terça-feira, 9 de maio de 2017

O VESTIDO DE ANANDA


A. J. de O. Monteiro
               Ananda é minha sobrinha-neta (é que a mãe dela casou muito cedo e muito cedo a concebeu). Nessa época morava em Brasília (eu) e nossos encontros ocorriam esporadicamente, quando vinha a Teresina em férias anuais. Vi-a bebê, criança, adolescente o que não favorecia a aproximação dado a diferença de idade e, em consequência, interesses diversos. Mesmo nas reuniões familiares, que naqueles tempos eram mais frequentes, mantínhamo-nos em grupos separados. Ela com seus primos e afins e eu com os adultos, ou seja, para usar uma expressão em moda, cada um no seu quadrado. Mas, mesmo assim era impossível não notar aquela garotinha esguia, de olhos negros vivazes, irrequietos... Perscrutadores, mesmo!
               O tempo passou, voltei a morar em Teresina, transferido no trabalho e Ananda estudando, trabalhando e agora casada, com as obrigações próprias manteve nossos contatos na mesma inconstância, até nos encontrarmos em rede social, onde pude perceber um pouco quem na realidade é Ananda. Ananda é diferenciada da “tribo”. Suas postagens, a maioria de interesse literário, com pequenas mais consistentes resenhas livros que lera, bem como reproduzia trechos desses mesmos livros. Vi que Ananda queria compartilhar suas experiências, no intuito, creio, de estimular mais pessoas ao hábito da leitura. Fazendo isso com diversos autores e inúmeras obras, não disfarçava, no entanto, sua predileção por Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector (bom sinal, não?).
               O livro de Ananda – O VESTIDO – não foi surpresa para mim, pois já lera duas ou três crônicas suas disponibilizadas no @coletivoleituras, do qual é integrante e onde, ao fim das postagens anotava como referência pessoal: “Jornalista, estudante e aspirante (suspirante) escritora”. Deixando claro sua disposição de produzir um livro e que bom que o fez.
               O VESTIDO é um livro de crônica, mas, como Ananda, diferenciado. Nelas (crônicas) ela fala de suas angústias, dúvidas, perspectivas e expões suas impressões sobre o mundo e pessoas enquanto narra fatos do cotidiano, do trivial da vida. Da infância, da adolescência e da vida adulta. De coisas que ficaram em sua mente, gravadas como as tatuagens em seu corpo (com licença, Chico). Fala sim, do cotidiano, do trivial e de pessoas amadas ao seu derredor, mas sem pieguice. Ela pega esses momento e, como que reformando um vestido velho, aplica-lhes “uma renda na frente, uns canutilhos e pedrinhas bordadas” oferecendo um excelente livro que, sem receio de parecer um tio coruja, digo: vale a pena ser lido!

P.S. O livro está à venda na livraria Entrelivros e na loja Tocatta.

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