O meu peito sangra e eu estou
Em vôo rasante e é tão só
Sair de casa em busca de mais
Esvaziar-se para encher-se de dor.
De repente tristeza me embaça a voz
Porque prazer tão sofrido me faz andar
Sendo indigente, pedinte, meu próprio algoz
Gasto os meus dias, meus melhores momentos
Rastejando minh’alma em noturna agonia
Tentando flagrar-me em seus pensamentos
Um segundo achar-me em sua companhia.
Sinto os meus passos beirarem um abismo
E os espectadores ficam de plantão
Sinto iminente abandonar-me o juízo
Ouço os aplausos e risos que me esperam no chão.
Helder Morais
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