Essa
noite, sonhei com o Antonio Prata. E ele me dizia pra escrevermos sobre esse
encontro, então, é o que vim fazer aqui. Não que o Antonio Prata seja um grande
amigo, nos vimos poucas vezes e o mais correto seria dizer que somos no máximo
conhecidos.
O
simples fato de sonhar com o escritor Antonio Prata não me obriga a escrever
sobre ele. Anteontem, por exemplo, sonhei com minha querida amiga Maeva e não
havia discorrido a respeito, injustiça que procuro reparar nessas poucas
linhas. Mas trato é trato e não gosto de descumprir os acordos que travo por
aí, mesmo que sejam no mundo dos sonhos.
Encontrei-me
poucas vezes com o Antonio Prata, uma delas em Guadalajara, quando nos topamos
na feira do livro e depois dividimos a pista de dança na festa de uma editora,
acompanhados de amigos comuns, ao som de um grupo de música um chingón (“muito
bom”, para os que não têm a sorte de serem tão fluentes em portunhol quanto
eu).
Em
geral, o Antonio Prata não tem nada a ver com meus sonhos, o que minha mulher
agradece, e não me recordo de ter esbarrado anteriormente com ele nos planos
oníricos. Mas essa noite nos encontramos em uma livraria quimérica e nos
aconselhávamos reciprocamente obras que gostaríamos que o outro lesse.
Não
faço ideia do livro que recomendei, até porque o Antonio Prata do meu sonho era
um pouco diferente do real e isso me perturbou. Ao invés dos cabelos curtos e
pretos, ele ostentava madeixas longas e acinzentadas, à la Jorge Jesus. No
entanto, eu sabia se tratar do cronista, e não do treinador do Flamengo, pois
conversamos sobre o encontro supracitado, no qual, até onde eu sei, o técnico
de futebol não esteve presente.
Após
essa breve confluência astral, o Antonio Prata se transformou em bigodudo e
saiu pedalando uma bicicleta alada. Dessa vez, não fiquei atordoado, pois eu
mesmo estava deveras imbuído da minha tarefa de regar os livros do lugar. Antes
dele decolar, porém, combinamos de escrever sobre nosso encontro, o que estou
fazendo nesse momento.
Não
sei se o Antonio Prata vai cumprir sua parte nesse acordo fabuloso, e nem tenho
como cobrá-lo por isso, já que ele pode alegar se tratar de um devaneio meu, no
que ele teria toda razão. De qualquer maneira, gostaria de deixar aqui o
registro desse esbarrão morfético. Pensando bem, talvez fosse bom mandar esse
texto também para o Jorge Jesus, só por via das dúvidas.

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