Daniel Cariello**
Antigamente, os escritores dos
contos de fada tinham muito, muito tempo para redigi-los. E, seus leitores,
ainda mais para lê-los. Mas como seriam esses mesmos contos se tivessem sido
criados nos apressados dias de hoje, por um usuário do Twitter?
CINDERELA — Moçoila chega ao
baile na beca. Só que à meia-noite rola uma parada estranha: seus cavalos viram
ratos e a carruagem, uma abóbora. Sinistro.
OS TRÊS PORQUINHOS — Lobo
descontrolado derruba no sopro as casas de dois porquinhos. Mas falha na
terceira. Especialistas atribuem fracasso à gripe suína.
BRANCA DE NEVE — Madrasta que
fala com espelho envenena enteada que morava com anões. Homem vestido de
príncipe a salva. Suspeita-se de consumo geral de LSD.
JOÃO E MARIA — Pobres, pais
abandonam crianças no bosque. Bruxa as adota e as entope de doces. Elas fogem.
Pais se dizem felizes. Dentista mais ainda.
CHAPEUZINHO VERMELHO — Menina de
chapéu vermelho vai visitar avó, mas um lobo disfarçado a recebe. Polícia
acredita ser o mesmo que atormentara os porquinhos.
A ROUPA NOVA DO
IMPERADOR — Tirando onda de alfaiate, pilantra promete roupa nova ao rei. Este
desfila peladão e perde trono, mas recebe proposta de revista masculina.
JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO — Ao chegar
ao céu subindo em pé de feijão, João rapela os bens de um gigante. Apesar de
assumir o roubo, nega o uso de adubos transgênicos.
PEDRO E O LOBO — Marginal
reincidente, lobo escapa da prisão e tenta rangar criança, mas só fatura um
pato. Meliante é enfim encaminhado ao zoológico.
*Texto originalmente publicado no
YouPix.
**Leia também as crônicas de Paris, escrita pelo mesmo autor, no livro Chéri à Pariswww.cheriaparis.com.br
**Leia também as crônicas de Paris, escrita pelo mesmo autor, no livro Chéri à Pariswww.cheriaparis.com.br
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