Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Permitam-me
ser enfático: para mim, Governo do povo, pelo povo, para o povo, quer dizer,
exatamente, que o governo é nosso, somos nós, (ou os nossos representantes),
quem governa, e tem, como objetivo, o nosso bem comum. Esse entendimento da
Democracia é que me leva a afirmar que, em nosso país, nosso sistema de
governo, se caminha em busca desse ideal, ainda está muito longe de alcançá-lo.
Explico: Temos uma "democracia representativa" em que
"escolhemos" nossos representantes dos poderes executivo e legislativo,
enquanto que o poder judiciário é "governado" por 11 ministros do
Supremo Tribunal Federal, indicados e nomeados pelo chefe do poder executivo após
a aprovação de seus nomes pelo poder legislativo.
Acontece
que os "nossos" representantes se apresentam, como candidatos a nos
representarem, através de partidos políticos que se formam para "nos"
aglutinarem em torno de suas legendas e de seus projetos e planos de governo,
"apoiando-os" e "aceitando" uma lista de nomes, apontados
nas suas convenções, e nos seus congressos, que deverão concorrer à eleição,
conforme o estabelecido na legislação eleitoral vigente, e nos estatutos
partidários. E, aqui, inicia-se uma farsa que culmina com uma frase que
justifica os maus governos, os maus governantes, e nos acusam de maus
eleitores: "o povo tem o governo que merece"!
Vejamos:
o Brasil, hoje, possui cerca de 142 milhões de eleitores; filiados em 34 (!)
partidos políticos, que, teoricamente, deveriam escolher os candidatos, nas
eleições para o exercício de cargos executivos e legislativos, cerca de 15
milhões e 300 mil, isto é, apenas 10,6% daqueles eleitores, maiores de 16
anos... Entretanto, nas convenções partidárias (cuja principal é a municipal) a
obrigação do comparecimento dos filiados, para validá-las, seria de 50% +
1(maioria absoluta), não fosse uma cláusula que permite uma segunda chamada, se
aquele número não for alcançado, quando, então, poderiam ser realizadas com
qualquer número! Rapidamente, aqueles 10,6% cairiam para menos de 1%, os
verdadeiros e “escolhedores" dos nomes dos candidatos de seus partidos.
Absurdo? Que nada, nem isso é verdadeiro, pois os nomes, a serem votados pelos
convencionais já lhes são apresentados numa lista, elaborada pelos dirigentes
dos partidos, que nunca são modificadas, mesmo que alguém quisesse, também, ser
candidato, pois seu nome teria que ser votado pelos presentes, quase todos
participantes dessa farsa "democrática” (conhecidos como "eleitores
de cabresto") Mas, tem mais, e, piores são as consequências...
Continua...
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