A. J. de O. Monteiro
Acordar,
ligar o rádio ou o televisor, ou ler a manchete no jornal, ou, ainda, abrir a
janela e ver alguém na rua, correndo feito louco, louco de alegria gritando
para quem possa ou queira ouvi-lo: “HÁ PAZ NA TERRA”! Não, não estou delirando,
tão pouco transpondo a fronteira da sanidade. É que estou cansado de guerras.
Cansado de ouvir, cotidianamente, vozes graves anunciando a deflagração de mais
uma guerra, como se cada conflito fosse uma guerra. E não é verdade. A guerra é
única, a motivação é única e os princípios são únicos. Cada conflito deflagrado
em qualquer parte do mundo é fruto da mesma guerra iniciada quando o ser humano
descobriu que exercer o poder sobre o outro o distinguia ante os demais.
Da
história antiga, até os dias atuais, verifica-se que a maioria dos grandes
nomes da humanidade, registrados nos livros, foram guerreiros e que se fizeram “grandes”
através da guerra. E foi através da guerra que os grandes impérios se formaram.
Que as grandes “civilizações” se consolidaram e por ela mesma – a guerra –
ruíram. Foi através da guerra que as religiões se expandiram pelo planeta e se
consolidaram, levando nas pontas de suas espadas ou nas bocas de seus canhões,
o nome de Deus.
Os
senhores da guerra, cinicamente, tentam, através de sofismas, incutir no
inconsciente coletivo que a guerra é o recurso último e inevitável para
corrigir desvios que colocam em risco a paz e o equilíbrio do mundo. Quando
não, alegam questões humanitárias, tais como livrar determinado país e sua
população do jugo cruel de um tirano. Tirano esse que foi colocado ali em um
contexto, mas que, em certo momento tornou-se desnecessário ou hostil. Quanto cinismo,
quanta desfaçatez... Mais cinicamente, ainda, afirmam que da guerra resultam, por
fim, benefícios para a humanidade, pois, intervindo em nações hostis, afastando
ou eliminando tiranos, contribuem para o bem estar daquele povo restaurando a
paz e a ordem. Outra falácia desses senhores é que, conquistada a paz, a
humanidade também se beneficia dos avanços das ciências alcançados no esforço
de guerra, nos vários campos do conhecimento humano, como na medicina, na
engenharia e na indústria, como se, do horror da guerra, alguma externalidade benéfica
restasse! Camuflam, através da propaganda insidiosa, o legado de miséria que
seus agentes deixam aos derrotados, como os massacres de civis desarmados, os
estupros de mulheres e crianças e a eliminação de suas identidades culturais. Esquecem
também de alertar que esse legado maldito deixará marcas profundas, sentimentos
e dores que fomentarão o ódio e o desejo de vingança, sementes que brotarão
adiante, dando continuidade à guerra. Sempre foi assim e assim sempre será até
que a insanidade alimentada pelo insaciável desejo de poder nos leve ao fim.
Após
os maiores conflitos armados que se tem notícia na era moderna, denominados
primeira segunda guerra mundiais, que envolveram quase todos os continentes,
por participação ou como cenário, o mundo passou por uma radical transformação
geopolítica comandada pelos senhores da guerra de então. Países foram
segmentados, outros foram unificados e outros, ainda, criados, num alinhavo que
ignorou histórias, culturas e sentimentos nacionais. Como Dr. Frankenstein,
criaram vários monstros que até hoje estão aí atormentado a humanidade. Desses monstros, dentre outros exemplos,
a partição da Índia, por interesse britânico, criando-se o Paquistão. Hoje os
dois Estados coexistem em permanente estado de beligerância e, para inquietação
do mundo, são detentores de ogivas nucleares. A Coreia, dividida em norte e sul,
que hoje representam o que restou da farsa maniqueísta da dita guerra fria. E o
que dizer da “limpeza étnica”, resultante da desintegração da Iugoslávia, com
quase cem mil mortos, vítimas de uma chacina organizada e planejada. Evoluíram apenas,
os senhores da guerra, na retórica diplomática baseada em notas de repúdio e
sanções econômicas de faz de conta como se essa retórica importasse àqueles que
sofreram e sofrem os horrores dessas bestialidades. E aos mortos, a cada
decênio completado, serão dedicadas homenagens com minutos de silêncio, dobrar
de sinos e coroas de flores e desfiles militares em passo de ganso.
Completando essa geopolítica insana, pela vontade dos vencedores da 2ª guerra, foi criado o Estado de Israel, incrustado na palestina, uma região historicamente conturbada e o resultado é este que a imprensa está nos mostrando cotidianamente: O impiedoso massacre do povo palestino pelo impressionante poderio militar dos sionistas, com o total e irrestrito apoio bélico e econômico dos Estados Unidos, com a vergonhosa complacência da Europa. De resto a retórica de praxe.
Completando essa geopolítica insana, pela vontade dos vencedores da 2ª guerra, foi criado o Estado de Israel, incrustado na palestina, uma região historicamente conturbada e o resultado é este que a imprensa está nos mostrando cotidianamente: O impiedoso massacre do povo palestino pelo impressionante poderio militar dos sionistas, com o total e irrestrito apoio bélico e econômico dos Estados Unidos, com a vergonhosa complacência da Europa. De resto a retórica de praxe.
3 comentários:
Esse texto está completamente perfeito, lamentável que seja a realidade de antes, de agora e do futuro.
Perfeito!
Comentário bem atual.
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