Manoel Emilio Burlamaqui de
Oliveira
Anos
50, estava no auge a invenção de que o crescimento populacional das nações
subdesenvolvidas era o responsável pela fome, no mundo...
Anos
60, em pleno governo militar, vieram “cientistas”, “profissionais” de todos os
tipos, dos EE. UU., para introduzir, nas vaginas das mulheres da Amazônia,
aparelhos que as impedissem de engravidar!
Incrível, pois todos os que
lidavam COM PROBLEMAS DE DESENVOLVIMENTO, sabiam que não haveria fome se
houvesse distribuição de renda. E que, para tanto, seriam necessárias, apenas,
algumas reformas nas chamadas políticas econômicas e sociais das nações pobres (as
chamadas reformas de base) No Brasil essas reformas eram encabeçadas pelas reformas
Agrárias, Educação e Saúde Pública. Facim, facim...! Tão fáceis que, até hoje,
nunca foram feitas...
Isso,
escrito acima, é para justificar umas visitas que fiz, com meus amigos Manoel
Andante e Mago Manú, anos atrás, a vários latifúndios das principais regiões do
Piauí, por pura curiosidade, para sabermos quem paria mais, as ricas ou as
pobres, moradoras naquelas terras... Já que, nas nações de gente rica se paria
tão pouco que importavam mão-de-obra daquelas de gente pobre, ora vejam só!
Sabem
o que verificamos? As famílias ricas tinham mais filhos que as famílias pobres!
E por quê? Os filhos das pobres morriam de montão, por falta de “sustança”, por
verminoses, pelos mais variados tipos de vírus, transmitidos pela muriçoca,
pelos “barbeiros” que viviam nas casas de taipa, etc, etc, etc...
Mas,
como sempre, a culpa era dos pobres pois deviam morrer muito mais, já que eram,
milhares de vezes, mais numerosos que os ricos... Essa conclusão foi do Mago
Manú, como sempre, um desembestado!
E,
agora, vamos ao título: região de Campo Maior. Perguntávamos ao povo de lá
porque a população crescia mais que em outra regiões. A resposta era comum,
“por causa do pequi!” Foi um alvoroço entre nós. Andante aventou a
possibilidade de uma pesquisa da Universidade Federal do Piauí sobre as
propriedades do pequi. O Mago anotou tudo em seu caderninho, para futuras
receitas às donzelas casadoiras, e eu, cauteloso, como sempre, preferi,
primeiro, consultar a Tia Corina, com receio de seus famosos brogues,
campo-maiorense bairrista que sempre foi...
Lembramo-nos,
então, e providencialmente, que Santo Antônio, o santo casamenteiro, era o
padroeiro de Campo Maior e fomos à sua Igreja, saber de mais subsídios. Ainda
bem!
O
Vigário nos informou que o Santo foi escolhido padroeiro pela quantidade de
casamentos realizados naquela paróquia e não por intervir (por milagre) em
alguns deles. E que essa quantidade aumentava, de ano a ano, na época da apanha
do pequi!
?????
Explicou,
o velho pároco: o pequi, quando amadurece (fica bom para se comer e produzir
azeite e óleo) cai do pequizeiro, e é chegada a época da apanha. Jovens,
sobretudo, rapazes e moçoilas, vão para a mata, a catar pequis... E, aí, vem o
crescimento populacional, que é mais sazonal, pois a quantidade de garotas
prenhas é grande e os casamentos, passados nove meses, enchem a Igreja de Santo
Antônio . O Santo, que nunca mandou ninguém apanhar pequi, levava a culpa pela
Igreja cheia de nubentes... E o Vigário, piscando o olho, acrescentou: vez por
outra, eu via, até, velhotas , na época da apanha, correndo pra mata...
Pronto,
nada de milagres, nada de propriedades do pequi, dada de novidades, nada de
teorias mirabolantes... e nada de publicarmos o resultado de nossa curiosidade,
invalidada pelos pequis!
Pensamos,
decepcionados, em adaptarmos a teoria do pequi, para o caju, mas, que pena, o
caju é tirado, não apanhado...
Obs:
O título, na verdade, não foi emprestado, foi furtado... peço ao seu dono que
não me processe!
O
crescimento populacional de Campo Maior caiu muito, as matas de pequi foram
dizimadas, a madeira do pequizeiro, hoje, é considerada madeira de lei...
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