quinta-feira, 18 de outubro de 2012

OS FILHOS BASTARDOS DE HIPÓCRATES



Poncion Rodrigues

O dia 18 de outubro é data dedicada aos médicos e médicas, homenageados com justiça pela sua nobre profissão. De repente me ponho a pensar naqueles “colegas” que, abdicando da nobreza, se despem também da honra, quando se associam a agenciadores, proprietários de pensões e hospedarias, numa confraria de mercadores da tragédia humana. Antes agiam sub-repticiamente praticando seu comércio entre quatro paredes. Hoje uma nova geração de uns tantos pobres-diabos já se orgulha do volume dos “negócios” mantidos com a pior espécie de gente, de quem não são diferentes, no seu desprezo pela ética e pelo sentimento humanista, que deveriam nortear os seres humanos de boa qualidade.
                Consta que montam seus alçapões nas proximidades da rodoviária e dos grandes hospitais, onde colhem suas vítimas, geralmente oriundas do Maranhão, Tocantins, Pará e outros estados; pobres criaturas fragilizadas pela doença e por estarem distantes de seu habitat. O agenciador aborda a “mercadoria” falando da imensa capacidade profissional do Dr. Fulano, das incríveis curas cirúrgicas promovidas pelo Dr. Sicrano, com quem, coincidentemente mantém laços de amizade que podem facilitar ao sortudo paciente o acesso à consulta, tão difícil para as pessoas comuns. Está então fechado o cerco, só restando saber de quanto dispõe a vítima, para proceder a divisão do butim. Se essas ações não são ilegais, constituem-se, com certeza, em uma imoralidade condenável sob todos os ângulos.
                Neste triste país onde a propriedade cultural é roubada nas barbas da polícia e da justiça, através da comercialização aberta de produtos pirateados (vide cds e dvds); onde as cadeias estão abarrotadas com os párias sociais, enquanto os grandes abutres da nação se refestelam no banquete do dinheiro público, não poderia faltar, em nome da democracia, um espaço de atuação para os filhos bastardos de Hipócrates.
                Quanto aos colegas médicos, que dignamente mantém acesa a chama divina do seu mister, me dobro em reverência e gratidão.
                É tudo muito simples: Sejamos dignos!                                                                       

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