Poncion Rodrigues
Senhoras
e Senhores, preparem olhos e ouvidos para um festival de hilariantes mentira
que agora se inicia, desfilando no mentiródromo em que se transformam os meios
de comunicação nesta época.
Candidatos
e candidatas de qualquer hospedaria partidária irão fazer ecoara ideologia de
si próprios, vociferando contra inimigos do povo e se apresentando como anjos
guerreiros que haverão de eliminar desde as injustiças sociais, aos buracos de
rua que transtornam a vida dos moradores de bairros periféricos. Censuram a
malvadeza dos gestores municipais que permitiram o inverno¹ sem controle aguar
e alagar certas regiões das cidades. Em sendo eleitos, esse tal inverno haverá
de ser domado. PURA VERDADE!
Caso seja eleito, o candidato Fulano de Tal dará fim a inflação que nos apavora com seus gigantescos dentes afiados. Já o candidato Sicrano da Silva promete com lágrimas nos olhos puxar as orelhas presidenciais sua excelência a cumprir a palavra tantas vezes solta ao vento como fumaça dispersa que rapidamente se esvai.
A
mentira é, na verdade, a principal característica da criatura humana. Primária,
no início de nós todos, quando os filhos varões de Adão e Eva negavam a prática
do incesto, diante da indisfarçável barriguinha de gestante de uma ou outra
irmã. A mentira estava também presente quando Dalila jurava amor eterno ao seu
cabeludo Sansão que seria entregue por ela, careca e astênico, aos inimigos
filisteus. Lá estava “ela”, presente no “cavalo de troia” e tempos depois, na “fidelidade”
de Brutos por Júlio César, a quem ajudaria a matar. No decorrer da história
humana a mentira também teve a função nobre de salvar vidas, como a de Galileu,
que pressionado pela inquisição da igreja católica, escapou da tortura e morte
na fogueira quando negou que a terra fosse redonda e que não fosse o centro do
universo. Contrariando suas convicções para tirar o “seu” da reta, o velho
instinto de conservação.
Mas foi, ao que consta, aninhada nas
cortes europeias que a mentira ganhou ares de virtude e passou a fazer parte
das futricas do poder e das intrigas das alcovas, tão ao gosto dos nobres
depravados daquela época.
Ei-la
em nossos tempos, vigorosa como nunca, disseminada como vírus, poderosa com um
Deus do Olimpo, ela comanda o mundo como o conhecemos hoje.
Existem
as inocentes “mentiras sociais” (“te devolvo o livro no sábado” – “qualquer dia
te pago” – “Você é o amor da minha vida” – “passei toda a tarde no dentista”) e
as mentiras criminosas que são proferidas pelos seres insensíveis que governam
a humanidade.
Não
sei precisar se em outros países a mentira é exaltada como no nosso, onde foi
nomeado um dia em sua honra, o 1º de abril. Justa homenagem a uma das instituições,
mais brasileiras entre todas as nossas “tupiniquices”.
¹ Período chuvoso para os
nordestinos
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