domingo, 11 de abril de 2021

BARBOFOBIA



Adriano de Angelis

                Hoje vamos falar de barba. Barba, isso mesmo.

                Um tema possível de discutir em pleno 2021 sem afligir nossa saúde mental, afinal barba é uma questão que não envolve raça nem gênero, o que já diminui sensivelmente o risco de cancelamento.

                Além disso, não tem ninguém no BBB com barba… quer dizer, até tem umas barbinhas ralas, meia-boca, meio-queixo, mas barba barbão de verdade mesmo, dessas vistosas não tem não. Sabe-se lá se já adentrou algum um dia as dependências da vênus platinada.

                Nem na TV, nem na mesa diretora da Câmara (outra pauta de ocasião). Lá tem mulheres, negros, tem evangélico, católico, tem até petista, mas barbuxo não tem.

                Aliás, isso já mostra o preconceito da sociedade, a falta de representatividade política que os barbudos enfrentam.

                E como se não bastasse, no início da pandemia tentaram até estigmatizar a barba como potencial celeiro de vírus. Por sorte a ciência voltou atrás e concedeu inocência ao quesito peludo.

                Aqui em terra tropicaos barba grande ainda é sinônimo de reprovação. Diferente de outros países por aí, que a valorizam como símbolo de sabedoria e maturidade.

                E nesse contexto, não são poucos aqueles que acabam por ouvir sempre, de amigos, amigas, e principalmente namoradas e familiares: "É bonito homem de barba mas, sabe como é, ela esconde o rosto quando tá grande, acho que você devia deixar ela menor, cortar um pouco pra ficar mais sociável."

                Bingo! É disso que estamos falando. Barba até pode, desde que seja bem comportada, domesticada. Barba rústica e volumosa só em série viking da Netflix, e olhe lá.

                Talvez como fantasia de carnaval, se for um astro do rock ou famoso em crise existencial… aí talvez aceitem essa feição bárbaro. Fora isso, vão dizer que não é civilizado. Veja só. O brasileiro é realmente um povo curioso em suas noções de civilidade.

                Por essas e outras é que dizemos: ainda existe um muro medieval no dia a dia dos barbudos. Por sorte, podemos fazer tranças com ela.

                Um dia talvez, a realidade irá nos redimir de tamanha barbaridade e permitir, por exemplo, que possamos adentrar qualquer lugar ou empresa sem deixar as barbas de molho.

Clube de Leitura da Quaentena



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