Juana Lucini
Uma
amiga me disse que eu gosto de reviver histórias passadas, que eu ressuscito fantasmas
e eu acho que ela está certa. Conhecer Cleveland faz parte desse princípio.
Eu
conheci o Jake há 14 anos num dos desertos de Israel. Tínhamos 26 anos. Agora,
com 40, eu acabei alugando um carro para comemorar o aniversário de 40 anos
dele em sua cidade natal. Eu escutei tanto dessa cidade ao longo dos anos que
achei a proposta interessante. De toda forma, eu não viajei aos EUA para isso,
eu só estava a 5 horas de distância.
Eu
encontrei um homem que se desacostumou ao contato humano. Eu achei que faltava
só chegar aos poucos e ir criando de novo a elasticidade. Mas depois eu encontrei
um homem materialista “por favor, não use esses copos que são relíquia” “nossa,
por favor não use meu lençol de linho, é muito caro caso algo aconteça”. A
juventude faz diferença e as circunstâncias que nos conhecemos era de puro
deleite momentâneo.
Mas
como a vida não é feita de simples dicotomias, houve também vontade de ficar
junto, generosidades, vontade de me mostrar o que é importante para ele, o que
é basicamente a sua cidade e as comidas disponíveis ali, mas enfim, de
compartilhar seu mundo.
Cleveland
é uma típica cidade americana, você depende de carro, as lojas são enormes, não
deve ser difícil fazer distanciamento social dentro delas. Há cinquenta lojas
iguais em cada metro quadrado, o que não faz muito sentido se você pensa que as
pessoas sempre andam de carro. O usual também é passar de carro dentro de um
drive thru para pegar comida, o famoso fast food, e depois lotar seu enorme
lixo de descartáveis como se o aquecimento global e a sustentabilidade não
fossem temas correntes.
Mas
a cidade é charmosa no inverno, fica quase sempre toda branquinha e tem uma
montanha com restaurantes charmosos para comer como se fosse uma escapada de
fim de semana. Mas tudo fica pertinho. Eu também escutei diversas vezes que o
homem mais rico do mundo é de lá e prédios associados ao tema. Há a parte mais
pobre da cidade, também mais histórica e interessante, na minha opinião.
Um
grande ícone que deve levar muitos turistas específicos à cidade é o
Rock´n´roll Hall of Fame. Um prédio interessante, maior por fora do que
interessante por dentro, mas que é longe de tudo e mesmo indo de carro requer
alguma caminhada. Claro que eu me maravilhei com o vestuário dos meus ícones
preferidos e celebrei o fato do Pearl Jam agora fazer parte do seleto grupo.
A
cidade também é palco de um famoso museu de arte, este com entrada gratuita e
com passeios noturnos, muito frequentado por casais. Eu fiz lá passeios por
vários dias para contemplar Mirós e Picassos. Mas a parte que eu gostei mesmo
foi de arte egípcia. Havia tanta coisa, linda e roubada.
Eu
gostei da fria Cleveland. Mas se eu voltar vai ser para ir às Niágara Falls.

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