Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Há
muito tempo, nem lembro quando, decorei que Democracia era o governo do povo,
pelo povo e para o povo. Mais tarde, ensinaram-me que “governo do povo, pelo
povo e para o povo” era um governo de pessoas, escolhidas pelo povo, para, como
seus representantes, pagos pelo povo, executassem obras e serviços, com os
recursos arrecadados do povo, que proporcionassem aos seus representados, o
povo, aquilo que lhes foi delegado para fazerem, isto é, o seu desenvolvimento
social e o seu desenvolvimento econômico! Ora, se o governo é do, é para e é
pelo, parece-me ser um governo participativo, maiormente, quando cabe aos
governantes obedecer aos que lhes botaram no governo... Também, a escolha dos
caminhos para o desenvolvimento, sendo indicada pelo povo, é um fruto da
participação, é um fruto da democracia! Entretanto, basta faltar o “do”, ou o
“para”, ou, ainda, o “pelo”, complementados da palavra povo, para não existir
democracia, por conseguinte, não existir o tal “Estado Democrático de Direito”
e, muito menos, o “de Fato”.
Se
isso é verdade, então, o título deste artigo, plagiado de minhas brincadeiras
de criança “o gato comeu”, não devia ser o encimado, pois, afinal, a Democracia
nunca esteve aqui, portanto nunca serviu de comida para o “gato”... Mas, o
bichano comeu alguma cousa e engordou, como tem engordado a cada ano que passa,
que ninguém se engane disso! Comeu o que? O que estava aqui e desapareceu?
Resposta óbvia, o governo da D. Dilma, o PT de seu Lula, o próprio Lula e todos
os que, inocentemente, pensavam viver numa democracia! E, mais, num passe de
mágica, inventou o “Golpe Democrático de Direito” Eita Gatão arretado!
Pergunto,
agora, seriamente, que pecado cometeram Lula e seus seguidores, para que seus
adversários jogassem tanta merda no ventilador? Respondo: trocaram a ética e a
moral pelo pragmatismo e o único Presidente, eleito pela esperança de mudanças
de um povo, que jamais foi ouvido por quem tinha o dever de fazê-lo, preferiu
tornar-se o pai do povo a ser um servidor desse povo... Foi um grande pai, sem
dúvida, deu combate (vitorioso) à fome; fez crescer a indústria e o comércio,
e, com eles o nível de empregos; a educação incluiu, em suas escolas e universidades,
os mais pobres, e a população negra, antes excluídos, e mais um monte de ações
e projetos que o levaram a fazer palestras no mundo inteiro e a ganhar láureas
nunca recebidas por outro governante brasileiro!
Porém,
mesmo assim, talvez envaidecido e orgulhoso pelo que realizou, apegou-se ao
osso do poder, negando, seu pecado maior, a liberdade, a criticidade e a
participação do povo na condução de seu destino.
Um
pitaco para a Presidenta afastada: Respeito a sua trajetória, a sua luta, as
torturas que sofreu, a sua coragem, a sua vida. Foi, somente, e infelizmente,
uma pedra no meio do caminho. Tinha que ser defenestrada, certa ou errada nos
atos praticados neste seu último mandado, para que a tomada do poder, por seus
atuais donos, se consumasse.
(O Golpe democrático de direito
inclui-se como fruto podre dos estertores do sistema de poder capitalista, em
nosso país...).
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