sábado, 6 de julho de 2019

MAS O QUE É A BIL?!

Esta é a Bil


Simone Lima Monteiro
                Certa noite, estava eu sentado no sofá de minha sala, degustando minha bebida de relaxamento noturna na companhia de meus devaneios. Olhei pelo corredor do apartamento e minha esposa vinha em minha direção com as mãos sobre a cabeça e já balbuciando algo que não pude compreender.
                Com a cara bem intrigada e sem saber ao certo se perguntaria a ela ou não sobre o que estava se passando. Afinal era o meu momento de tranquilidade após uma semana inteira de aborrecimentos no trabalho, mas resolvi arriscar:
                – Conte-me logo o que está tirando sua paz minha querida! – Falei com palavras doces pois sabia muito bem que qualquer demonstração de inquietude de minha parte resultaria em um seguimento de sermões e não era o que eu queria, claro.
                — A chupeta da Bil sumiu!
                Nesse momento não contive a surpresa e indaguei sem conseguir ter um raciocínio para a situação:
                — Mas... O que é a Bil? – Dessa vez a cara de surpresa veio de minha esposa, que não acreditava que eu não sabia QUEM, na verdade, era a Bil.
                — Ora Mais! Como não sabe? Sua filha, que está aos berros, não ouve? De certo esqueceu que ela não dorme sem chupeta... Agora vá a farmácia e faça o favor de comprar uma chupeta pra Bil.
                Bom meus queridos leitores e leitoras, o que posso informar é que na mesma hora fui atrás da chupeta sem, apesar de meus esforços cognitivos, conseguir desvendar o mistério do surgimento desse apelido para nossa amada filha, pois nem seu nome nem suas habilidades tão reservadas – a criança ainda era um bebê de poucos dias – nada tem a ver com esse adorável codinome.
                A criança cresceu, e em algum momento de sua vida ainda curta percebeu o mundo dos apelidos carinhosos e muitas vezes sem sentido. Dava para ver em seu rostinho que certas vezes ela tinha pequenas crises de identidade sobre todas as nomenclaturas que seus parentes e visitantes costumavam a chamar. Contudo havia um deles que a agradava, além do seu próprio nome; e era aquele com o qual ela foi presenteada pela mãe desde o seu ventre: BIL.
                Nos dias atuais, minha filha já adulta, seguiu sua vida, mas aquele pedacinho ficou conosco, sempre tem algo que nos traz de volta à nostalgia, de quando éramos apenas nós protegendo e educando sobre o mundo, sobre o futuro e idealizando nossas vidas... Mas uma coisa não mudou, pois até hoje, quando sua mãe a trata não a chamando de Bil, ainda que use seu nome de certidão, causa-lhe desconforto e tão logo vem as indagações: Por que não está me chamando de Bil? Fiz alguma coisa que te desagradou? Pode parar, não gosto quando não sou sua Bil.

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