Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Estou
com 80 anos. Desde criança, tenho vivido fatos que, de alguma maneira,
influenciaram a mim, e às gerações contemporâneas, o nosso comportamento dentro
de uma sociedade que sofre mudanças impostas por quem detém o poder
político-econômico, isto é, por aqueles que conservam para si próprios o
domínio do conhecimento tecnológico.
Tais
mudanças, pela velocidade com que ocorrem, trazem impactos na vida das pessoas,
obrigando-as a um enfrentamento, somente possível, mediante organizações, que
as possam analisar, e absorvê-las. Mas, não só isso. Sobretudo, para que
sobrevivam e se imponham aos grupos dominantes, forçando uma participação,
principalmente, na política social, sempre maior, nas decisões que afetam, em
última análise, o bolso da população, ou, em outras palavras, o bem-estar
social. Evidentemente, mudanças na política social implicam em mudanças na
política econômica. Como a economia estar, mais que nunca, internacionalizada,
tudo que lhe diz respeito depende de um confronto de forças, visível, hoje,
entre dominantes e dominados, o que força, os últimos, a se unirem, conforme a
velha máxima “a união faz a força”.
A
conquista da soberania, pelos estados, que marcou o século XX, ficou para trás,
pois isto não existe na sociedade globalizada. É a conquista da cidadania que
importa, onde a fala não é a libertação, mas a participação, vez que os
caminhos e a caminhada, são comuns, não individuais.