domingo, 1 de outubro de 2017

A SOPA CAIU NO MEL...

Manoel Emílio Burlamaqui de Oliveira
                Tia Corina, assim a chamamos, é uma velha senhora, de cuja lucidez , muitos marmanjos têm inveja. Erudita, estudiosa, a idade avançada não lhe tirou o gosto da menina que tinha em Merlin um personagem que povoou a imaginação das crianças e a quem os adultos recorriam para fazê-las dormir sonhando com magias... Penso que foi essa predileção que a tornou uma pensionista das histórias contadas por “sobrinhos”, que lhe “adotaram” como Tia !
                Ao ler um “causo”, que me causou estupefação, sobre um fictício objeto de Fidel Castro, abrigado por ela em seu famoso “Brogue”, não tive pejo em procura-la para explicar-me se havia acreditado numa história tão estapafúrdia...
                Surpresa! Lá, já encontrei, abancado, o Mago Manu, com cara de quem comeu e não gostou!
                Ao me ver, exclamou; “Andante, você leu o que fizeram comigo?”
                —“Parece que estamos no mesmo barco, amigo velho!” retruquei. “Vejamos o que D. Corina tem a nos contar... Aliás, estou aqui em busca de teu endereço, pois tu sabes do meu, e, de vez em quando, me visitas, enquanto só te acho através da Corina! Agora, a sopa caiu no mel!”
                —A inventividade de algumas pessoas se torna inesperada quando envolve, irresponsavelmente, outrens, e fatos a eles atribuídos, que causa inveja aos que vivem de contar histórias, verdadeiras ou não... retrucou Manu!
                O papo parou quando surgiu Tia Corina, toda vistosa, com um sorriso nos lábios, alegre, como sempre, e nos saudou: “Sejam muito benvindos, caros amigos, mas o que fazem por aqui, além de me proporcionarem essa bela surpresa?”
                — “Primeiro, Corina, a alegria de te ver e o prazer de tua companhia nos pertence. Depois, essa não é uma visita, apenas, pra matar saudade, mas pra encontrarmos uma pista dum tal de Barretinho, mentiroso desajeitado, que mexeu com quem não conhecia e, agora, merece uns brogues... Mas, o adágio esta correto, “É mais fácil pegar um mentiroso que um coxo” Pois não é que o engraçadinho, ao inventar um Fidel que fumava cachimbo, atreveu-se a penetrar na História Mundial, envolvendo, propositadamente, personagens, todos eles já mortos, que não poderão, portanto, ser chamados para testemunhar fatos que nunca aconteceram? Até o suposto cachimbo, que foi quebrado, e o anel dourado com o nome do Ditador foram tragados pela correnteza de uma proverbial chuva, e a culpa jogada no Manu, já, ali, considerado um ladrão vaidoso e confesso, mas meio caduco. Portanto, querida amiga, diga-nos onde encontrar esse difamador, que abrigastes em tua coluna, pois o Mago e eu não costumamos levar desaforo pra casa!”
                 — Então vocês não sabem? Eu não sou linguaruda, muito menos “dedo duro” !
                — Mas dou-lhes uma dica: procurem o A. J. de O. Monteiro. Em compensação, publicarei no Brogue esse queixume, que, espero, não se torne um processo criminal!
                — Obrigado, Tia Corina, voltaremos!

Nenhum comentário: