domingo, 1 de julho de 2012

ESSÊNCIA




Isaias Coelho Marques

Como um deus cansado
De seus afazeres,
Através de ruas estreitas
Atravesso a mim mesmo.
Espreito o tilintar
Dessa moeda corrente,
Aprisionando sonhos,
Destruindo palácios.
No meio da multidão,
Sozinho entre semelhantes,
Cheirando a urina comum,
Volteando no planeta
Sem novas palavras,
Sinalizo para cegos,
Gesticulo em vão.
Entrecortando caminhos,
pulsando sem fim,
Não tenho nome.
Talvez uma deusa grega
Ou a fúria do prazer
Ou a erupção do amor ancestral,
Janelas abertas ao nada,
Portas escancaradas,
Bocas servis.
Volto ao porto
Volto à minha essência
De homem sozinho
No meio da multidão.

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