Marcelo D'Alencourt
Acordei cedo hoje pra reunião
(chatérrima!) do trabalho que não suporto mais. Quanta hipocrisia naquela
gente. Desfile de vaidades. Fazer o quê? Será que trouxe tudo? Corro pra
atravessar o sinal, mas ele fecha. Que saco! Logo agora! Abro a bolsa, tiro o
batom e começo a me maquiar. Penso em tudo que tenho pra fazer. Ufa, dá até tristeza,
mas vamos lá: fazer compras, levar a criança ao médico, almoçar com a amiga em
deprê, trabalhar pra burro e ainda ficar bonita e exuberante pro encontro sem
graça com os amigos do marido. Pqp! E o homenzinho verde que não aparece no
sinal (até nisso a sociedade é machista!). Aproveito pra me ajeitar. Confiro os
brincos, blusa, saia que me aperta (engordei, Deus!) e saltinho básico que está
nas últimas. Só não pode quebrar hoje porque aí é sacanagem...O celular toca. É
o chefe. Pergunta sobre a reunião. Sabe nada! Digo que está tudo ok (espero!) e
ele diz pra eu correr e chegar logo pra batermos a pauta. Mentira. Sempre cheio
de más intenções. Olha de novo pro semáforo (ih, apaulistei agora rs) e...nada!
Os carros começam a buzinar. Pergunto ao guarda quanto tempo o maldito fica
fechado. Ele responde com desdém: "Sei lá, dona!" Vai abrir. Ufa.
Triiiiiiiim. Telefone de novo. Atendo. Hã?!? Não acredito nisso! A empregada
está doente e não virá hoje. C... O que será de mim? A criança vai ficar com
quem? Respiro. Penso. Sem solução. Guardo o molecular e resolvo atravessar a
rua. Não! Fechou de novo! Ninguém merece
isso!

Nenhum comentário:
Postar um comentário