postos de saúde visitados, 225 não possuem
negatoscópio (para quem não sabe são aquelas caixinhas iluminadas onde se
avalia radiografias), 89 não tinham aparelhos para medir pressão arterial e 72
estavam sem estetoscópios para adultos. Levantamentos com base em números
oficiais apontam as coincidências entre as altas de investimentos em saúde e os
períodos eleitorais que, de acordo com números do próprio governo, sobe em
média 48%. Após a disputa ocorre a queda. Que
bonitinho!
Sobre o que aconteceu com
os abundantes arsenais de promessas em eleições passadas, até nós eleitores, que
somos portadores de infantil ingenuidade, sabemos: O vento levou...
Nova “festa” de civismo
se avizinha. E o cidadão brasileiro, de posse de sua arma que é o título de eleitor,
atirará retumbantemente contra si próprio, como tem feito, desde sempre. Democraticamente,
é claro.
*Poncion Rodrigues é médico
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