Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
Tia
Corina, assim a chamamos, é uma velha senhora, de cuja lucidez , muitos
marmanjos têm inveja. Erudita, estudiosa, a idade avançada não lhe tirou o
gosto da menina que tinha em Merlin um personagem que povoou a imaginação das
crianças e a quem os adultos recorriam para fazê-las dormir sonhando com
magias... Penso que foi essa predileção que a tornou uma pensionista das
histórias contadas por “sobrinhos”, que lhe “adotaram” como Tia !
Ao
ler um “causo”, que me causou estupefação, sobre um fictício objeto de Fidel
Castro, abrigado por ela em seu famoso “Brogue”, não tive pejo em procura-la
para explicar-me se havia acreditado numa história tão estapafúrdia...
Surpresa!
Lá, já encontrei, abancado, o Mago Manu, com cara de quem comeu e não gostou!
Ao
me ver, exclamou; “Andante, você leu o que fizeram comigo?”
—“Parece
que estamos no mesmo barco, amigo velho!” retruquei. “Vejamos o que D. Corina
tem a nos contar... Aliás, estou aqui em busca de teu endereço, pois tu sabes
do meu, e, de vez em quando, me visitas, enquanto só te acho através da Corina!
Agora, a sopa caiu no mel!”
—A
inventividade de algumas pessoas se torna inesperada quando envolve,
irresponsavelmente, outrens, e fatos a eles atribuídos, que causa inveja aos
que vivem de contar histórias, verdadeiras ou não... retrucou Manu!
O
papo parou quando surgiu Tia Corina, toda vistosa, com um sorriso nos lábios,
alegre, como sempre, e nos saudou: “Sejam muito benvindos, caros amigos, mas o
que fazem por aqui, além de me proporcionarem essa bela surpresa?”
—
“Primeiro, Corina, a alegria de te ver e o prazer de tua companhia nos
pertence. Depois, essa não é uma visita, apenas, pra matar saudade, mas pra
encontrarmos uma pista dum tal de Barretinho, mentiroso desajeitado, que mexeu
com quem não conhecia e, agora, merece uns brogues... Mas, o adágio esta
correto, “É mais fácil pegar um mentiroso que um coxo” Pois não é que o
engraçadinho, ao inventar um Fidel que fumava cachimbo, atreveu-se a penetrar
na História Mundial, envolvendo, propositadamente, personagens, todos eles já
mortos, que não poderão, portanto, ser chamados para testemunhar fatos que
nunca aconteceram? Até o suposto cachimbo, que foi quebrado, e o anel dourado
com o nome do Ditador foram tragados pela correnteza de uma proverbial chuva, e
a culpa jogada no Manu, já, ali, considerado um ladrão vaidoso e confesso, mas
meio caduco. Portanto, querida amiga, diga-nos onde encontrar esse difamador,
que abrigastes em tua coluna, pois o Mago e eu não costumamos levar desaforo
pra casa!”
— Então vocês não sabem? Eu não
sou linguaruda, muito menos “dedo duro” !
—
Mas dou-lhes uma dica: procurem o A. J. de O. Monteiro. Em compensação,
publicarei no Brogue esse queixume, que, espero, não se torne um processo
criminal!
—
Obrigado, Tia Corina, voltaremos!
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