quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NOITES BRANCAS


Isaias Coelho Marques

Caras, bocas e almas,
painel azul modorrento.
A beleza e o antes dela.
Ah, meu deus!
Que bobagem tentar ser
                      (e somos!)

Somamos e engolimos os divisores.
            (Televisão: fórmulas únicas)
Como ser interessante
ou, ao menos plausível?
Despertar vocês que nem me enxergam
com migalhas de ouro baço?
Mas isso não vale.
Um grande poeta
já deitou em tal travesseiro
                        de nuvens...
Ficarei como,
nesse torvelinho?

Ah, meu Deus!
Sem exclamação, desta vez.
Perdi Deus,
encontrei Deus,
perdi Deus,
e de que me vale,
se não enxergo
nem as cinzas do próximo,
nem nada.
Tudo escuridão.
Perdão!
Tudo escuridão.
Perdão novamente!

Massacre de coisas leves
e muito interessantes.
Não sou interessante
                   nem leve.
pobre nariz que não vê nada
além dos olhos.
Meus amigos – e amigas –   
Arrebatam-me em noites brancas.
Amizade total,
fidelidade total.
Brincadeira de criança,
sou dividido.
Macaqueio esperanças,
mesmo ulceroso e cego.
Mentiras e vaidades carrego comigo,
entreolhos, mãos, corações arrebatados,
pessoas falidas, luzes esmaecidas,
fosco, muito fosco.

Quero dizer:
amo todos!
Inválido que sou para amar,
aleijão, descoroamento
de falso príncipe,
bicho preguiça em madeira
                           de sonhos.
Teimo!

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