Esta é a Bil |
Simone Lima Monteiro
Certa
noite, estava eu sentado no sofá de minha sala, degustando minha bebida de
relaxamento noturna na companhia de meus devaneios. Olhei pelo corredor do
apartamento e minha esposa vinha em minha direção com as mãos sobre a cabeça e
já balbuciando algo que não pude compreender.
Com
a cara bem intrigada e sem saber ao certo se perguntaria a ela ou não sobre o
que estava se passando. Afinal era o meu momento de tranquilidade após uma
semana inteira de aborrecimentos no trabalho, mas resolvi arriscar:
–
Conte-me logo o que está tirando sua paz minha querida! – Falei com palavras
doces pois sabia muito bem que qualquer demonstração de inquietude de minha
parte resultaria em um seguimento de sermões e não era o que eu queria, claro.
—
A chupeta da Bil sumiu!
Nesse
momento não contive a surpresa e indaguei sem conseguir ter um raciocínio para
a situação:
—
Mas... O que é a Bil? – Dessa vez a cara de surpresa veio de minha esposa, que
não acreditava que eu não sabia QUEM, na verdade, era a Bil.
—
Ora Mais! Como não sabe? Sua filha, que está aos berros, não ouve? De certo
esqueceu que ela não dorme sem chupeta... Agora vá a farmácia e faça o favor de
comprar uma chupeta pra Bil.
Bom
meus queridos leitores e leitoras, o que posso informar é que na mesma hora fui
atrás da chupeta sem, apesar de meus esforços cognitivos, conseguir desvendar o
mistério do surgimento desse apelido para nossa amada filha, pois nem seu nome
nem suas habilidades tão reservadas – a criança ainda era um bebê de poucos
dias – nada tem a ver com esse adorável codinome.
A
criança cresceu, e em algum momento de sua vida ainda curta percebeu o mundo
dos apelidos carinhosos e muitas vezes sem sentido. Dava para ver em seu
rostinho que certas vezes ela tinha pequenas crises de identidade sobre todas
as nomenclaturas que seus parentes e visitantes costumavam a chamar. Contudo
havia um deles que a agradava, além do seu próprio nome; e era aquele com o
qual ela foi presenteada pela mãe desde o seu ventre: BIL.
Nos
dias atuais, minha filha já adulta, seguiu sua vida, mas aquele pedacinho ficou
conosco, sempre tem algo que nos traz de volta à nostalgia, de quando éramos
apenas nós protegendo e educando sobre o mundo, sobre o futuro e idealizando
nossas vidas... Mas uma coisa não mudou, pois até hoje, quando sua mãe a trata
não a chamando de Bil, ainda que use seu nome de certidão, causa-lhe
desconforto e tão logo vem as indagações: Por que não está me chamando de Bil?
Fiz alguma coisa que te desagradou? Pode parar, não gosto quando não sou sua
Bil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário