A. J. de O. Monteiro
Os
romanos usavam as lutas em arenas para distrair e manipular o povo. A FIFA
reinventou as arenas para a prática do futebol e assim ganhar muito dinheiro e
ajudar governos a manipular o povo e desviar dinheiro público sem contestação.
Isso é verdade? Não! É verdade apenas em parte, pois a FIFA ganha dinheiro, mas
os governos já não conseguem manipular o povo, que questiona o desvio de
recursos públicos e exige punição aos corruptos.
Estou
falando do Brasil que tem toda uma história em que a política se utiliza do
futebol para distrair o povo enquanto subtrai a riqueza da nação deitada em berço
esplêndido.
Estou
falando do Brasil, mas não estou falando apenas do momento atual, pois o
momento atual reflete apenas a mudança do povo. Estou falando de toda uma
história de manipulação em que governos, política, imprensa e tantas outras
instituições conservadoras surfaram imponentes na crista da onda do dito
esporte bretão.
Senão
vejamos: Durante a ditadura militar implantada no Brasil em 1964, ficou famoso
jargão debochado que dizia: “Aonde a ARENA vai mal, um time no nacional”
(campeonato nacional) – ARENA e MDB, foram dois partidos inventados pela
ditadura, com o fito de emprestar ao regime uma feição democrática (para
satisfazer a quem, não sei).
Em
1970, quando o ditador era um general de ascendência basca, que comandou a mais
dura repressão de todo o regime, o Brasil conquistou o tricampeonato no México,
mesmo consciente de que aquele feito era um poderoso combustível para a máquina
repressiva, fui pra rua comemorar o tri. Pelo menos tínhamos uma baita seleção
com jogadores que davam um belíssimo espetáculo de ludopédio (que palavra!).
Fui um dos 90 milhões em ação gritando pra frente Brasil do meu coração no
carnaval da vitória que tomou a Frei serafim e a Pça. Da Liberdade (que
ironia). O General Presidente aproveitou como poucos o clima de ufanismo
alimentado pela mídia que também sempre se beneficiou desses momentos. Tudo
parecia grandioso naquele momento. O Basco se deixava fotografar em estádios de
futebol (naqueles tempos eram chamados assim), deixava-se fotografar com "radinho" a pilhas colado ao ouvido, em jogos que envolviam times de grandes
torcidas.
Depois
disso, sem muito brilho, o Brasil voltou a ganhar novamente os campeonato de
1994, nos Estados Unidos. Naquele tempo morava em Brasília. Comemorei, mas já
sem a empolgação de 1970. O intelectual Presidente, FHC, faturou, é claro, mas
ainda curtindo o sucesso do Plano Real, não precisou se afastar muito de
postura intelectual e travestir-se de povão como o basco.
A
seleção Conquistou o título mundial de futebol pela quinta vez, em 2002, no
campeonato disputado na Coréia do sul e no Japão, dessa vez com mais alguma
qualidade e sob a égide do Scolari e sua família. O então Presidente Lula
também faturou, é claro, mas, também gozando de uma enorme popularidade não
precisou exagerar. Até mesmo porque sua origem proletária já o identifica com o
torcedor comum, com o torcedor típico do Brasil. Nessas duas últimas copas a
grande beneficiária foi a rede globo de televisão (muito mais que nas
anteriores), já sob o comando especialista em tudo que é esporte – com perdão
da má palavra – Galvão Bueno e seu exagerado estilo de narrar futebol, puxando
nos erres dos Ronaldos e Rivaldos.
Em
seguida dois fracassos: na França, em 2006, onde o time perdeu o jogo final
para a seleção da casa. Essa copa teve um incidente até hoje não esclarecido
envolvendo o Jogador Ronaldo e na Alemanha, onde nossos astros deram verdadeiros
espetáculos em campinhos de treinamento na Suíça e em casas noturnas na
Alemanha. O Ronaldo Gaúcho encantou com seu malabarismo de semáforo e rolava
pelo gramado enroscado em uma torcedora (?) mais afoita. O Ronaldo, ex-fenômeno,
debochava da torcida, em pleno torneio, chegando ao hotel as 5 horas da manhã,
em véspera de jogo, fazendo o “V” da vitória. A mídia, principalmente a rede
globo, colocou-os em quarentena por um bom período, pois, afinal, a atuação
deles naquela copa diminuiu o fluxo de din-din para os cofres do plin-plin. Só
agora começa a endeusá-los novamente.
Bem
amigos da rede esgoto, a rede ainda está esticando a conquista da copa das
confederações (uma empulhação da FIFA, para tirar mais dinheiros dos países
sede, extraindo o máximo do mínimo). Segunda-feira, “day after” da “grande
Conquista”, um locutor da vênus platinada, ébrio de prazer, sacou: “O Maracanã
agora é uma arena com tecnologia do Século XXI, mas com a alma do Século XX”.
Pelo que entendi, ele quis dizer que a “alma” era a torcida. Mas não foi bem
isso que vi, pois a “alma” do Maracanã do Século XX, era bem mais morena que a “alma”
que apareceu agora, dia 30/06.
A
propósito, já que a exploração econômica da arena Maracanã será feita por um
consórcio liderado pelo Sr. Eike Batista (aquele pretendente ao posto de homem mais rico
do mundo, mas que anda caindo pelas tabelas da FORBES), que tal mudar seu nome
para arena MARACANEBX!
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